A recuperação do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) após a cirurgia intestinal realizada no domingo (13) será longa e cuidadosa. De acordo com informações da equipe médica do Hospital DF Star, em Brasília, não há previsão de alta hospitalar nem de saída da Unidade de Terapia Intensiva (UTI). A atualização sobre o estado de saúde foi dada em coletiva de imprensa na manhã desta segunda-feira (14).

“Vai ser um pós-operatório muito prolongado. Não há previsão de alta nesta semana”, declarou o cardiologista Leandro Echenique.

“Não temos grande expectativas de uma evolução rápida”, completou Cláudio Birolini, cirurgião-geral.

Cirurgia de emergência durou 12 horas

Bolsonaro foi submetido a um procedimento de “estenda lise de aderências e reconstrução da parede abdominal”, conforme boletim divulgado às 21h42 de domingo. A operação teve início às 10h e se estendeu até a noite, totalizando 12 horas de duração. Segundo os médicos, o procedimento transcorreu sem intercorrências e não exigiu transfusões de sangue.

O ex-presidente entrou no centro cirúrgico por volta das 9h da manhã, após exames e preparações pré-operatórias. A intervenção foi motivada por fortes dores abdominais que ele passou a sentir na sexta-feira (11), durante evento do Partido Liberal (PL) no Rio Grande do Norte.

Durante a agenda no estado, Bolsonaro precisou interromper sua participação e foi transportado de helicóptero para Natal. No sábado (12), diante do agravamento do quadro clínico, ele foi transferido para Brasília em uma aeronave equipada com UTI aérea.

Quadro clínico e diagnóstico

Segundo a equipe médica, a causa da emergência foi uma obstrução intestinal provocada por “uma dobra do intestino delgado que dificultava o trânsito intestinal e que foi desfeita durante o procedimento de liberação das aderências”. Após a cirurgia, o ex-presidente foi encaminhado à UTI, onde permanece sob cuidados clínicos, com suporte nutricional e prevenção de infecções.

Os médicos destacam que as próximas etapas do tratamento exigem atenção e monitoramento constante, devido à complexidade do histórico cirúrgico de Bolsonaro.

Michelle Bolsonaro agradece equipe médica nas redes sociais

A ex-primeira-dama Michelle Bolsonaro (PL) utilizou as redes sociais para informar sobre o estado do marido. No fim da noite de domingo, ela publicou uma foto e escreveu: “Meu amor já está no quarto”, em referência à saída do centro cirúrgico.

No entanto, os médicos afirmaram, nesta segunda-feira, que Bolsonaro ainda permanece na UTI. Michelle também divulgou uma imagem da equipe médica responsável pela operação, acompanhada de uma mensagem de gratidão.

“Nossos anjos aqui na Terra! Por 12 horas, Deus usou as mãos dessa equipe maravilhosa para cuidar do meu amor. Minha eterna gratidão a essa equipe médica extraordinária que, com precisão, competência e humanidade, conduziu as 12 horas de cirurgia do nosso capitão. O cuidado de vocês fez toda diferença. Obrigada!”, escreveu.

Histórico de complicações

A cirurgia de domingo foi a sétima à qual Bolsonaro foi submetido desde o atentado a faca durante a campanha presidencial de 2018. Na ocasião, ele sofreu perfurações graves no intestino, o que desencadeou uma série de intervenções ao longo dos anos.

As aderências intestinais, que motivaram a nova cirurgia, são formações de tecido fibroso que podem surgir entre as alças do intestino ou entre o órgão e outras estruturas abdominais. Esse tipo de complicação geralmente ocorre como resposta a processos de cicatrização, infecções ou traumas anteriores.

Perspectivas

Apesar da estabilidade clínica, a ausência de previsão para alta hospitalar reforça a delicadeza da situação. A equipe médica reiterou que o foco agora está na recuperação progressiva e no controle de possíveis infecções.

Bolsonaro, que mantém forte presença política mesmo fora do cargo, deve permanecer afastado de atividades públicas por tempo indeterminado, o que pode impactar a agenda do Partido Liberal, especialmente no contexto de pré-campanha para as eleições municipais de 2024.