Pesquisa aponta que 90% do mercado financeiro desaprova governo Lula

Uma pesquisa conduzida pela plataforma de investimentos Genial em parceria com a Quaest revelou que 90% dos profissionais do mercado financeiro desaprovam o governo Lula (PT). O índice reflete a crescente insatisfação com o pacote de corte de gastos apresentado na última semana, considerado insuficiente para estabilizar as contas públicas.

O levantamento entrevistou 105 gestores, economistas, analistas e operadores de fundos de investimento em São Paulo e no Rio de Janeiro. Comparado a março, quando a reprovação era de 64%, o salto para 90% indica uma retomada dos níveis negativos registrados no início do mandato.

A pesquisa também apontou queda na avaliação regular, de 30% para 7%. Enquanto a aprovação caiu de 6% para apenas 3%.

Críticas à política fiscal e queda na confiança em Haddad

O descontentamento atinge também o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, cuja avaliação positiva recuou para 41%. A percepção de que ele perdeu força desde o início do mandato é compartilhada por 61% dos entrevistados.

A credibilidade do arcabouço fiscal também foi questionada: 58% dos profissionais consideram que as regras perderam completamente a confiança. Enquanto 42% avaliam que há pouca credibilidade restante.

Apesar das críticas, Haddad defendeu as medidas fiscais durante um evento em Brasília. “Eu entendo (o mercado), já estive do outro lado do balcão, já fui consultor econômico, mas você tem de olhar para as medidas que estão sendo tomadas. Então, eu não concordo com a avaliação que está sendo feita das medidas que nós anunciamos”, afirmou o ministro.

Congresso e Banco Central: percepções divergentes

O levantamento destacou a desaprovação ao Congresso Nacional, que subiu de 17% em novembro do ano passado para 41%. As negociações sobre o pacote fiscal, pressionadas por emendas parlamentares e resistências, têm sido vistas como um desafio adicional para o governo.

Em contrapartida, o presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto, se mantém como o nome mais confiável na pesquisa, com 70% de aprovação. Já a confiança no futuro sucessor, Gabriel Galípolo, que assumirá o BC em janeiro, é mais baixa: 55% afirmaram confiar pouco ou nada em sua gestão.

Desafios do governo no campo econômico

O governo Lula enfrenta agora o desafio de equilibrar a recuperação econômica com a reconstrução da confiança do mercado financeiro. A insatisfação com a política fiscal, somada à percepção de enfraquecimento de lideranças econômicas, coloca pressão sobre o governo para apresentar soluções mais eficazes e viáveis no curto prazo.