Lupi pede demissão do ministério após escândalo do INSS e defende investigação; saída não repercute na Bahia, diz Félix Jr
Decisão foi motivada pelo desgaste político após operação da PF que apura fraudes em descontos indevidos aplicados contra aposentados e pensionistas

O ministro da Previdência Social, Carlos Lupi (PDT), entregou, nesta sexta-feira (2), o cargo ao presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT). A decisão foi motivada pelo desgaste político após a operação da Polícia Federal (PF) que apura fraudes em descontos indevidos aplicados por entidades associativas na folha de pagamento de aposentados e pensionistas do Instituto Nacional do Seguro Social (INSS). O presidente aceitou o pedido.
“Entrego a função ao presidente Lula, a quem agradeço pela confiança e pela oportunidade. Tomo esta decisão com a certeza de que meu nome não foi citado em nenhum momento nas investigações em curso, que apuram possíveis irregularidades no INSS“, iniciou Lupi.
“Espero que as investigações sigam seu curso natural, identifiquem os responsáveis e punam, com rigor, aqueles que usaram suas funções para prejudicar o povo trabalhador”, complementou.
A ação da PF, denominada Operação Sem Desconto, foi deflagrada em 23 de abril e levou ao afastamento de membros da alta cúpula do INSS. No mesmo dia, Lula exonerou o então presidente do instituto, Alessandro Stefanutto, indicado por Lupi. Embora o ministro não tenha sido citado diretamente nas investigações, pesou contra ele o fato de ter sido alertado, ainda em 2023, sobre as irregularidades, sem tomar providências.
Esquema de fraudes e impacto político
A crise se agravou após reportagens apontarem que, entre 2022 e 2023, 29 entidades autorizadas pelo INSS a cobrar mensalidades de aposentados aumentaram em 300% seus faturamentos, mesmo sendo alvos de mais de 60 mil ações judiciais por descontos irregulares.
Em diversos casos, beneficiários relataram não conhecer as instituições responsáveis pelas cobranças mensais entre R$ 45 e R$ 77, que ocorriam antes mesmo do depósito pelo INSS.
A repercussão levou o INSS a abrir procedimentos internos de apuração. A Controladoria-Geral da União (CGU) e a PF também iniciaram investigações, culminando na operação do fim de abril. Após a divulgação das irregularidades, o diretor de Benefícios do INSS, André Fidelis, foi exonerado.
A resistência de Lupi em afastar Stefanutto também causou incômodo ao Planalto. Ainda na manhã da operação, Lula determinou a saída imediata do presidente do INSS. Lupi, no entanto, manteve a defesa do indicado.
“A indicação do doutor Stefanutto é da minha inteira responsabilidade. O doutor Stefanutto é procurador da República, um servidor que até o presente momento tem me dado todas as demonstrações de que é exemplar, fez parte do grupo de transição do governo anterior para esse“, afirmou.
“Vamos, agora, no processo, que corre em segredo de Justiça, esperar as investigações, que estão em curso“, acrescentou. A fala ocorreu em entrevista coletiva no mesmo dia da operação. Após o agravamento da crise e diante da pressão interna, o ministro optou por deixar o cargo.
A saída de Carlos Lupi representa a primeira baixa no primeiro escalão do governo Lula em 2025. O novo ministro será o ex-deputado e número 2 de Lupi, Wolney Queiroz.
Presidente do PDT Bahia defende permanência da sigla na base do governo Lula
O presidente do PDT na Bahia, deputado Félix Mendonça Júnior, defendeu, após o anúncio de Lupi, que o partido mantenha sua posição de apoio ao governo federal, mesmo com a perda de um dos seus principais quadros na Esplanada dos Ministérios. Na avaliação de Félix, Lupi já enfrentava um desgaste político nos bastidores.
“Ele estava num processo de queimação. Ele vem tocar a vida partidária dele, que é o que ele gosta“, disse em entrevista ao Portal M!.
Questionado sobre a posição do partido diante da vacância no ministério, o dirigente ponderou que não há perspectiva de nova indicação e que o partido deve adotar uma postura de equilíbrio institucional. Félix afirmou ainda que não vê sentido em romper com o governo Lula após a saída de Lupi.
“Acho que o partido sai do cargo do governo federal, mas não vira oposição. Você não pode chegar e virar oposição só porque saiu uma pessoa. Você veio até um dia no governo e vai virar oposição de repente?“, questionou.
Ele também disse não acreditar que o PDT vá indicar outro nome para o comando do Ministério da Previdência ou para outros postos na gestão federal. “Eu acho que o partido não vai indicar um substituto, nem nenhum outro deputado“, afirmou.
O presidente do PDT baiano, no entanto, destacou a qualificação de Wolney Queiroz, secretário-executivo da pasta e integrante do partido. “O secretário executivo que é quem assume na vacância do ministro é o Wolney Queiroz, tem total capacidade para ser ministro. É do PDT“.
Saída não terá impactos na Bahia
Na ocasião, Félix também ressaltou que a saída de Lupi não trará impactos à relação do PDT com o PT na Bahia. Como já mostrado pelo Portal M!, o governador Jerônimo Rodrigues (PT) anunciou, na última quarta-feira (30), a adesão do PDT à base governista.
“Não tem nada a ver, nem que saísse e virasse a posição, não tinha nada a ver. O PT da Bahia tem sua independência também e está respaldado nacionalmente”, frisou.
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