Silvio Almeida anuncia retomada de projetos diz que ‘se o morto levanta, acabou o velório’

O ex-ministro dos Direitos Humanos do governo Lula, Silvio Almeida, anunciou neste sábado (15) que irá retomar seus projetos acadêmicos e de comunicação, incluindo a revisão e publicação de livros, além da reativação de seu canal no YouTube. O ex-ministro comparou sua saída do cargo à tentativa de “matá-lo”, afirmando que “se o morto levanta, acabou o velório”.

Almeida foi exonerado do Ministério dos Direitos Humanos e da Cidadania em outubro do ano passado, após ser acusado de assédio moral e importunação sexual. Atualmente, ele é investigado pela Polícia Federal, e entre as supostas vítimas está a ministra da Igualdade Racial, Anielle Franco, além de três mulheres que foram suas alunas.

Silvio Almeida fala em racismo e tentativa de apagamento

Em sua publicação nas redes sociais, o ex-ministro afirmou que foi vítima de uma tentativa de apagamento e de racismo estrutural. Almeida também alegou que algumas organizações não governamentais (ONGs) pressionaram o governo para prejudicá-lo, motivadas por “disputa política ou ressentimento”.

“Eu estou vivo, continuo indignado e não quero compaixão e nem ‘segunda chance’. Eu quero justiça“, escreveu o ex-ministro. “Tentaram me matar. Mas não deu certo”, completou Almeida.

Além da retomada de seu canal no YouTube, Almeida também anunciou que será lançada uma edição ampliada e revisada de seu livro “Racismo Estrutural”, que havia sido suspensa pela editora Record. Ele também pretende finalizar outra obra, intitulada “Estado, Direito e Raça no Pensamento Social Brasileiro”.

Investigação e depoimentos das supostas vítimas

Em outubro, Anielle Franco prestou depoimento à Polícia Federal e afirmou ter sido vítima de importunação sexual por parte de Almeida. No mesmo mês, a professora Isabel Rodrigues também foi ouvida pela PF e relatou ter sido assediada sexualmente pelo ex-ministro em 2019. Após a conclusão das investigações, o caso será julgado pelo Supremo Tribunal Federal (STF).

Desde o início das denúncias, Almeida negou qualquer irregularidade. Em nota divulgada em setembro, afirmou que todas as acusações devem ser investigadas, mas classificou as denúncias como “mentiras” e cobrou provas concretas.

“Repudio tais acusações com a força do amor e do respeito que tenho pela minha esposa e pela minha amada filha de 1 ano de idade, em meio à luta que travo, diariamente, em favor dos direitos humanos e da cidadania neste país”, declarou.

Macaé Evaristo assume o Ministério dos Direitos Humanos

Com a saída de Almeida, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) anunciou a nomeação da deputada estadual Macaé Evaristo (PT-MG) para assumir o Ministério dos Direitos Humanos e da Cidadania. A nomeação foi publicada em edição extra do Diário Oficial da União (DOU) nesta segunda-feira (9).

“Hoje convidei a deputada estadual Macaé Evaristo para assumir o Ministério dos Direitos Humanos e da Cidadania. Ela aceitou. Assinarei em breve sua nomeação. Seja bem-vinda e um ótimo trabalho”, escreveu Lula em suas redes sociais.

A pasta estava sob comando interino da ministra da Gestão e Inovação em Serviços Públicos, Esther Dweck, desde a exoneração de Almeida.

Quem é Macaé Evaristo?

Macaé Evaristo tem formação em Serviço Social, mestrado em Educação e é doutoranda na mesma área pela Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG). Professora da Rede Municipal de Educação de Belo Horizonte, já atuou como coordenadora pedagógica e diretora de escolas públicas.

Entre 1997 e 2003, coordenou o Programa de Implantação de Escolas Indígenas de Minas Gerais e lecionou no Curso de Magistério Intercultural Indígena. Entre 2004 e 2012, foi secretária municipal de Educação de Belo Horizonte e gerente de Coordenação da Política Pedagógica. De 2015 a 2018, exerceu o cargo de secretária de Educação de Minas Gerais.

Além disso, Macaé também foi secretária de Alfabetização, Diversidade e Inclusão no Ministério da Educação (MEC).