Relatório da PF aponta Jair Bolsonaro como líder de tentativa de golpe e revela recursos transferidos

O relatório da Polícia Federal (PF) entregue ao Supremo Tribunal Federal (STF) na quinta-feira (21) indicia 37 pessoas por crimes como golpe de Estado, abolição violenta do Estado Democrático de Direito e organização criminosa. O documento revela que a viagem do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) aos Estados Unidos, ocorrida na véspera de seu afastamento do cargo, estava relacionada à tentativa golpista. Segundo informações da CNN Brasil, o objetivo de Bolsonaro era esperar no exterior a possível execução do golpe para evitar responsabilidades diretas.

O relatório aponta ainda que o ex-presidente teria transferido recursos financeiros do Brasil para os EUA, com o intuito de driblar decisões judiciais que pudessem congelar suas contas em caso de uma resposta do Judiciário.

A PF também destaca que Bolsonaro teve uma participação ativa nos diversos núcleos da organização criminosa envolvida, sendo o líder principal dessa articulação. O objetivo do grupo seria manter Bolsonaro no poder, conforme consta no documento.

Bolsonaro deixou o Brasil no dia 28 de dezembro de 2022, três dias antes de seu mandato terminar, após a derrota nas eleições presidenciais para Luiz Inácio Lula da Silva (PT). A intenção de Bolsonaro foi se isolar no exterior, mas, onze dias depois de sua saída, a capital federal foi palco da tentativa de golpe de bolsonaristas radicais, com a invasão e depredação da Praça dos Três Poderes, em 8 de janeiro de 2023.

O ex-presidente já negou em outras ocasiões qualquer envolvimento ou consentimento com a tentativa de ruptura democrática. Após ser indiciado, Bolsonaro reagiu pelas redes sociais, afirmando que não poderia esperar algo diferente de uma “equipe que usa criatividade” para denunciá-lo. Ele também atacou o ministro Alexandre de Moraes, do STF, responsável pelo inquérito.

Bolsonaro compartilhou, em sua conta no X (antigo Twitter), uma entrevista concedida a Paulo Cappelli, do site Metrópoles, onde criticou o relator do inquérito, acusando-o de “ajustar depoimentos, prender sem denúncia e fazer pesca probatória”. Ele afirmou que Moraes agiria de forma contrária à lei.

Em resposta ao indiciamento, Bolsonaro declarou que aguardaria a orientação de seu advogado para entender o que significava o relatório e qual seria o encaminhamento do caso. O relatório será agora encaminhado à Procuradoria-Geral da República (PGR) para análise.