A maioria da população brasileira considera que a violência e a segurança pública devem ser tratadas como problemas de abrangência nacional, segundo aponta a pesquisa Genial/Quaest, divulgada nesta quinta-feira (1º). Para 70% dos entrevistados, o enfrentamento à criminalidade exige uma atuação conjunta entre União e estados.

Outros 26% avaliam que o tema é de responsabilidade regional e 4% não souberam ou não quiseram responder. A pesquisa foi realizada entre os dias 27 e 31 de março com 2.004 pessoas em todo o país.

Percepção de responsabilidade

A percepção de responsabilidade sobre a segurança pública é ainda mais clara quando se trata da divisão de competências: 85% acreditam que os governos federal e estaduais devem atuar de forma integrada. Apenas 9% veem o tema como atribuição exclusiva dos governos estaduais, enquanto 6% não souberam ou preferiram não responder.

A atuação do governo federal no setor é criticada por uma parcela significativa da população. Segundo o levantamento, 38% classificam a gestão de Luiz Inácio Lula da Silva (PT) na segurança pública como negativa. Outros 25% consideram a atuação positiva e 32% avaliam como regular. Já 5% não souberam ou não quiseram opinar.

Governos estaduais são melhor avaliados que União

A avaliação dos governos estaduais é ligeiramente mais positiva. Para 36% dos entrevistados, as gestões estaduais têm desempenho satisfatório no combate à violência. Outros 29% consideram a atuação regular e 28% veem a gestão como negativa. O índice de não resposta nesse caso é de 7%.

Como resposta à cobrança por melhorias, o presidente Lula (PT) encaminhou ao Congresso Nacional, no último dia 23 de abril, a Proposta de Emenda à Constituição (PEC) 18/25. A medida propõe uma reformulação da segurança pública, com foco na ampliação da integração e coordenação entre os entes federativos e os órgãos envolvidos na área. A proposta ainda aguarda início da tramitação.

Cidades

A percepção da população sobre a violência nas cidades também preocupa. Quase metade dos entrevistados (47%) afirma que houve aumento da criminalidade nos últimos 12 meses em seus municípios. Para 36%, o cenário permaneceu estável e apenas 15% apontam redução dos índices de violência. Outros 2% não souberam ou preferiram não responder.

Vivência com crimes e crítica à legislação penal predominam

O estudo ainda revela que o crime faz parte da rotina de muitos brasileiros. Cerca de 20% dos entrevistados disseram conhecer algumas pessoas que foram assaltadas ou furtadas no último ano. Outros 13% conhecem muitas vítimas e 9% indicaram conhecer uma só pessoa nessa situação. A maioria, 58%, afirmou não conhecer ninguém que tenha sido vítima de roubo ou furto no período.

A descrença na efetividade da legislação penal também aparece de forma expressiva. Segundo a pesquisa, 86% dos entrevistados concordam com a afirmação de que “a polícia prende bandido, mas a Justiça solta porque a legislação é fraca”. Apenas 11% discordam, 1% não concorda nem discorda e 2% não souberam ou não quiseram responder.

Outro ponto sensível na discussão sobre segurança pública é o papel da guarda municipal. Para 54% dos entrevistados, armar os agentes municipais contribui para a redução da criminalidade. Em contrapartida, 43% consideram que a medida não traz resultados efetivos, enquanto 3% não souberam ou não quiseram responder.

Confiança na repressão e expectativa por reformas

Com margem de erro de dois pontos percentuais para mais ou para menos e nível de confiança de 95%, o levantamento indica que o debate sobre segurança pública permanece no centro das preocupações da sociedade. A aprovação de propostas como a PEC 18/25 e a implementação de políticas mais coordenadas entre os entes federativos devem ser acompanhadas com atenção. Os dados revelam que o sentimento de insegurança ainda predomina e que há uma expectativa clara por respostas mais rápidas e efetivas por parte do poder público.