União Brasil e PP sinalizam saída do governo Lula, que tenta conter desgaste e manter base unida
As duas siglas estão em processo avançado de unificação partidária por meio da criação da federação “União Progressista”, prevista para ser oficializada ainda em julho

A relação entre o Palácio do Planalto e dois dos principais partidos da base aliada — União Brasil e Progressistas (PP) — atingiu um novo nível de tensão. Nesta semana, lideranças das duas siglas intensificaram os sinais de que devem romper com o governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, o que representaria uma baixa significativa na articulação política do Executivo no Congresso Nacional.
O episódio mais emblemático ocorreu na quarta-feira (11), quando os presidentes das duas legendas usaram o Salão Verde da Câmara para manifestar publicamente oposição à medida provisória (MP) que busca compensar o recuo na alta do Imposto sobre Operações Financeiras (IOF). A fala foi interpretada como uma espécie de “comunicado informal de rompimento”, segundo fontes do Congresso ouvidas pela imprensa.
A insatisfação não é pontual. As duas siglas estão em processo avançado de unificação partidária por meio da criação da federação “União Progressista”, prevista para ser oficializada ainda em julho. A nova composição passará a atuar como uma legenda única a partir das eleições de 2026, com potencial para se tornar uma força política de centro-direita com ampla representatividade no Legislativo.
Governo admite erro na distribuição de ministérios
Com a possível debandada, membros do PT passaram a discutir internamente os erros cometidos na transição de governo. Um dos principais alvos de críticas é a entrega de três ministérios ao União Brasil, ainda em 2023, sem contrapartidas claras de apoio no Congresso. O PP também detém um ministério e, mesmo com cargos de peso na estrutura federal, não tem garantido fidelidade nas votações mais relevantes.
Alguns setores do governo ainda apostam em uma última cartada para segurar os partidos, principalmente parlamentares que demonstram interesse em permanecer ligados à gestão, de olho na viabilidade eleitoral em seus estados. No entanto, a maioria reconhece que a federação entre União Brasil e PP praticamente inviabiliza a permanência no governo, uma vez que o estatuto da nova legenda deve vetar a participação de seus membros em cargos de confiança do Executivo federal.
Davi Alcolumbre vira foco do Planalto para conter crise
Em meio ao racha iminente, o governo Lula tenta preservar o apoio de figuras estratégicas, como o presidente do Senado, Davi Alcolumbre (União-AP). Próximo do núcleo político do Planalto, Alcolumbre tem colaborado com votações de interesse do governo e se tornou um dos principais articuladores da base no Senado.
O senador exerce influência sobre o ministro Waldez Góes (Integração Regional), considerado peça-chave na Esplanada, e recentemente ganhou espaço na Companhia de Desenvolvimento dos Vales do São Francisco e do Parnaíba (Codevasf), além de indicar nomes para agências ligadas ao Ministério de Minas e Energia. O Planalto avalia que manter Alcolumbre por perto pode amenizar o impacto do eventual rompimento coletivo das legendas com o Executivo.
Estatuto da federação será ponto final na aliança com Lula
Durante discurso na quarta-feira, o senador Ciro Nogueira (PI), presidente nacional do PP e aliado declarado do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), afirmou que o estatuto da federação União Progressista está sendo finalizado e terá como primeira cláusula a proibição de integrantes ocuparem cargos no governo federal. O anúncio foi aplaudido por parte da bancada progressista.
Já o presidente do União Brasil, Antônio Rueda, evitou manifestações mais contundentes, mas não fez qualquer gesto para frear a crise. Nos bastidores, lideranças dos dois partidos confirmaram que haviam avisado ao ministro da Fazenda, Fernando Haddad, que se posicionariam contra a MP do IOF, em um gesto deliberado de distanciamento.
Com a federação prestes a ser oficializada, União Brasil e PP devem controlar, juntos, 109 deputados e 13 senadores, o que os tornaria a maior bancada da Câmara e a terceira do Senado. O grupo já ensaia se consolidar como principal força de centro-direita com viés oposicionista, marcando distância de Lula com vistas à eleição de 2026.
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