Olívia Santana minimiza cortes na educação e culpa Congresso por crise nas universidades
Deputada estadual aponta que orçamento controlado por emendas impede avanços na educação e saúde

A deputada estadual Olívia Santana (PCdoB) minimizou os recentes cortes orçamentários sofridos pelas universidades federais e atribuiu o problema à falta de apoio parlamentar enfrentada pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT). A declaração foi dada nesta terça-feira (20), em entrevista ao programa De Olho na Bahia, da Rádio Mix Salvador (104.3 FM), conduzida pelos jornalistas Matheus Morais e Osvaldo Lyra, editor-chefe do Portal M!.
Crise na UFBA
As falas da parlamentar ocorrem em um momento de grave crise orçamentária enfrentada pela Universidade Federal da Bahia (UFBA), que determinou a suspensão do uso de aparelhos de ar-condicionado em salas com janelas e a limitação do uso de elevadores, além de cortes em manutenção, eventos e viagens acadêmicas. A portaria, assinada pelo reitor Paulo Cesar Miguez em abril, remonta a medidas semelhantes adotadas em 2019, durante o governo do ex-presidente Jair Bolsonaro.
A crise impactou ainda diversos serviços estudantis. O Restaurante Universitário (RU) do campus de Ondina, por exemplo, precisou ser fechado temporariamente por falta de pagamento em abril. O serviço foi retomado semanas depois, após a regularização do repasse financeiro.
Diferentemente daquele período, no entanto, as reações críticas à gestão federal têm sido mais contidas por parte de parlamentares ligados à base do governo, como Olívia. A postura chama atenção especialmente pelo fato de o PCdoB, partido da deputada, ser historicamente ligado à educação e contar com presença expressiva entre dirigentes de sindicatos de professores universitários.
Apesar da crise, Olívia enfatiza que o cenário atual é distinto do anterior. Segundo ela, o governo Lula não persegue o meio acadêmico e investe em ciência e tecnologia, mas encontra dificuldades operacionais devido à estrutura do orçamento público.
“Lula hoje não tem força parlamentar para fazer mudanças estruturais, porque tem minoria no Congresso Nacional”, afirmou, citando que o governo conta com apenas 123 deputados alinhados programaticamente.
A crise financeira da UFBA tem afetado o cotidiano da instituição. Além da limitação de equipamentos e corte em viagens, a universidade enfrenta dificuldades até para manter serviços básicos. Em nota, a instituição afirma que os valores de custeio constantes no orçamento “não têm acompanhado o aumento dos gastos resultante do crescimento da universidade”.
LOA sancionada por Lula com cortes
Ainda em nota, a instituição federal afirmou que os recursos da Lei Orçamentária Anual (LOA) de 2025 são insuficientes para as despesas da instituição. A LOA foi sancionada pelo presidente Lula (PT) no dia 11 de abril, e os repasses liberados representam apenas 27,8% do total previsto para o período entre janeiro e maio.
Mesmo diante desse quadro, Olívia adotou um tom mais ameno ao tratar do contingenciamento e evitou colocar a responsabilidade sobre o presidente Lula, mesmo após a sanção da LOA. Ela argumentou que o problema vai além do Executivo e é causado por um modelo orçamentário concentrado nas mãos do Congresso Nacional. Segundo a deputada, o Brasil vive um “parlamentarismo informal”, no qual R$ 6 bilhões em emendas parlamentares são controlados diretamente por congressistas, em detrimento de áreas como educação e saúde.
A deputada reconheceu que há um problema de subfinanciamento das universidades, mas concentrou sua crítica no modelo orçamentário vigente, evitando atribuir responsabilidade direta ao governo federal, do qual seu partido é aliado.
Governo Lula na Bahia é ‘engarrafamento de ações’, diz deputada
Olívia Santana também elogiou a atuação do governo Lula na Bahia e citou investimentos anunciados recentemente por ministros em visita ao Estado. Segundo ela, os recursos destinados aos transportes e à ciência superam em muito os aplicados pela gestão anterior.
A deputada destacou a destinação de mais de R$ 500 milhões para a recuperação da BR-116 e do Anel Viário de Feira de Santana, além dos “R$ 750 milhões investidos pelo Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovação”. “Isso é quase sete vezes mais do que aconteceu no governo anterior, que não gostava de ciência nem de cultura”, disse.
Ela também lembrou que foi relatora da Lei de Popularização da Ciência, sancionada recentemente pelo governador Jerônimo Rodrigues (PT), que deu origem a uma série de editais e programas voltados ao fomento da pesquisa no Estado.
Olívia confirma pré-candidatura à Câmara dos Deputados em 2026
Ao ser questionada sobre uma possível candidatura à Câmara dos Deputados em 2026, Olívia confirmou que será uma das apostas do PCdoB para ampliar a presença feminina — especialmente de mulheres negras — no Congresso Nacional. Segundo ela, a decisão foi tomada após reuniões internas do partido e visa combater a sub-representação da Bahia nesse campo.
“O partido chegou à conclusão de que vamos apresentar três nomes, considerando que não há nenhuma mulher preta da Bahia no Congresso”, afirmou.
Olívia também defendeu que sua trajetória e atuação em defesa dos direitos sociais, da educação e da igualdade racial conferem legitimidade ao seu nome para disputar uma vaga na Câmara Federal.
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