Cantora Aretuza Lovi lança single e fala de Drag Music e artistas LGBTQ+ da Bahia

"Eu conheci A Travestis, converso com a Nininha Problemática pela Internet, A Ninfeta não conheço pessoalmente, mas de trabalho, acho incrível", disse

Por Jones Araújo
22/06/2020 às 13h46
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Foto: Gabriel Renne
Foto: Gabriel Renne

A cantora drag queen Aretuza Lovi é dona de vários hits, como Joga Bunda, Vagabundo e Arrependida. Na última sexta-feira (19), ela lançou o novo single Dodói, trabalho em parceria com o cantor Thiaguinho MT. A música já está disponível em todas as plataformas digitais e traz uma homenagem de Aretuza Lovi a cidade de Recife. A artista é a personalidade entrevistada no podcast do Muita Informação.

A nova música é uma composição da artista em parceria com o trio Dogz, formado por Pablo Bispo, Ruxell e Sérgio Santos. (Confira aqui).

"É uma música que escrevemos em 2018. Guardamos para um momento especial e eis que esse momento chegou, porque as pessoas estão precisando de amor e queremos falar sobre ele. Só o amor pode curar. Queria fazer algo que homenageasse o nordeste. Conversei com Thiaguinho, rolou uma conexão, ele somou muito, porque não só colocou voz e também uma personalidade", afirma.

A cantora que usa referências brasileiras nas batidas da música, e preza por falar de amor, diz que aproveita o momento de isolamento social para trabalhar muito nas produções musicais e cuidar da mente e corpo. "Estou estruturando projetos que eu tinha vontade de fazer. Tô produzindo meu EP novo e inclusive a música Dodói e I Love You Corote, tem a produção de um produtor da Bahia, o  Noize Men, que veio para somar na minha carreira e ficamos nesse contato direto, produzindo", disse.

 

Crédito: Gabriel Renne

 

Aretuza afirma estar feliz com a aceitação do trabalho dela e a abertura de espaço na televisão brasileira para os artistas LGBTQ+. "Eu já tô nessa estrada há oito anos como drag, fui uma das percussoras do movimento drag music nacional. Já existia o drag music com batidas eletrônicas e vocais que não podemos deixar de citar, mas não existiam drags que faziam musicas com batida pop para todo mundo".

Na entrevista, ela também falou sobre o momento triste na infância, quando viveu a não aceitação do próprio pai em casa. Para a artista, o mês do orgulho LGBTQ+ celebrado em junho é um alerta que a luta é diária. 

"Infelizmente vivemos em uma sociedade muito hipócrita, é o país que mais mata LGBTQ+ é o país que mais consome sexo virtual com transexuais, infelizmente nós precisamos de um mês para ter esse destaque, mas nossa luta é diária. Eu tive uma vivencia muito forte com meu pai, muito triste. Por outro lado, eu passei por isso e me fortaleceu para eu lutar pelos meus, para que as pessoas dessa nova geração não passem por isso, luto para que não sintam na pele o que eu senti".

A Bahia também se tornou um cenário para artistas LGBTQ+, a cantora falou do trabalho de transexuais e drags baianas que enaltecem o empoderamento feminino e da comunidade colorida.

"Eu conheci A Travestis, converso com a Nininha Problemática pela Internet, A Ninfeta não conheço pessoalmente, mas de trabalho, acho incrível. Em várias áreas da música existe o machismo e vem essas meninas com um discurso muito revolucionário. Gosto muito e sempre que posso indico artistas baianos, posto pessoas que gosto de escutar. A Bahia é um estado muito rico culturamente no Nordeste", falou. A artista também falou sobre propostas para um trio elétrico no carnaval de Salvador.

Escute o podcast na íntegra abaixo: