PDT surpreende e apoia CPMI do INSS, mas exige investigação sobre governo Bolsonaro
Partido tenta agora administrar desgastes políticos e redefinir seu posicionamento institucional

Em sua primeira reunião após o retorno de Carlos Lupi ao comando nacional, o PDT decidiu apoiar a criação da Comissão Parlamentar Mista de Inquérito (CPMI) para investigar o escândalo de descontos indevidos em benefícios do Instituto Nacional do Seguro Social (INSS). No entanto, o partido condicionou o apoio à ampliação do escopo da comissão, exigindo que a investigação atinja não apenas o governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), mas também a gestão do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL).
A CPMI foi mobilizada por parlamentares da oposição e já conta com o número mínimo de assinaturas para ser instalada. A expectativa entre governistas é de que a comissão venha a ser formalizada em breve. Com a crise instalada no Ministério da Previdência — pasta que estava sob comando do PDT até a saída de Lupi, em 2 de maio —, o partido tenta agora administrar os desgastes políticos e redefinir seu posicionamento institucional.
Divergência interna
Durante a reunião realizada na terça-feira (20), ficou evidente a divisão interna do PDT. Enquanto a bancada no Senado sinaliza continuidade no apoio ao governo federal, os 17 deputados federais indicam uma posição mais crítica, com parte defendendo o rompimento com o Planalto. O embate ficou ainda mais explícito em um bate-boca entre o líder do partido na Câmara, Mário Heringer (MG), próximo ao ex-ministro Ciro Gomes, e o deputado Dorinaldo Malafaia (AP), ligado à ala governista.
O estopim do confronto foi a divergência de posicionamento expressa em entrevistas recentes. Heringer defendeu a independência do partido em relação ao governo, enquanto Malafaia declarou à imprensa que o PDT seguiria na base aliada. Diante do impasse, a legenda decidiu formalizar uma postura de “independência” na pauta econômica, mas sem se afastar completamente do governo Lula.
Parlamentares mais próximos do PT atribuem à influência de Ciro Gomes o endurecimento do discurso do partido. Eles criticam o que classificam como uma postura desagregadora do ex-presidenciável, lembrando, inclusive, da crise com seu irmão, o senador Cid Gomes (PSB), que pode resultar na saída de quatro deputados federais cearenses do PDT. Há inclusive rumores internos sobre um possível pedido de expulsão de Ciro da legenda — medida já sugerida por setores do partido em 2024.
PDT-BA rompe com prefeito e confirma adesão a governador
Enquanto no plano nacional o PDT busca se reposicionar entre a independência e o apoio crítico ao governo federal, na Bahia o partido já tomou uma decisão: integrou oficialmente a base do governador Jerônimo Rodrigues (PT). A aliança foi selada no último dia 30 de abril, durante um café da manhã em Salvador, com a presença de diversas lideranças estaduais.
O gesto confirma o afastamento do PDT da gestão do prefeito Bruno Reis (União Brasil), de quem o partido decidiu se desligar oficialmente no fim de abril, ao orientar seus filiados a entregarem os cargos que ocupavam na Prefeitura de Salvador. No entanto, os vereadores de Salvador já confirmaram que não sairão da base aliada do prefeito e podem deixar a legenda.
A mudança de lado foi articulada pelo presidente estadual da sigla, deputado federal Félix Mendonça Júnior, que tem reforçado a aproximação com o governo estadual. A aliança amplia o espaço do PDT na coalizão petista e fortalece as negociações para 2026, inclusive com expectativa de participação na chapa majoritária ou ampliação de cargos no primeiro escalão. A adesão ao grupo de Jerônimo é vista como estratégica também para a reorganização da legenda no estado, já que o cenário nacional de instabilidade interna e a disputa entre alas ligadas a Ciro e Lupi ainda provoca incertezas quanto ao futuro da sigla.
Racha interno do PDT-BA
A adesão do PDT à base petista marca também uma ruptura com o prefeito de Salvador, Bruno Reis (União Brasil), cuja vice, Ana Paula Matos, é filiada ao partido. A quebra de aliança chegou a ser confirmada pelo próprio prefeito, que tem sido um crítico contumaz da gestão estadual.
Apesar do novo posicionamento partidário no plano estadual, os quatro vereadores do PDT na Câmara Municipal de Salvador — Débora Santana, Anderson Ninho, Omarzinho Gordilho e Roberta Caires — optaram por permanecer na oposição ao governador, mantendo apoio à administração de Bruno Reis.
O PDT na Bahia possui, além dos quatro vereadores, um deputado estadual (Penalva) e dois deputados federais: o próprio Félix Mendonça Júnior e Leo Prates, que é aliado de longa data do ex-prefeito ACM Neto e do atual prefeito Bruno Reis (ambos da nova federação União Progressista).
O próprio Leo Prates reafirmou, na última segunda-feira (19), sua ligação política com o grupo liderado por ACM Neto e deixou clara a dificuldade de permanecer no PDT caso o partido confirme o apoio ao governador Jerônimo Rodrigues. O parlamentar disse que, embora deseje permanecer na sigla, considera inviável se manter filiado caso a exigência seja o apoio à reeleição do petista. Para ele, no entanto, uma definição sobre o futuro deve ocorrer após uma nova rodada de conversas prevista para fevereiro de 2026 com Lupi e Félix.
Federação e incertezas no horizonte
Internamente, o PDT avalia a possibilidade de integrar uma federação partidária até o prazo final estabelecido pela legislação eleitoral, em maio de 2026. Embora setores da legenda vejam com bons olhos uma aproximação com o PSB, a disputa entre os irmãos Ciro e Cid Gomes — este último hoje filiado ao PSB — representa um entrave relevante.
Carlos Lupi, por sua vez, tem defendido cautela e aposta que o PDT pode se fortalecer ao atrair parlamentares insatisfeitos com federações recém-formadas, como a entre União Brasil e PP, que ainda enfrenta conflitos internos em diretórios estaduais e municipais.
Apesar das movimentações, parte da bancada vê com ceticismo a capacidade de crescimento do partido diante das crises recentes e da dificuldade de unificar discurso entre alas que ora apoiam o governo, ora defendem independência ou oposição aberta.
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