O Progressistas (PP) deu um passo importante para a criação de uma federação partidária com o União Brasil, o que pode resultar na maior bancada da Câmara dos Deputados. A decisão foi anunciada na terça-feira (18) pelo presidente nacional do PP, senador Ciro Nogueira (PI), após reunião da Executiva Nacional do partido. Segundo ele, a cúpula do PP avaliou as tratativas e decidiu, por unanimidade, dar aval para que a sigla prossiga com as negociações.

“Após intensa discussão, deputados federais, senadores e presidentes de diretórios estaduais decidiram, por unanimidade, dar pleno aval à presidência do partido para prosseguir as tratativas no sentido de consolidar a criação da federação”, declarou o senador em uma publicação na rede social X (antigo Twitter).

União Brasil entra no debate

O presidente nacional do União Brasil, Antonio de Rueda, convocou correligionários para reuniões em Brasília, na segunda-feira (17), para discutir a federação com o PP. Em mensagem enviada pelo WhatsApp, ele afirmou que a sigla pretende ouvir a opinião das bancadas do partido no Senado e na Câmara, além dos governadores Wilson Lima (AM), Ronaldo Caiado (GO), Mauro Mendes (MT) e Marcos Rocha (RO). Também foram convidados os prefeitos Sandro Mabel (Goiânia), Paulinho Freire (Natal), Bruno Reis (Salvador) e Silvio Mendes (Teresina).

A federação entre os dois partidos, se concretizada, representará um novo eixo de poder no Congresso, já que unificará forças políticas e ampliará o alcance de ambas as legendas no cenário nacional. No entanto, até o momento, o União Brasil, que tem como vice-presidente nacional o baiano ACM Neto, ex-prefeito de Salvador, ainda não formalizou sua posição sobre o acordo, mas segundo fontes internas, a cúpula do partido se mostra favorável à fusão.

O que significa federação partidária?

Diferente das coligações eleitorais, que têm validade apenas durante o período de campanha, uma federação partidária une duas ou mais siglas por um prazo mínimo de 4 anos, funcionando como um único partido em todas as esferas políticas do país. Essa aliança envolve não apenas estratégias eleitorais, mas também a divisão do Fundo Partidário e do tempo de propaganda eleitoral gratuita na TV e no rádio.

Caso o acordo entre PP e União Brasil seja concretizado, a nova federação resultará na maior bancada da Câmara dos Deputados, com um total de 109 parlamentares. Atualmente, a maior força política da Casa é o PL, seguido pela federação composta por PT, PCdoB e PV. Já no Senado, o bloco seria o terceiro no ranking, com 13 integrantes (seis do PP e sete do União), atrás apenas do PSD e PL, que têm 15 nomes cada. A nova configuração poderia impactar diretamente as negociações políticas no Congresso, incluindo disputas por cargos de liderança e influência na formulação de políticas públicas.

Republicanos fora do acordo e possível fusão com PSDB

Inicialmente, as tratativas para a federação incluíam o Republicanos, mas o partido optou por se retirar das negociações. Em 13 de março, o presidente da legenda, senador Marcos Pereira (SP), comunicou aos líderes do PP e do União Brasil que a bancada decidiu, quase que por unanimidade, rejeitar a aliança.

Diante desse cenário, o Republicanos agora estuda a possibilidade de fusão com o PSDB, criando uma nova configuração partidária no Brasil. A movimentação pode fortalecer ambas as legendas, especialmente diante das mudanças no quadro político nacional e das novas regras eleitorais.

Federações já existentes no Brasil

Atualmente, o Brasil possui três federações partidárias registradas no Tribunal Superior Eleitoral (TSE), todas formalizadas em 2022, meses antes das eleições gerais daquele ano. A principal delas, chamada “Brasil da Esperança”, reúne PT, PCdoB e PV. Líderes dessas siglas já discutem a possibilidade de expandir a aliança, com o objetivo de fazer frente à possível “superfederação” formada por PP e União Brasil, além de conter o avanço da direita nas eleições de 2026.

Outro bloco na esquerda é a federação entre PSOL e Rede Sustentabilidade, embora essa aliança esteja sob forte pressão interna. Parte dos membros da Rede tem demonstrado insatisfação e cogita romper o acordo, alegando divergências na condução da federação.

Já a federação entre PSDB e Cidadania, que parecia estável, enfrenta um desfecho conturbado. O Cidadania anunciou, no último domingo (16), o rompimento da parceria. Nos bastidores, integrantes da legenda alegam que a federação não trouxe os benefícios esperados e que houve perda de espaço político, com redução na representação institucional.

“A aliança resultou na perda de deputados estaduais, federais, vereadores e prefeitos. Além disso, a influência do PSDB sobre as decisões políticas foi maior do que esperávamos, deixando o Cidadania em uma posição secundária”, afirmou um dirigente da sigla.