A chegada do governador da Bahia, Jerônimo Rodrigues (PT), e do prefeito de Salvador, Bruno Reis (União Brasil), ao desfile do 2 de Julho, nesta quarta-feira (2), foi marcada por uma recepção mista de vaias e aplausos. Ambos os gestores foram acompanhados de suas militâncias e aliados políticos, reforçando o clima de polarização que transformou o evento cívico-cultural em palco de disputa simbólica e política entre governo estadual e prefeitura.

Primeiro a chegar, Jerônimo foi recebido com manifestações de apoio e protestos, especialmente de servidores públicos e sindicalistas. Em seguida, Bruno Reis apareceu ao lado do ex-prefeito de Salvador, ACM Neto, vice-presidente nacional do União Brasil, sendo vaiado por opositores e professores da rede municipal que permanecem em greve. As reações distintas do público evidenciaram o uso do 2 de Julho como espaço estratégico para projeções eleitorais, com os principais nomes da política baiana e nacional testando sua popularidade diante da população.

Lula e Jerônimo reforçam palanque em meio a protestos

A participação do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) no desfile do 2 de Julho, ao lado do governador Jerônimo Rodrigues, reforça a tentativa de consolidação do palanque petista na Bahia com vistas à eleição de 2026. Lula irá se juntar ao cortejo por volta das 9h30, na altura do Convento da Soledade, após a passagem dos carros do Caboclo e da Cabocla. Esta é a quarta vez consecutiva que o presidente particiá do evento, reafirmando o peso político da data para o governo federal.

A expectativa é que a presença de Lula ajude a fortalecer o palanque petista no Estado, num momento em que o governo federal enfrenta queda de popularidade e disputas no Congresso Nacional. Jerônimo, por sua vez, busca ampliar seu capital político e consolidar seu nome para a reeleição em 2026, mesmo após episódios de vaias registrados durante o São João em cidades do interior.

Bruno Reis e ACM Neto exibem força política sob protestos de servidores em greve

O prefeito Bruno Reis chegou ao desfile respaldado por uma vitória expressiva nas eleições de 2024, quando foi reeleito no primeiro turno com mais de 78% dos votos válidos. Ele participa do evento ao lado da vice-prefeita Ana Paula Matos (PDT) e do ex-prefeito ACM Neto. A presença deles representa a consolidação do grupo político que se articula para disputar novamente o governo da Bahia em 2026.

Durante o trajeto do cortejo cívico, o prefeito foi alvo de protestos promovidos por professores da rede municipal, organizados pela APLB-Sindicato. Em greve desde junho, os educadores se manifestaram com faixas, cartazes e gritos de ordem ao longo do percurso. Um dos principais gritos entoados pelos manifestantes foi: “Professor na rua! Prefeito, a culpa é sua!”, em crítica direta à gestão municipal.

Apesar do cenário de tensão, Bruno manteve tom institucional nas redes sociais, incentivando a população a participar do desfile e vestir azul, cor tradicionalmente associada ao seu grupo político. A tentativa foi de marcar presença na festa cívica e reforçar sua imagem diante do eleitorado da capital baiana.

ACM Neto, por sua vez, participa do desfile como espaço para retomar protagonismo no cenário estadual, após a derrota para Jerônimo Rodrigues em 2022. Sua participação ao lado de Bruno reforça os sinais de uma possível candidatura ao governo em 2026. Com Salvador como base consolidada, o grupo busca avançar na construção de uma frente estadual de oposição, aproveitando a visibilidade política do 2 de Julho como ponto de partida para as movimentações eleitorais futuras.