Petistas reagem às declarações de Hugo Motta que invasão de 8 de Janeiro ‘não foi golpe’
Presidente da Câmara minimiza atos antidemocráticos e gera tensão entre Executivo, Legislativo e Judiciário

A recente declaração do presidente da Câmara dos Deputados, Hugo Motta (Republicanos-PB), negando que os atos de 8 de janeiro de 2023 configuraram uma tentativa de golpe de Estado, provocou uma onda de críticas entre parlamentares do PT. As manifestações petistas classificam a fala de Motta como um “afronta” à democracia e uma tentativa de reescrever os eventos que culminaram na depredação dos prédios dos Três Poderes. A inclusão da anistia nas discussões integrou as negociações do PL em troca do apoio à eleição de Motta, que assumiu a presidência da Câmara com 444 votos no último sábado (1º).
Declarações de Hugo Motta geram polêmica
Em entrevista à rádio Arapuan FM, de João Pessoa (PB), nesta última sexta-feira (7), Hugo Motta afirmou que os condenados pelos atos de vandalismo estão recebendo “penas muito severas”. Segundo ele, a situação provoca tensões com o Executivo e o Judiciário, exigindo cautela da Câmara ao tratar do tema.
“Eu não posso chegar aqui dizendo que vou pautar anistia na semana que vem ou não vou pautar de jeito nenhum”, declarou.
Ainda durante a entrevista, Motta minimizou o caráter golpista dos atos. “O que aconteceu não pode ser admitido novamente, foi uma agressão às instituições. Agora, querer dizer que foi um golpe… Golpe tem que ter um líder, uma pessoa estimulando, tem que ter apoio de outras instituições interessadas, e não teve isso”, afirmou o presidente da Câmara.
Reações do PT às declarações de Motta
As declarações de Motta foram recebidas com indignação por líderes petistas. A presidente do PT, deputada Gleisi Hoffmann (PR), utilizou as redes sociais para expressar seu repúdio, classificando a votação de uma possível anistia aos envolvidos nos atos como “descabida”. “Não se trata de atender o objetivo político deste ou daquele partido, mas de defender a democracia, respeitar e cumprir a decisão da Justiça sobre os ataques aos Três Poderes”, afirmou.
O líder do PT na Câmara, Lindbergh Farias (RJ), também criticou Motta, embora sem citá-lo diretamente. O petista destacou as investigações da Polícia Federal que apontam a participação de aliados do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) nos ataques. “O 8 de Janeiro fez parte de uma tentativa de golpe de Estado violento”, declarou o deputado.
O vice-líder do governo na Câmara, Rogério Correia (PT-MG), classificou como “negacionismo inaceitável” a tentativa de desassociar os atos de uma tentativa de golpe. “Não vale um relatório de mil páginas aprovado no Congresso via CPMI? Não valem os múltiplos indiciamentos pela PF após provas e delações?”, questionou Correia.
Anistia aos réus do 8 de Janeiro e impacto político
A possibilidade de discutir a anistia aos envolvidos nos atos de 8 de janeiro foi ventilada durante as negociações que resultaram na eleição de Hugo Motta para a presidência da Câmara, com 444 votos, no último sábado (1º). A declaração de Motta foi recebida com esperança por aliados do ex-presidente Jair Bolsonaro, que veem na anistia uma oportunidade de aliviar a situação de correligionários condenados.
O líder do PL na Câmara, Sóstenes Cavalcante (RJ), acredita que manifestações previstas para o dia 16 de março podem pressionar o Congresso a pautar a anistia. “Na próxima semana vou falar com os presidentes estaduais do PL e organizar”, afirmou.
Atos pró-anistia e impeachment de Lula
A manifestação do dia 16 de março, organizada por apoiadores de Bolsonaro, busca não apenas pressionar pela anistia, mas também pelo impeachment do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT). O pedido de impeachment se baseia em alegações de irregularidades no programa Pé-de-Meia, bloqueado pelo Tribunal de Contas da União (TCU) por supostas infrações fiscais.
Apesar das pressões, Hugo Motta já descartou a possibilidade de pautar o impeachment de Lula. “Não está no horizonte trazer instabilidade”, declarou o presidente da Câmara.
A declaração de Hugo Motta reacendeu debates sobre o futuro dos réus do 8 de janeiro e o papel do Congresso na condução desse processo. Enquanto petistas defendem a manutenção das condenações como uma forma de preservar a democracia, aliados de Bolsonaro veem na anistia uma oportunidade de reverter as punições. A tensão entre os poderes promete se intensificar nas próximas semanas, à medida que o tema volta ao centro do debate político no Brasil.
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