Presa na Itália desde julho, a deputada federal Carla Zambelli (PL-SP) recebeu, nesta sexta-feira (19), a visita dos senadores Flávio Bolsonaro (PL-RJ), Damares Alves (Republicanos-DF), Eduardo Girão (Novo-CE) e Magno Malta (PL-ES). O encontro ocorreu no Complexo Penitenciário de Rebibbia, em Roma, onde a parlamentar está detida durante o processo de extradição solicitado pelo governo brasileiro.

Nas redes sociais, os senadores publicaram vídeos relatando que Zambelli demonstrou tristeza e saudades da família, além da sensação de abandono. Eles destacaram ainda que a viagem foi custeada por recursos próprios, sem despesas para o Senado Federal. O grupo retorna ao Brasil no domingo (21).

“Ouvimos as coisas, coisa de presídio é presídio, e quando você está num presídio, não é bom, né? Choramos junto, falamos junto da palavra de Deus e falamos de esperança”, disse o senador Magno Malta.

Parlamentares acompanham processo na Itália

Os congressistas estavam acompanhados pelo advogado Fábio Pagnozzi, responsável pela defesa da deputada, e pelo marido de Zambelli, o coronel Aginaldo de Oliveira, que fará nova visita no sábado (20). O grupo informou que também pretende se reunir com parlamentares italianos para promover interlocução com autoridades locais e defender que a deputada possa aguardar em liberdade o andamento do processo.

A senadora Damares Alves relatou que a visita foi marcada pela emoção diante da situação de Zambelli. “Ela, nas condições em que está, uma mulher doente, enferma, longe do filho, longe do pai, longe da mãe. Mas a esperança hoje, no coração da Carla, reacendeu. Brasil, continue orando por ela”, afirmou.

Já o senador Eduardo Girão classificou a prisão como “uma caçada implacável com o dinheiro do povo” e criticou os gastos do governo brasileiro com advogados no exterior para acompanhar o caso. Flávio Bolsonaro, por sua vez, não se manifestou, mas participou da visita e das gravações.

Justiça italiana mantém prisão de Zambelli

No dia 28 de agosto, a Justiça italiana decidiu manter a prisão preventiva de Carla Zambelli durante o processo de extradição. A defesa havia pedido que ela aguardasse em liberdade, alegando problemas de saúde, mas o pedido foi negado. O processo pode se estender por até dois anos, período em que a deputada deve continuar detida em Roma.

O advogado Fábio Pagnozzi afirmou que a decisão foi marcada por “viés político” e anunciou que recorrerá à Suprema Corte italiana. “O governo brasileiro vem forçando muito as autoridades para que esse processo da Carla seja mais rápido, mais doloroso, porém acreditamos muito na Corte Superior da Itália, onde vão aceitar os fundamentos da defesa”, declarou.

Segundo o tribunal, os riscos de fuga e a gravidade das condenações brasileiras justificam a manutenção da prisão preventiva. A defesa aposta que o recurso pode reverter a decisão e insiste em questões de saúde e supostas violações de direitos humanos como base para o pedido.

Condenações no Brasil e tramitação do mandato

No Brasil, Carla Zambelli acumula duas condenações no Supremo Tribunal Federal (STF). A primeira, em maio, envolveu a acusação de coordenar a invasão dos sistemas do Conselho Nacional de Justiça (CNJ) junto ao hacker Walter Delgatti Neto, resultando em um mandado de prisão falso contra o ministro Alexandre de Moraes. Após a decisão, a deputada deixou o país e permaneceu foragida até ser presa em Roma.

Já detida na Itália, Zambelli foi condenada novamente, desta vez a 5 anos e 3 meses de prisão por porte ilegal de arma de fogo e constrangimento ilegal. O caso ocorreu na véspera do segundo turno das eleições de 2022, quando a parlamentar perseguiu o jornalista Luan Araújo em São Paulo, no bairro Jardins, portando uma arma de fogo.

Enquanto isso, na Câmara dos Deputados, o processo de cassação do mandato segue em fase de instrução. A decisão deve considerar as condenações já impostas pelo STF e a repercussão do processo de extradição em andamento.