O Ministério das Relações Exteriores (Itamaraty) confirmou, nesta quinta-feira (9), que o ministro Mauro Vieira conversou por telefone com o secretário de Estado dos Estados Unidos, Marco Rubio. O diálogo, considerado “muito positivo” pela chancelaria brasileira, resultou no acordo para a realização de uma reunião presencial em Washington, com o objetivo de negociar questões econômico-comerciais entre os dois países, incluindo o tarifaço imposto pelos Estados Unidos ao Brasil.

A iniciativa representa uma retomada do canal diplomático entre Brasília e Washington e dá sequência à conversa anterior, por videochamada, entre o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) e o presidente americano Donald Trump, ocorrida após o encontro dos dois líderes durante a Assembleia Geral da ONU.

Itamaraty confirma reunião bilateral em Washington

De acordo com o comunicado oficial divulgado pelo Itamaraty, o telefonema entre Vieira e Rubio teve duração de cerca de 15 minutos e serviu para alinhar as agendas e definir a próxima etapa das negociações bilaterais.

“Após diálogo muito positivo sobre a agenda bilateral, acordaram que equipes de ambos os governos manterão reunião proximamente em Washington, em data a ser definida, para dar seguimento ao tratamento das questões econômico-comerciais entre os dois países, conforme definido pelos presidentes”, afirmou o ministério em nota.

Ainda segundo o Itamaraty, Marco Rubio convidou o ministro para integrar a delegação brasileira que viajará aos Estados Unidos, de modo a permitir uma reunião presencial entre os dois chanceleres.

“O secretário de Estado convidou o ministro Mauro Vieira para que integre a delegação, de modo a permitir uma reunião presencial entre ambos, para tratar dos temas prioritários da relação entre o Brasil e os Estados Unidos”, acrescentou o comunicado.

Delegação brasileira será formada por ministros

O governo brasileiro deve enviar a Washington uma comitiva de ministros de alto nível, composta além de Mauro Vieira (Relações Exteriores), o vice-presidente Geraldo Alckmin (PSB) – também ministro do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços – e Fernando Haddad (Fazenda). O encontro é visto como uma oportunidade para discutir a revisão das tarifas comerciais, estimular novos investimentos bilaterais e recompor o diálogo diplomático após um período de distanciamento político.

Fontes do Itamaraty indicam que, embora nenhum tema específico tenha sido tratado durante a ligação entre Vieira e Rubio, a expectativa é de que questões agrícolas, energéticas e de exportação de bens industrializados dominem a pauta.

Lula reforça disposição do Brasil ao diálogo internacional

Mais cedo, em entrevista à Rádio baiana Piatã, antes da inauguração da fábrica BYD, em Camaçari, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) confirmou o contato entre os chanceleres e afirmou que o Brasil busca soluções negociadas.

“Agora começa um outro momento. Ainda ontem o secretário de Estado, Marco Rubio, ligou para o ministro Mauro Vieira. Talvez comece a conversa a partir de agora. Vamos ver se conseguimos nos acertar. O Brasil não quer briga com os EUA, com Bolívia, Uruguai. O Brasil quer paz e amor, queremos crescer e nos desenvolver”, declarou o presidente.

A fala de Lula reforça a estratégia do governo brasileiro de reconstruir pontes diplomáticas e de posicionar o Brasil como um ator cooperativo na política internacional.

Sinal de continuidade e cooperação

A conversa entre Mauro Vieira e Marco Rubio representa um gesto de continuidade no diálogo iniciado entre Lula e Trump, dois presidentes com visões ideológicas distintas, mas que demonstraram interesse em fortalecer o comércio e a cooperação econômica. Durante o telefonema anterior entre os líderes, o republicano destacou a “boa química” que teve com o petista e se comprometeu a manter uma “via direta de comunicação” entre os governos.

Na ocasião, o presidente brasileiro solicitou a revisão do tarifaço, que impactou as exportações nacionais, e sanções impostas a autoridades brasileiras. Com a confirmação da viagem da delegação a Washington, a expectativa é que o Brasil retome protagonismo nas negociações comerciais e avance na construção de uma agenda bilateral mais estável e previsível.