O influenciador digital e ex-participante de ‘A Fazenda’, Rico Melquiades mostrou aos senadores da CPI das Bets, nesta quarta-feira (14), como apostar no ‘Jogo do Tigrinho’. A iniciativa partiu dos senadores, que buscavam entender o funcionamento da plataforma de apostas promovida por influenciadores nas redes sociais. Na rodada exibida, Rico perdeu sete jogadas e venceu a última, acumulando R$ 120 de lucro. As informações são do G1.

Aposta ao vivo

A dinâmica foi acompanhada presencialmente pelos parlamentares da comissão, como a senadora Soraya Thronicke (Podemos-MS), que solicitou a demonstração diretamente. “Eu gostaria de ver o senhor entrando na plataforma, pelo menos para nós três, senadores, logando no seu celular. Eu gostaria de ver“, disse. Após o pedido, Rico compartilhou que tinha R$ 1.060 depositados na conta da plataforma.

A relatora ainda questionou se ele costumava postar apenas vitórias nas redes. “Vocês ontem fizeram isso? Pediram para Virginia [Fonseca] jogar?“, questionou Rico, que decidiu atender ao pedido. Depois de obter lucro em uma das jogadas, recusou-se a continuar.

“Eu ganhei 120 reais. Aí, eu paro ou eu continuo. E o que eu vou fazer? Eu paro a rodada. Pronto. Eu não quero mais jogar. [Se eu jogar], vou estar induzindo ao pessoal a jogar“.

Confira o momento:

Ver essa foto no Instagram

Uma publicação compartilhada por Muita Informação (@portalmuitainformacao)

Investigação sobre contratos e ganhos

Durante a sessão, os senadores buscaram esclarecer se os contratos entre influenciadores e casas de apostas incluíam a chamada “cláusula da desgraça“, em que o influenciador recebe valores proporcionais às perdas dos seguidores. Uma decisão do ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal, garantiu a Rico o direito de não responder perguntas que pudessem incriminá-lo.

A transmissão ao vivo pela TV Senado mostrou o momento em que parlamentares se aglomeraram para observar o influenciador jogando. Soraya Thronicke insistiu para que ele participasse de outra rodada, mas Rico recusou novamente. “Gente, eu fiz o ganho e não quero mais jogar“.

O senador Izalci Lucas (PL-DF) questionou Rico sobre os R$ 5,7 milhões bloqueados pela Justiça na Operação Game Over 2. Os bens foram liberados após o pagamento de multa de R$ 1 milhão.

“Meu dinheiro não é só de bets. Antes disso, participei de um reality show, o ‘A Fazenda 13’, que eu venci e ganhei R$ 1,5 milhão. Também fiz várias publicidades depois do programa“, respondeu.

Renda publicitária e investigações paralelas

Rico afirmou que sua renda se originou majoritariamente de campanhas publicitárias, impulsionadas por sua visibilidade após o reality. “A audiência foi grande, e com isso fechei muitas campanhas. O valor bloqueado era fruto desse trabalho, não apenas de apostas“, destacou.

A CPI também tenta notificar a advogada e ex-BBB Adélia de Jesus Soares, que representa a influenciadora Deolane Bezerra. Após faltar à primeira convocação, Adélia pode ser alvo de condução coercitiva, conforme autorização da Justiça Federal de São Paulo.

“A minha ansiedade passa quando eu jogo, mas, aqui, vocês estão me deixando nervoso“, afirmou Rico durante a sessão. Os senadores destacaram que ele prestava depoimento como testemunha e não era investigado, apesar da obrigatoriedade de comparecimento.

Ligações financeiras e movimentações suspeitas

Durante a sessão, Soraya Thronicke declarou que “investigações da Polícia Civil do Distrito Federal apontaram que essa empresa (de Adélia) teria sido utilizada como fachada para movimentações financeiras irregulares e lavagem de dinheiro vinculadas a jogos de azar“.

Ainda segundo a parlamentar, “há indícios de que a Payflow teria operado em desacordo com normas do Banco Central e teria ligação com uma sociedade sediada nas Ilhas Virgens Britânicas“.

Outro convocado à CPI é Giliard Vidal, filho de Deolane Bezerra. “Além da presença obrigatória de Giliard na condição de testemunha, os senadores aprovaram o pedido de relatório de inteligência financeira sobre o influenciador“, informa a convocação oficial.