Operação Overclean: vereador foragido se entrega à PF em Salvador
Junior Figueiredo é suspeito de liderar fraudes milionárias; 16 dos 17 acusados já foram presos pela operação Overclean

O vereador Junior Figueiredo (PSDB), da cidade de Nazaré (BA), se entregou, nesta quarta-feira (11), à Polícia Federal em Salvador, após ser considerado foragido. Investigado por suposta participação em um esquema que desviou cerca de R$ 1,4 bilhão em recursos públicos, ele é acusado de atuar como um dos operadores da organização criminosa desarticulada pela operação Overclean.
A entrega de Figueiredo ocorreu um dia após a deflagração da operação, que já resultou na prisão de 16 dos 17 alvos de mandados de prisão preventiva. Ele foi identificado por câmeras de reconhecimento facial enquanto dirigia pelas ruas de Salvador, o que acelerou as negociações com sua defesa para a rendição.
Overclean: Fraudes em larga escala e influência política
De acordo com a investigação, Junior Figueiredo desempenhava um papel estratégico no esquema, utilizando sua influência em administrações municipais, especialmente em Lauro de Freitas, na região metropolitana de Salvador. Documentos obtidos pela polícia indicam que ele tinha acesso direto a setores críticos da prefeitura, chegando a ordenar pagamentos relacionados a contratos fraudulentos.
As fraudes incluíam contratos superfaturados com empresas de fachada, desviando verbas provenientes de emendas parlamentares e convênios públicos. A empresa PAP Saúde Ambiental Eireli, administrada de fato por Alex Parente — apontado como líder da organização criminosa —, era uma das principais beneficiárias.
Esquema estruturado de desvio de recursos
As investigações começaram em contratos do Departamento Nacional de Obras Contra as Secas (Dnocs), mas revelaram um esquema que transcendeu o órgão, envolvendo diversas prefeituras e estados. A estrutura da organização era composta por um núcleo central de líderes e operadores regionais que garantiam a execução dos contratos fraudulentos.
Entre os principais alvos estão Alex Rezende Parente, apontado como o “cérebro” da operação, e Fábio Rezende Parente, responsável pelas movimentações financeiras. José Marcos Moura, conhecido como “Rei do Lixo”, também desempenhava um papel crucial ao prospectar contratos e corromper servidores públicos.
Repercussão e desafios no combate à corrupção
Casos como este destacam a complexidade de combater organizações criminosas com redes de influência política. A PF e a Receita Federal apontam que a operação reforça a necessidade de aprimorar mecanismos de controle e transparência em contratações públicas.
O PSDB, partido de Junior Figueiredo, não se pronunciou até o momento, enquanto a defesa do vereador e de outros investigados argumenta que aguardará acesso aos autos para esclarecer os fatos.
Com a continuidade das investigações, se espera que novos desdobramentos ajudem a detalhar as dimensões do esquema e as responsabilidades individuais dos envolvidos. O caso segue como um dos maiores escândalos recentes de corrupção no Estado.
Modus operandi da organização criminosa
As investigações detalham que a organização criminosa atuava de forma coordenada para fraudar contratos públicos. As operações começavam com o direcionamento de licitações para empresas de fachada ou controladas por aliados. Após a celebração dos contratos, os valores eram superfaturados e, em seguida, redistribuídos em forma de propinas.
Relatórios da Receita Federal identificaram a movimentação de valores incompatíveis com as rendas declaradas pelos suspeitos. Empresas de fachada, em nome de “laranjas”, eram usadas para ocultar a origem ilícita dos recursos. Além disso, contratos fraudulentos com órgãos como o Dnocs eram empregados para justificar os pagamentos.
Um exemplo claro é a Allpha Pavimentações, empresa que inicialmente possuía capital social de R$ 30 mil e, em poucos anos, passou a movimentar milhões. A escalada patrimonial chamou atenção dos auditores fiscais e foi determinante para ligar a empresa às fraudes.
Prisões e apreensões significativas
Entre os presos estão figuras públicas e empresários influentes. Flávio Henrique de Lacerda Pimenta, ex-diretor da Secretaria Municipal de Educação de Salvador, foi detido com R$ 700 mil em espécie. Francisco Manoel do Nascimento Neto, vereador em Campo Formoso, tentou descartar R$ 220 mil jogando uma sacola pela janela antes de ser preso.
Além disso, secretários municipais, ex-vereadores e empresários foram detidos na Bahia e em outros estados. A operação também resultou na apreensão de documentos, computadores e bens de luxo, indicando um esquema com alcance nacional.
Quem são os suspeitos e como atuavam?
A organização criminosa investigada é composta por empresários, políticos e servidores públicos que desempenhavam papeis estratégicos no esquema.
Junior Figueiredo
Eleito vereador em Nazaré, o político é suspeito de exercer forte influência na Prefeitura de Lauro de Freitas. Segundo as investigações, ele ordenava pagamentos ilegais relacionados a contratos fraudulentos na área da saúde, beneficiando empresas como a PAP Saúde Ambiental EIRELI.
Alex Rezende Parente
Apontado como o líder da organização criminosa, Alex é sócio de diversas empresas usadas no esquema, como a Allpha Pavimentações. Ele negociava diretamente com servidores públicos para fraudar licitações e organizar o pagamento de propinas.
Fábio Rezende Parente
Irmão de Alex, Fábio atuava como o executor financeiro do grupo. Ele realizava transferências bancárias e usava empresas de fachada para movimentar recursos ilícitos, ocultando a origem dos valores desviados.
Lucas Maciel Lobão Vieira
Ex-coordenador do DNOCS na Bahia, Lucas é suspeito de gerenciar contratos fraudulentos e financiar atividades ilícitas. Relatórios apontam que ele favorecia empresas controladas pela organização em contratos de alto valor.
José Marcos Moura
Conhecido como “Rei do Lixo”, José é empresário do setor de limpeza urbana. Ele atuava na captação de contratos fraudulentos, usando sua influência política para liberar pagamentos e interceder em favor do grupo.
Outros suspeitos:
- Francisco Manoel do Nascimento Neto: Vereador em Campo Formoso, foi preso com R$220 mil que tentou descartar pela janela.
- Flávio Henrique de Lacerda Pimenta: Ex-diretor da Secretaria de Educação de Salvador, foi encontrado com R$700 mil em espécie.
- Kaliane Lomanto Bastos: Coordenadora em Jequié, recebeu R$48,7 mil de propina.
- Orlando Santos Ribeiro: Secretário de Governo em Itapetinga, acusado de facilitar contratos fraudulentos.
- Diego Queiroz Rodrigues: Vereador em Itapetinga, teria recebido pagamentos frequentes de propinas.
- Evandro Baldino do Nascimento: Empresário envolvido em fraudes licitatórias em municípios baianos.
Impacto da operação e próximos passos
A Operação Overclean mobilizou 43 mandados de busca e apreensão e sequestros de bens em cinco estados. A Polícia Federal estima que o esquema tenha movimentado bilhões desde 2021, utilizando empresas de fachada e contas em nome de terceiros para lavar o dinheiro.
Com a prisão de Figueiredo, as autoridades concentram esforços em capturar Itallo Moreira de Almeida, único investigado ainda foragido. Servidor da Secretaria de Educação do Tocantins, Almeida é acusado de favorecer empresas fraudulentas em licitações.
Consequências para prefeituras e gestão de recursos públicos
As fraudes reveladas comprometem diretamente serviços essenciais que deveriam ser beneficiados pelas emendas parlamentares desviadas. Em municípios como Lauro de Freitas, por exemplo, recursos destinados à saúde e infraestrutura acabaram desviados para o enriquecimento ilícito dos envolvidos.
Especialistas apontam que o esquema expõe fragilidades no controle de gastos públicos e na fiscalização de contratos.
Próximas etapas
A Operação Overclean segue com desdobramentos e promete trazer novos capítulos à medida que os investigados começam a prestar depoimentos. A Polícia Federal reforça que ações como essa são cruciais para combater o desvio de recursos e restaurar a confiança nas instituições públicas.
Com Junior Figueiredo sob custódia, as autoridades avançam para desarticular completamente o grupo e garantir a responsabilização de todos os envolvidos. Enquanto isso, a população espera que o caso sirva de exemplo para fortalecer mecanismos de combate à corrupção em todo o país.
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