Mauro Cid diz que Bolsonaro queria provar fraude nas urnas para justificar golpe militar

Tenente-coronel é o primeiro réu do chamado ‘Núcleo 1’ da trama investigada a prestar depoimento ao Supremo Tribunal Federal


Redação
Redação 09/06/2025 19:27 • Política
Mauro Cid diz que Bolsonaro queria provar fraude nas urnas para justificar golpe militar - Gustavo Moreno/STF

O tenente-coronel Mauro Cid declarou, nesta segunda-feira (9), durante depoimento ao Supremo Tribunal Federal (STF), que o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) tinha como objetivo encontrar indícios de fraude nas urnas eletrônicas para convencer os comandantes das Forças Armadas a aderirem a uma tentativa de golpe de Estado. A afirmação foi feita durante audiência de interrogatório conduzida pelo ministro Alexandre de Moraes, relator da ação penal que apura a articulação golpista. As informações são da Agência Brasil.

Cid é o primeiro réu do chamado “Núcleo 1” da trama investigada a prestar depoimento ao STF. Ex-ajudante de ordens de Bolsonaro, o militar também atua como delator no processo, que apura uma possível tentativa de impedir a posse do presidente eleito Luiz Inácio Lula da Silva (PT), após as eleições de 2022.

Pressão por pareceres e tentativa de intervenção

Segundo Cid, tanto Bolsonaro quanto o general Walter Braga Netto, ex-ministro e vice na chapa presidencial de 2022, contavam com a descoberta de alguma irregularidade nas urnas eletrônicas para justificar uma possível intervenção militar. Ele relatou ainda que havia pressão sobre o então ministro da Defesa, general Paulo Sérgio Nogueira, para que colocasse em dúvida a segurança do sistema de votação.

A grande expectativa era que fosse encontrada uma fraude nas urnas. O que a gente sempre viu era uma busca por encontrar fraude na urna. Com a fraude na urna, poderia convencer os militares, dizendo que a eleição foi fraudada e, talvez, a situação mudasse”, afirmou Mauro Cid durante o interrogatório.

Em 2022, o general Nogueira enviou ao Tribunal Superior Eleitoral (TSE) um parecer técnico que afirmava não ser possível garantir que o sistema eletrônico de votação estivesse isento de interferências. O documento foi apresentado dentro da Comissão de Transparência Eleitoral, criada pelo próprio TSE para acompanhar o processo eleitoral daquele ano.

Durante a audiência no STF, iniciada no período da tarde, o depoimento de Mauro Cid foi temporariamente suspenso por volta das 16h45 para um intervalo. A previsão era de que a oitiva fosse retomada e prosseguisse até as 20h desta segunda-feira.

Além de Mauro Cid, outras sete pessoas devem ser interrogadas ao longo da semana. Os depoimentos são conduzidos por Alexandre de Moraes e envolvem os principais integrantes da estrutura que, segundo a investigação, planejou uma ofensiva contra o Estado Democrático de Direito.

Agenda de depoimentos inclui Bolsonaro e ex-ministros

Estão previstos para depor nesta fase do processo, além de Mauro Cid: Alexandre Ramagem, ex-diretor da Agência Brasileira de Inteligência (Abin); Almir Garnier, ex-comandante da Marinha; Anderson Torres, ex-ministro da Justiça; Augusto Heleno, ex-ministro do Gabinete de Segurança Institucional; Jair Bolsonaro, ex-presidente da República; Paulo Sérgio Nogueira, ex-ministro da Defesa; e Walter Braga Netto, general do Exército e ex-ministro.

Bolsonaro recebeu e alterou minuta de golpe

Mais cedo, Cid confirmou que o ex-presidente Bolsonaro (PL) recebeu e editou a minuta do golpe planejado após as eleições de 2022. Segundo ele, Bolsonaro teria retirado do documento a indicação de prisões de outras autoridades, deixando apenas o ministro Alexandre de Moraes como preso.

Ele recebeu. Enxugou o documento, retirando as autoridades das prisões, somente o senhor ficaria como preso“, disse Cid em referência a Moraes. Cid confirmou ainda que havia a previsão de se instalar uma comissão eleitoral que declararia nulas as eleições de 2022 e realizaria um novo pleito.

O documento consistia de basicamente duas partes, a primeira eram dez, onze ou doze páginas, bem robusto. Tratava das possíveis interferências e intervenções do STF e do TSE no governo Bolsonaro e nas próprias eleições e na segunda parte entrava numa parte mais jurídica, de estado de defesa, de sítio, prisão de autoridades e decretação de um conselho eleitoral para refazer as eleições ou algo parecido“, disse Cid.

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