O PSDB aprovou, nesta quinta-feira (5), a incorporação com o Podemos, em votação realizada pela Executiva Nacional. A medida visa ampliar a relevância da legenda no cenário político e garantir o cumprimento da cláusula de desempenho nas próximas eleições. A proposta foi aprovada por 201 votos a 2 e autoriza a negociação de um novo estatuto e programa partidário conjunto.

Apesar da formalização do processo, ainda não há consenso sobre a presidência da nova sigla. O Podemos, que atualmente possui maior representatividade, defende o nome da deputada Renata Abreu (Podemos-SP) para o comando. Já os tucanos propõem um rodízio na liderança, com alternância a cada seis meses até as eleições municipais.

A aproximação entre as siglas foi antecipada pela Coluna Vixe em 30 de abril, após o fracasso nas negociações entre PSDB e PSD.

A incorporação tem como objetivo principal a superação da chamada cláusula de barreira. De acordo com a regra eleitoral, para que partidos possam ter acesso aos recursos do Fundo Partidário — verbas para a manutenção mensal de cada agremiação — e ao tempo de TV e rádio.

Para tanto, nas eleições de 2026, quando serão realizadas as próximas eleições nacionais, cada sigla precisará conquistar 2,5% dos votos válidos em todo o território nacional — sendo 1,5% distribuídos por nove estados ou mais — ou eleger um mínimo de treze deputados por nove unidades da federação. Atualmente, o PSDB tem treze deputados federais e três senadores e o Podemos, quinze deputados e quatro senadores.

Negociações internas e nome provisório da nova legenda

Os termos finais da incorporação serão discutidos ao longo do próximo mês, incluindo a definição do novo estatuto e do programa partidário. A expectativa das direções é protocolar o pedido de união no Tribunal Superior Eleitoral (TSE) em julho, com previsão de homologação entre setembro e outubro. Após essa etapa, os dirigentes pretendem dialogar com outras legendas para viabilizar uma federação, incluindo o Solidariedade.

A unificação, embora simbólica, ocorrerá juridicamente como uma incorporação do Podemos pelo PSDB. O objetivo é evitar penalidades legais pela dissolução prematura da federação que o Podemos mantém com o Cidadania. Inicialmente, a legenda será chamada de PSDB+Podemos, e o nome definitivo será definido após pesquisas e consulta aos filiados.

Sem um nome consolidado para disputar a Presidência da República, o novo partido busca se reestruturar para as eleições. O nome mais cogitado era o do governador do Rio Grande do Sul, Eduardo Leite, que se desfiliou do PSDB em maio para ingressar no PSD. Apesar disso, Leite mantém discurso de que pode disputar o Planalto futuramente.

Presidente do Podemos celebra fusão partidária

Em nota oficial, a presidente do Podemos, deputada Renata Abreu, comentou o avanço nas negociações com o PSDB. “O Podemos recebe com entusiasmo a decisão da Executiva Nacional do PSDB de autorizar oficialmente o início das discussões sobre a fusão entre os partidos”.

Renata Abreu afirmou que o processo tem sido conduzido com “diálogo, respeito mútuo e pela busca de uma alternativa sólida para o Brasil”. A parlamentar reforçou que o objetivo da união é fortalecer o campo do centro democrático, com foco na estabilidade institucional e no desenvolvimento sustentável.

“O Podemos reafirma seu compromisso com a construção dessa convergência. Acreditamos que a soma de forças entre nossas siglas representa não apenas o crescimento de nossas estruturas, mas, principalmente, a união de propósitos e valores que colocam o interesse público acima de disputas ideológicas e extremismos”, declarou a deputada.

Ela concluiu a nota ressaltando que o partido continuará em diálogo com suas bases e aprimorando propostas que atendam às demandas do país.

“O Podemos seguirá trabalhando, ouvindo nossas bases, alinhando ideias para consolidar uma proposta partidária que responda aos desafios do Brasil com propostas equilibradas, responsáveis e olhando para o futuro”.

Carlos Muniz celebra incorporação entre PSDB e Podemos

O presidente da Câmara Municipal de Salvador, Carlos Muniz, também participou da convenção e afirmou que, antes da decisão, foram realizadas diversas conversas. Segundo ele, foi discutido entre as reuniões a conjuntura política do país e como a legenda vai caminhar no pleito de 2026.

“O Brasil precisa cada vez mais de diálogo em prol da qualidade de vida da sua população e de menos polaridade. E o PSDB tem um papel importante na história da redemocratização do Brasil“, disse.

Coluna Vixe! antecipou movimentações

A incorporação entre o PSDB e o Podemos foi antecipada pela Coluna Vixe! do dia 30 de abril. Na ocasião, foi repercutida o fracasso da negociação com o PSD, e a aprovação, no dia anterior, do início do processo de fusão com o Podemos. A decisão, tomada por unanimidade pelos 38 votantes, marcou um novo capítulo na tentativa de reconstrução da sigla, que enfrenta risco de extinção por não cumprir os critérios da cláusula de barreira.

Até a chegada de Bolsonaro ao poder, o PSDB era o partido que fazia frente ao Partido dos Trabalhadores, espaço perdido com a ascensão do Bolsonarismo. A intenção é criar uma alternativa de centro-direita, afastada dos extremos e da polarização, com foco na retomada do desenvolvimento do país.

Resistência na Bahia

Outro ponto trazido pela Coluna foi a repercussão da incorporação na Bahia, já que os tucanos fazem parte do bloco da oposição e o Podemos integra o governo do PT. Oficialmente ninguém falou sobre o assunto, mas o que se diz nos bastidores é que o novo partido ficará com um pé lá e outro cá, ou seja, o Podemos apoiando o governador Jerônimo Rodrigues (PT) e o PSDB aliado do prefeito Bruno Reis (União Brasil) e do ex-prefeito ACM Neto (União Brasil). Resta saber também como essa divisão impactará sobre a eleição de 2026.