O PSDB decidiu encerrar as negociações de incorporação com o Podemos após divergência sobre a presidência do novo partido. A decisão foi anunciada nesta sexta-feira (13), pelo deputado federal Aécio Neves (PSDB-MG) e confirmada por Marconi Perillo, presidente nacional da legenda tucana. Como mostrado pelo Portal M!, a incorporação havia sido autorizada por ampla maioria da Executiva Nacional do PSDB na última quinta-feira (5), com 201 votos favoráveis e apenas dois contrários.

O motivo do recuo foi a exigência do Podemos pela presidência exclusiva da nova sigla, com mandato de quatro anos para a deputada federal Renata Abreu (Podemos-SP). A condição foi apresentada em uma reunião realizada na quarta-feira (11).

“É uma exigência que não estava nem sendo cogitada e para nós, é intransponível”, afirmou Aécio.

Segundo o deputado, a proposta original do PSDB era a criação de um sistema de rodízio na presidência com alternância a cada seis meses, depois anual, até eleições internas em 2028.

Aécio acrescentou que, após a negativa, o PSDB retomou conversas com Republicanos, Solidariedade e MDB, com foco em uma possível federação partidária.

“Nós agradecemos, dissemos que nesse tempo [de mandato] não dá e imediatamente retomamos conversas sobre federação com Republicanos, Solidariedade e o MDB”.

Perillo também confirmou o fim das tratativas, destacando que a discordância no comando inviabilizou a continuidade. “Por outro lado, seguimos insistindo na ideia de construir uma plataforma política que agrupe o Centro Democrático e apresente ao país uma alternativa de poder”.

Podemos defende presidência com base em maior bancada

Uma fonte próxima ao Podemos justificou a exigência alegando que a legenda possui maior representatividade no Congresso Nacional. Atualmente, o partido conta com 15 deputados federais e quatro senadores, e espera filiar mais dois parlamentares. O PSDB tem 13 deputados e três senadores.

Apesar de ser apresentada como uma fusão, a operação era tratada nos bastidores como incorporação do Podemos ao PSDB, que mantém federação com o Cidadania. Para formalizar a união, seria necessário o aval da legenda federada.

A tentativa de união ocorre em quadro de afunilamento partidário no Brasil forçado pela cláusula de barreira e um processo de esvaziamento do PSDB. Os tucanos perderam a influência nacional que exerciam nas décadas passadas, viram a bancada federal definhar nos últimos anos e podem ficar sem governadores eleitos Eduardo Riedel (PSDB-MS) negocia a sua filiação ao PP ou ao PSD, na esteira dos governadores do Rio Grande do Sul, Eduardo Leite (PSD), e de Pernambuco, Raquel Lyra (PSD), que deixaram o PSDB recentemente.

PSDB aprovou incorporação em 5 de junho

O PSDB aprovou, no dia 5 de junho, a incorporação com o Podemos, em votação realizada pela Executiva Nacional. A medida tinha o objetivo de ampliar a relevância da legenda no cenário político e garantir o cumprimento da cláusula de desempenho nas próximas eleições. A proposta foi aprovada por 201 votos a 2 e autorizou a negociação de um novo estatuto e programa partidário conjunto.

Apesar da formalização do processo, não havia consenso sobre a presidência da nova sigla. O Podemos, que atualmente possui maior representatividade, defende o nome da deputada Renata Abreu (Podemos-SP) para o comando. Já os tucanos propõem um rodízio na liderança, com alternância a cada seis meses até as eleições municipais.