Consórcio Nordeste sugere lockdown em Salvador e outras três cidades baianas

Em boletim divulgado nesta sexta-feira (3), comitê centífico do grupo também apontou riscos de 'efeito bumerangue' com interiorização da doença

Por Yuri Abreu
03/07/2020 às 13h31
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Foto: Reprodução/Twitter
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Salvador, Feira de Santana, Itabuna e Teixeira de Freitas. Essas são as quatro cidades do estado as quais o Comitê Científico do Consórcio Nordeste sugeriu, nesta sexta-feira (3), para que adotem o "lockdown", e conter a propagação do novo coronavírus.

Em coletiva virtual, os professores Miguel Nicolelis e Sérgio Rezende, que compõem o Comitê Científico, explicaram que foi identificado um crescimento no número de casos em Salvador, o que, em conjunto com a taxa de ocupação de leitos de UTI para pacientes com a Covid-19, deixa o alerta vermelho ligado.

"Basicamente estudamos Salvador por mais de um mês, seguindo a curva de infectados e a velocidade da ampliação de casos e de óbitos na cidade, assim como a variação da ocupação dos leitos de UTI. Tivemos várias oscilações, as vezes subia para 86%, descia para 80%, caia mais um pouco. Foi se consolidando em torno de 80% e vimos pela análise contínua que havia uma aceleração de casos e uma dinâmica que mostra que pode aumentar", afirmou Nicoelis.

"Fizemos essa recomendação pela primeira vez, essa sugestão para Salvador. Temos crescimento de velocidade no boletim e vimos que Salvador deu uma guinada para cima, a ponto de ter encontrado a curva de Fortaleza, que está em descendente", prosseguiu o especialista.

"O número de casos de Fortaleza era bem maior, mas graças ao lockdown eficiente, houve desaceleração. Salvador está indo em direção oposta, os casos duplicam, em média, a cada 16 dias. Recife desacelerou muito mais, São Luís ainda mais, está dobrando a cada 22, 23 dias. Vimos que a curva de Salvador está em momento crítico. Por isso o aviso nesse momento", completou o Miguel Nicoelis.

Não há razão

Também em entrevista coletiva nesta sexta-feira (3), o prefeito de Salvador, ACM Neto (Democratas) disse que ainda não teve o acesso ao estudo do Consórcio Nordeste, mas destacou que não há motivos para a adoção do "lockdown" na capital baiana.

"Não estou sabendo. Não considero essa recomendação como algo que deva gerar preocupação nessa cidade. As decisões da prefeitura têm sido tomadas por parâmetros científicos e técnicos. Se fizermos abertura antecipada, como eu disse ontem, poderemos explodir o número de casos. Mas o lockdown não depende de uma decisão exclusivamente da prefeitura, a palavra não é minha, a palavra final é do governo do estado. Mas não vejo motivos para lockdown e discordo dessa recomendação", disse Neto.

*Com informações do G1 Bahia.