O prefeito Bruno Reis (União Brasil) voltou a criticar a paralisação dos rodoviários de Salvador, realizada na manhã desta quarta-feira (30), que interrompeu a saída dos ônibus das garagens entre 4h e 8h, afetando diretamente a rotina de milhares de soteropolitanos. Para o gestor, a população não pode ser refém de um impasse entre trabalhadores e empresários, especialmente em um momento em que o sistema de transporte já enfrenta dificuldades. Diante do risco de agravamento da crise, Bruno voltou a defender a intermediação da prefeitura nas negociações, como já ocorreu em anos anteriores, para evitar uma greve geral.

A mobilização integra a campanha salarial da categoria e tem como pano de fundo a falta de avanços nas negociações e o descumprimento da convenção coletiva, segundo o sindicato. No último dia 10, uma manifestação surpresa na Estação da Lapa já havia causado transtornos, com congestionamentos e passageiros andando a pé até o terminal.

Ainda em entrevista ao Portal M!, o prefeito condenou os recentes atos de vandalismo em espaços públicos de Salvador, como o ataque à Pedra de Xangô, em Cajazeiras, e às esculturas das Gordinhas de Ondina. Durante entrega obra de contenção de encosta em Cajazeiras XI, Reis também comentou sobre a ausência de propostas no leilão de uma área verde em Pituaçu.

Impasse entre rodoviários e empresas agrava crise no transporte público de Salvador

O transporte público de Salvador voltou a enfrentar instabilidade, nesta quarta-feira (30), com atrasos na saída de ônibus das garagens entre 4h e 8h da manhã. A paralisação parcial, liderada pelo Sindicato dos Rodoviários da Bahia, integra a campanha salarial de 2025, que está em curso sem avanços significativos. Ao comentar a situação, o prefeito Bruno Reis lamentou os transtornos causados à população e reforçou a necessidade de diálogo entre patrões e empregados.

Segundo o sindicato, a mobilização ocorre diante da ausência de contrapropostas por parte das empresas e de tentativas de retirada de direitos trabalhistas. Eles reivindicam reajustes salariais com ganho real de 5%, manutenção de benefícios e melhores condições de trabalho, incluindo respeito às escalas e jornadas previstas.

A Secretaria Municipal de Mobilidade (Semob) informou que acionou um plano emergencial para reduzir os impactos à população, com o remanejamento da frota e atuação de equipes nos principais pontos da cidade. Bruno Reis lembrou que o sistema já opera com déficit financeiro, sendo mantido com subsídios da prefeitura e apelou para que ambas as partes tenham compreensão diante da situação econômica atual. Além disso, reiterou a disposição do município para mediar o acordo, caso as negociações não avancem, como ocorreu em anos anteriores.

“A gente lamenta esse fato, o município espera que eles possam se entender, e nos colocamos à disposição, como fizemos nos últimos quatro anos, para, no final, mediar este acordo e evitar mais paralisações ou até mesmo que ocorra uma greve”, disse o prefeito ao Portal M!.

Falta de propostas em leilão adia projeto turístico na orla de Salvador

A tentativa de concessão de um terreno público em Pituaçu para implantação de um equipamento turístico voltou a fracassar. Pela segunda vez consecutiva, o leilão da área localizada em Ponta de Nossa Senhora de Guadalupe não recebeu propostas. A ideia inicial da prefeitura era instalar um grande aquário ou oceanário.

“O leilão daquela área tinha uma destinação específica, era um equipamento turístico, para que pudesse incrementar aquela região, a implantação de um grande aquário, o Oceanário de Salvador, para ter uma opção de lazer para nós que moramos aqui, mas também para atrair milhares de visitantes”, disse Bruno ao Portal M!.

A prefeitura já investiu cerca de R$ 135 milhões na requalificação do trecho da orla onde o terreno está situado, com melhorias urbanas que visam estimular o uso do espaço pela população e fomentar o turismo. Segundo Bruno Reis, a destinação da área segue voltada para atividades que valorizem o ambiente e atraiam visitantes.

A administração municipal vai reavaliar o mercado e estudar se há grupos interessados em empreendimentos com esse perfil antes de lançar uma nova rodada de leilão. A falta de propostas pode estar relacionada ao cenário econômico atual e à dificuldade de atrair grandes investidores para projetos com retorno a longo prazo.

Vandalismo em espaços culturais expõe falhas na segurança pública

A cidade de Salvador enfrentou uma série de atos de vandalismo na última semana, que para o prefeito evidencia a fragilidade da segurança pública. Entre os episódios mais graves estão os danos ao Parque Pedra de Xangô, em Cajazeiras, e às esculturas das Gordinhas de Ondina. Ambos os espaços são reconhecidos por seu valor cultural e turístico, além de sua relevância para as religiões de matriz africana.

O ataque à Pedra de Xangô ocorreu durante a madrugada da quarta-feira (23), quando um homem não identificado invadiu o prédio administrativo do parque e furtou objetos pessoais e fios elétricos. O crime foi descoberto durante a realização do ritual Ossé. A ação gerou indignação entre frequentadores e lideranças religiosas, que denunciaram a constante falta de segurança no local.

O prefeito Bruno Reis atribuiu os episódios à ausência de comando e efetividade nas ações das forças de segurança estaduais, destacando que a criminalidade tem avançado sobre os espaços públicos. “Ontem à noite, espalhado pela cidade de Salvador, diversas queimas de fogos em diversos bairros, celebrando a união de facções. Isso à vista do governo do Estado, sem também nenhuma atitude, nenhuma providência. Infelizmente, quando você compara com os vandalismos que ocorrem, tudo é consequência da falta de segurança  e de comando”, lamentou o gestor ao Portal M!.

O vereador André Fraga (PV) também criticou duramente a situação, classificando-a como reflexo do abandono dos parques urbanos e da negligência com o patrimônio cultural da cidade. “Infelizmente, essa realidade não é apenas a do Parque Pedra de Xangô. Diversos outros espaços também sofrem com a falta de segurança pública em Salvador. Pituaçu, Abaeté e São Bartolomeu são alguns exemplos, isso só para ficar nos parques. Triste Bahia”, lamentou o vereador.

Outras áreas afetadas

Além do Parque Pedra de Xangô, outras áreas, como Pituaçu, Abaeté e São Bartolomeu, também têm sido alvo constante de furtos e depredações. Os funcionários desses locais relataram medo de ir ao trabalho e, em alguns casos, chegaram a pedir demissão. A Secretaria de Sustentabilidade (Secis) informou que tomará providências para reparar os danos e reforçar a segurança no parque.

A Fundação Gregório de Mattos (FGM), que atua na valorização da cultura afro-brasileira, encaminhou ofícios solicitando ações imediatas para garantir a preservação desses locais sagrados. No entanto, diante da recorrência dos ataques, cresce a pressão sobre o governo estadual para adotar medidas mais eficazes e permanentes.