Lula privilegia Centrão e PT na liberação de emendas e irrita aliados à esquerda no Congresso
Bahia lidera repasses, PSD e União Brasil concentram valores; governo tenta barrar derrota sobre IOF e conter crise na base

O governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) acelerou, nos últimos dias, a liberação de emendas parlamentares como parte de uma estratégia política para assegurar apoio no Congresso. Os dados mais recentes do Sistema Integrado de Planejamento e Orçamento (Siop) mostram que, entre os dias 12 e 18 de junho, os partidos mais beneficiados com empenhos orçamentários foram o PSD, com R$ 95,2 milhões, e o União Brasil, com R$ 83,3 milhões. Juntas, as duas siglas concentram R$ 191,7 milhões.
O Partido dos Trabalhadores (PT) aparece em terceiro lugar, com R$ 80,1 milhões empenhados nos últimos dias e R$ 93,5 milhões no total de 2025. As emendas liberadas nesse período beneficiaram principalmente siglas que comandam ministérios, que somaram R$ 517,3 milhões – o equivalente a 75,7% de tudo que foi distribuído no intervalo.
Apesar da movimentação intensa, o governo ainda empenhou apenas 1,5% do total previsto para o ano, e o valor efetivamente pago não chega a 0,01%. A lentidão na execução das emendas preocupa deputados e senadores, que temem ficar sem entregas visíveis para apresentar em seus redutos eleitorais em 2026.
Insatisfação cresce entre partidos de esquerda fora do núcleo do governo
A priorização do Centrão e da base petista causou desconforto entre outras legendas da esquerda que compõem a base de sustentação do governo. Integrantes de partidos como PSB, Rede Sustentabilidade e PSOL afirmam que estão sendo preteridos no processo de liberação de recursos, sob o argumento de que o Planalto já conta com seus votos em votações estratégicas.
Segundo parlamentares dessas siglas, o Palácio do Planalto estaria utilizando as emendas como moeda de troca para salvar o decreto do ministro da Fazenda, Fernando Haddad, que aumentou a alíquota do Imposto sobre Operações Financeiras (IOF). A urgência para a votação do Projeto de Decreto Legislativo (PDL) 314/2025, que revoga a medida, já foi aprovada na Câmara na segunda-feira (16), e a proposta pode ir ao plenário a qualquer momento. A expectativa é de que a votação ocorra em julho.
Bahia lidera ranking de emendas e Eduardo Braga é o campeão individual
Entre os estados brasileiros, a Bahia foi o que mais teve recursos empenhados até o momento: R$ 144,4 milhões. O estado aparece muito à frente do Amazonas (R$ 59,5 milhões) e do Pará (R$ 58,8 milhões), que completam o pódio. São Paulo, estado mais populoso do país, ficou apenas na quinta posição, com R$ 44 milhões.
Na lista individual, os senadores Eduardo Braga (MDB-AM), Weverton Rocha (PDT-MA) e Marcos do Val (Podemos-ES) lideram o ranking de parlamentares com mais emendas empenhadas, com R$ 22,5 milhões, R$ 14,7 milhões e R$ 11,8 milhões, respectivamente. As emendas parlamentares podem ser destinadas a áreas como saúde, educação e infraestrutura urbana.
Apoio católico é pilar estratégico para Lula
A recente movimentação política ocorre em um cenário em que o presidente Lula mantém forte apoio em municípios majoritariamente católicos. Levantamento do Estadão, baseado nos dados do Censo 2022 do IBGE e do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), mostra que o petista venceu em 68,37% dos 500 municípios com maior proporção de católicos no segundo turno das eleições de 2022. Já o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) venceu com 55,51% nos 500 municípios mais evangélicos.
A geografia da religião no Brasil reflete o mapa da disputa eleitoral: o Nordeste e o norte de Minas Gerais concentram as cidades católicas e lulistas, enquanto Sul, Sudeste e Centro-Oeste abrigam os redutos evangélicos e bolsonaristas.
Contudo, especialistas alertam que a relação entre religião e voto não é absoluta. Em Arroio do Padre (RS), município mais evangélico do país (88,7% da população), Bolsonaro obteve 83,2% dos votos – resultado expressivo, mas que representa pouco mais de 1.900 eleitores. Já um recorte de 109 cidades com maioria católica e preferência por Bolsonaro indica que o conservadorismo religioso também pode se manifestar em apoio ao ex-presidente, com índices superiores a 70% dos votos nessas localidades.
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