500 dias sem corrupção

Deixem o governo trabalhar em paz. Ele será julgado pelas urnas

Por Claudio Magnavita
19/05/2020 às 22h48
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Foto: Divulgação
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O Governo Bolsonaro completou 500 dias no último fim de semana. Neste período, nenhuma administração esteve sobre o fogo cruzado de parte da mídia como esta administração. É a mesma postura que existiu durante a campanha, em que o bombardeamento tentava evitar a sua vitória. Temos um presidente turrão, polêmico, muitas vezes grosso e várias vezes controverso. Ninguém precisa gostar dele. Vale, nesta avaliação de 500 dias, valorizar algumas coisas que parecem ter saído de moda.

São 500 dias sem nenhuma denúncia grave de corrupção, sem nenhum escândalo envolvendo ministro ou dirigente de estatal preso, pagamento de propina ou de ter um presidente sendo gravado conversando com empresários corruptores na calada da noite.

O ministério é formado por pessoas honestas, alguns até inexperientes e também polêmicos, mas nenhum deles envolvido em negociatas ou uso do dinheiro público em negócios nebulosos.

Será que a honestidade caiu de moda? Será que o legal é uma história que começou lá atrás, com Sergio Motta, nas privatizações de FHC, passando por Lula e parte da equipe da Dilma e um Michel Temer, que teve a sua tropa de choque na cadeia?

Diariamente, o ministro Braga Netto anuncia uma quantidade enorme de ações do governo para enfrentar a pandemia e nenhuma linha é publicada. Nem a estatal EBC divulga como deveria este resumo de fatos que demonstram que temos governo.

O Rio, comandado por um ex-juiz oportunista, que pegou carona na onda conservadora, está afogado em denúncias de corrupção e tem gente morrendo por isso. É isso que queremos?

Não podemos ter vergonha e se deixar contaminar com o bombardeio de uma oposição que se beneficiava ou promovia a corrupção.

Para o Brasil, é melhor ter um presidente truculento que bate boca de forma transparente na porta do Palácio, do que um que recebe o dono da JBS na madrugada, ou pede para Odebrecht reformar sua fundação, ou para a OAS remodelar sua cozinha. Deixem o governo trabalhar em paz. Ele será julgado pelas urnas.

*Claudio Magnavita é diretor de redação do jornal Correio da Manhã.