O Partido dos Trabalhadores (PT) promove, neste domingo (6), uma eleição interna fundamental, com cerca de 3 milhões de filiados habilitados a escolher seus novos dirigentes nos níveis nacional, estadual e municipal. A disputa definirá um presidente para suceder o senador Humberto Costa, que comanda a legenda interinamente desde março deste ano. Enquanto na Bahia, cinco candidatos disputam vaga para substituir Éden Valadares.

Nacional – quem assume PT após interino Humberto Costa?

Desde março, o senador Humberto Costa (PE) ocupa a presidência nacional interinamente, assumindo após a saída de Gleisi Hoffmann, que se tornou ministra-chefe da Secretaria de Relações Institucionais do governo Lula. Costa foi eleito por aclamação pela Executiva e nomeado para organizar o partido até as eleições internas em julho.

No pleito deste domingo, quatro candidatos disputam o comando nacional:

Ulisses Edinho Silva (CNB – Construindo um Novo Brasil)

• Ex-prefeito de Araraquara (SP), ex-ministro no governo Dilma e estreito aliado de Lula.
• Representa a tendência majoritária CNB, defendendo modernização, ampliação de diálogo político e aproximação com bases sociais.
• Enfatiza que a prioridade imediata deve ser organizar o PT para a reeleição de Lula em 2026.

Rui Falcão (Novo Rumo)

• Deputado federal e ex-presidente nacional da legenda.
• Defende retomada de perfil de força popular, mobilização de ruas e reforço ideológico da ala esquerda.

Romênio Pereira (Movimento PT)

• Atual secretário de Relações Internacionais do PT.
• Propõe reaproximação do partido com juventude, territórios e plataformas digitais, além de movimentos sociais.

Valter Pomar (Articulação de Esquerda)

• Militante antigo, ex-vice-presidente do PT.
• Defende postura socialista, enfrentamento direto à direita e clareza nas alianças eleitorais.

A votação nacional ocorre por urna de papel e apuração manual. Os votos serão contabilizados no diretório nacional, e o resultado deve ser divulgado na segunda-feira (7). O eleito assume oficialmente em agosto, durante o encontro nacional, sucedendo Humberto Costa.

Disputa na Bahia – cinco nomes disputam comando estadual

Na Bahia, o processo eleitoral envolve 381 municípios e registra 480 chapas municipais e 63 zonais. Os cinco candidatos buscam suceder Éden Valadares na presidência estadual do PT Bahia.

Gabriel Cavalcante

• Representa a juventude petista e movimentos populares.
• Foca em revitalização dos núcleos de base e inserção do partido nas periferias.

Jonas Paulo

• Ex-presidente do PT Bahia e articulador histórico.
• Defende unidade, retomada de protagonismo político e articulação entre gerações.

Paulo Riela

• Atual secretário de Finanças do partido.
• Propõe gestão técnica-profissional e transparência financeira, com atenção ao fortalecimento das bases municipais.

Rodrigo Pereira

• Núcleo forte entre sindicalistas e interior do Estado.
• Prioriza a interiorização da atuação do partido e políticas voltadas ao campo e à agricultura familiar.

Tássio Brito

• Militante da esquerda e do movimento estudantil.
• Defende projeto combativo, protagonismo juvenil e alinhamento com pautas sociais e ambientais.

Votação em números

O Processo de Eleição Direta (PED) acontece neste domingo, das 9h às 17h, com votação presencial em urnas de papel. A apuração será manual. Na Bahia, o pleito envolve 381 cidades, com 480 chapas municipais e 63 zonais disputando vagas nos diretórios locais.

Comando estadual

A realização do PED em 381 municípios reforça a capilaridade do PT na Bahia, que acumula cinco vitórias consecutivas para o governo estadual. Para o atual presidente do partido, Éden Valadares, o cenário é reflexo da estrutura sólida construída ao longo dos últimos anos.

“São cinco vitórias seguidas para governador, lideramos em número de prefeituras e trabalhamos para fazer um PED histórico”, afirmou Valadares.

O dirigente partidário também destacou o avanço na organização do partido desde o último processo eleitoral interno. “Fui eleito com a participação direta de mais de 32 mil companheiros e companheiras. Uma grande honra. Mas este ano queremos bater recorde de participação e fazer o maior PED da nossa história”.

Em comparação com 2019, quando o PT baiano possuía 240 diretórios municipais registrados, o crescimento é significativo. Segundo a direção estadual, o objetivo é consolidar o PT como uma das siglas mais organizadas do país.

“Naquela época, tínhamos 240 diretórios municipais registrados. Hoje, são mais de 380 cidades envolvidas neste processo. Isso mostra o crescimento e a força do partido na Bahia”, celebrou.

De acordo com o secretário de Organização do PT Bahia, Osmar Galdino (Jojó), o PED deve ser o maior da história do partido no Estado. “Estamos com forte mobilização em todos os territórios. Acreditamos que o PT sairá mais forte, mais organizado e pronto para 2026.”

Resultados e próximos passos

A apuração começa logo após o encerramento das urnas. Os resultados parciais começarão a ser divulgados nesta segunda-feira (7), com coletiva marcada às 16h na sede do PT Bahia, em Salvador, com participação do atual presidente estadual, Éden Valadares. O resultado oficial está previsto para terça-feira (8).

Preparação para 2026: o que está em jogo

Além da sucessão interna, o PED 2025 define o rumo estratégico do partido para os próximos anos. Os novos dirigentes nacionais e estaduais terão a missão de coordenar a reeleição de Lula, consolidar alianças estaduais e reorganizar o partido frente a um cenário político cada vez mais polarizado.

A disputa interna, embora entre correntes e tendências do próprio PT, é considerada fundamental para reposicionar o partido como protagonista nacional e reconectar suas bases com a sociedade brasileira.

Contexto – por que essa eleição é decisiva para 2026?

1. Sucessão nacional – o novo presidente precisará unificar o partido, articular em torno da reeleição de Lula e responder à pressão das alas internas com visões centristas e de esquerda.
2. Reorganização estadual – o PT Bahia, reduto histórico da legenda, precisa se renovar para sustentar a candidatura do governador Jerônimo Rodrigues e contribuir na base social para Lula.
3. Reflexão ideológica – o partido avalia como equilibrar legado histórico de mobilização social com a necessidade de dialogar com novos segmentos, incluindo a classe média e a sociedade digital.

A escolha dos novos presidentes nacional e estadual abre um novo capítulo no PT: de um lado, há o desafio de consolidar estruturas para 2026; de outro, a exigência de reconectar-se com toda a base social e territorial, em um Brasil com cenários políticos intensamente polarizados.