A primeira-dama Rosângela da Silva, a Janja, se emocionou ao relembrar o apoio prestado pelo papa Francisco ao presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) durante o período em que o petista esteve preso, em Curitiba, entre 2018 e 2019. Em entrevista ao jornal Folha de S.Paulo, publicada nesta última terça-feira (22), Janja destacou que a troca de cartas entre o líder religioso e o ex-presidente foi um alento nos momentos mais difíceis e revelou que Lula ficou profundamente abalado com a morte do pontífice, ocorrida na segunda-feira (21), no Vaticano.

“Ele passou o dia pensativo, como quem perdeu um amigo querido e um companheiro de caminhada”, contou Janja.

Segundo ela, a conexão entre Lula e o papa se intensificou durante o cárcere, especialmente após a morte do neto do ex-presidente, Arthur Araújo Lula da Silva, em 2019, que tinha apenas 7 anos. “Foi um momento muito doloroso. Ele decidiu escrever ao líder espiritual e recebeu uma resposta que teve um impacto muito forte em sua vida”, relatou.

Apoio na prisão

De acordo com a primeira-dama, a carta de Francisco foi essencial para dar forças ao petista e reafirmar a convicção de que estava lutando por justiça. “A mensagem do papa naquela circunstância foi fundamental para ele saber que estava no caminho certo, da busca pelo reconhecimento da inocência”, afirmou Janja.

Janja também se recordou, com emoção, do encontro pessoal que teve com o pontífice em fevereiro deste ano, durante uma audiência no Vaticano. “Um filme passou na minha cabeça, porque aquele encontro foi muito marcante para mim. Ele tinha acabado de sair do hospital, e mesmo assim nos recebeu com muita generosidade e atenção”, disse.

Na ocasião, ela agradeceu ao papa pelas orações feitas em prol da saúde de Lula e o apresentou a Aliança Global Contra a Fome e a Pobreza, lançada no Brasil durante a Cúpula do G-20, no Rio de Janeiro. Para a primeira-dama, Francisco era mais do que uma figura religiosa.

“O mundo perdeu um líder importante, não apenas espiritual, mas político, com uma ação voltada para o bem de todos”.

Lula vai ao funeral com chefes dos Três Poderes

O presidente Lula será acompanhado por líderes dos Três Poderes na viagem ao Vaticano para o funeral do papa Francisco. Segundo a Secretaria de Comunicação Social da Presidência da República, os presidentes do Supremo Tribunal Federal (STF), Luís Roberto Barroso; da Câmara dos Deputados, Hugo Motta (Republicanos-PB); e do Senado, Davi Alcolumbre (União Brasil-AP), integrarão a comitiva oficial.

O embarque está previsto para a noite de quinta-feira (24), por volta das 22h, com retorno ao Brasil no sábado (26), após a cerimônia de despedida. Por causa do funeral, Lula adiou compromissos agendados em Porto Velho (RO) e Parauapebas (PA), previstos para os dias 24 e 25, respectivamente. As novas datas ainda não foram definidas.

Causa da morte e histórico de saúde

De acordo com o laudo médico oficial divulgado pelo Vaticano, o papa Francisco, de 88 anos, morreu em decorrência de um Acidente Vascular Cerebral (AVC), seguido por colapso cardíaco irreversível. O pontífice faleceu às 7h35 (2h35 no horário de Brasília), em sua residência na Casa Santa Marta, no Vaticano.

A certidão médica, assinada por Andrea Arcangeli, diretor do Departamento de Saúde e Higiene da Cidade do Vaticano, indica que o papa sofreu um AVC cerebral, entrou em coma e teve uma parada cardiocirculatória confirmada por eletrocardiograma. O quadro clínico foi agravado por pneumonia bilateral, hipertensão, bronquiectasias, diabetes tipo 2 e infecções pulmonares recentes.

Último evento público e início do velório aberto

A última aparição pública de Francisco foi no domingo de Páscoa, na sacada da Basílica de São Pedro, onde abençoou os fiéis e deixou sua última mensagem ao mundo. O velório público acontece, desde a manhã desta quarta-feira (23), na Basílica de São Pedro, no Vaticano.

A cerimônia teve início às 11h (6h no horário de Brasília), permitindo a entrada de fiéis na basílica e na Praça São Pedro, palco de tantos encontros promovidos pelo pontífice argentino ao longo de seu papado de 12 anos. O pontífice ocupava o cargo desde 2013 e foi o primeiro papa latino-americano da história, além de ser o primeiro jesuíta a comandar a Igreja Católica.