Lula não participa dos atos do 1º de Maio e destaca fim da jornada 6×1 em meio à crise no INSS

Decisão ocorre por receio de novo esvaziamento das manifestações promovidas pelas centrais sindicais, como em 2024


Redação
Redação 01/05/2025 09:32 • Política
Lula não participa dos atos do 1º de Maio e destaca fim da jornada 6×1 em meio à crise no INSS - Ricardo Stuckert/PR

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) optou por não participar das celebrações do Dia do Trabalhador nesta quinta-feira (1º), decisão que remete aos anos de 2007 e 2008, quando também permaneceu no Palácio da Alvorada durante a data. A escolha ocorre em meio ao receio de novo esvaziamento das manifestações promovidas pelas centrais sindicais, como o que ocorreu em 2024.

Público reduzido em 2024 gerou constrangimento

Ministros do governo admitiram que a esquerda tem enfrentado dificuldades para mobilizar trabalhadores em atos públicos. O receio era de que Lula se expusesse a um novo constrangimento, como o registrado em 2024, quando um público reduzido compareceu à celebração do Dia do Trabalhador em São Paulo.

Em vez de participar presencialmente, Lula buscou reforçar uma pauta positiva com o anúncio de que o governo vai debater o fim da jornada 6 por 1. A proposta, considerada a principal bandeira das centrais neste ano, foi mencionada no pronunciamento oficial feito em rede nacional nesta terça-feira (30).

Pronunciamento destaca equilíbrio entre trabalho e bem-estar

Está na hora de o Brasil dar esse passo, ouvindo todos os setores da sociedade, para permitir um equilíbrio entre a vida profissional e o bem-estar de trabalhadores e trabalhadoras“, afirmou o presidente durante o discurso transmitido em rádio e TV.

Na véspera do 1º de Maio, Lula recebeu em Brasília representantes de centrais sindicais. Na reunião, os líderes entregaram uma pauta com demandas como a redução da jornada sem corte de salários, isenção do Imposto de Renda para quem ganha até R$ 5 mil e taxação dos super-ricos.

Muitos dos interlocutores do encontro são aliados antigos do presidente, com quem atuou no Sindicato dos Metalúrgicos do ABC, em São Bernardo do Campo. A proposta de revisão da jornada semanal foi adotada como eixo central das manifestações em todo o país.

Escândalo no INSS pressiona governo no Dia do Trabalhador

Em paralelo à agenda sindical, o governo lida com a crise provocada pelas fraudes no Instituto Nacional do Seguro Social (INSS). A Operação Sem Desconto, da Polícia Federal e da Controladoria-Geral da União (CGU), revelou um esquema de descontos indevidos em benefícios de aposentados e pensionistas.

Segundo a PF, o prejuízo estimado é de R$ 6,3 bilhões entre 2019 e 2024, podendo chegar a R$ 8 bilhões se considerados os casos desde 2016. Na quarta-feira (1º), parlamentares da oposição protocolaram o pedido de abertura de uma Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) para apurar as irregularidades.

Durante o pronunciamento, Lula tentou se distanciar da crise. “Foi o nosso governo que desmontou um esquema criminoso de cobrança indevida contra aposentados e pensionistas, que vinha operando desde 2019”, declarou, em referência ao período da gestão Jair Bolsonaro.

Carlos Lupi é mantido no cargo apesar de pressões

Apesar das pressões internas, Lula mantém Carlos Lupi (PDT) à frente do Ministério da Previdência. A crise levou à exoneração do então presidente do INSS, Alessandro Stefanutto, indicado por Lupi, e à nomeação do procurador federal Gilberto Waller Junior para o comando do instituto.

Nos bastidores, aliados defendem que a permanência de Lupi no cargo fragiliza a imagem do governo diante da gravidade das denúncias. Lula, no entanto, resiste à troca e determinou uma intervenção na estrutura do INSS para conter os danos políticos.

Histórico em atos do Dia do Trabalhador

Desde 2003, quando assumiu seu primeiro mandato, Lula participou de comemorações do 1º de Maio em sete das onze oportunidades em que esteve na Presidência. Em todos os anos entre 2003 e 2006, esteve presente na Missa do Trabalhador, em São Bernardo do Campo.

Em 2003, meses após a posse, afirmou durante o evento que a queda do dólar não seria vantajosa para o Brasil, devido à dependência das exportações. Em 2004, ouviu críticas à política econômica durante a cerimônia e, no mesmo dia, foi alvo de cobranças na festa da Força Sindical em São Paulo.

Nos anos seguintes, alternou entre participação em eventos religiosos e compromissos públicos, inclusive sob forte pressão. Em 2005, compareceu à missa mesmo sendo alvo de críticas por conta do escândalo do mensalão.

Em 2010, o ato do 1º de Maio serviu como plataforma de apoio à pré-candidatura de Dilma Rousseff, então ministra da Casa Civil. “Vocês sabem quem eu quero“, dissse Lula na ocasião.

Após 13 anos fora do Planalto, o presidente voltou a participar de uma manifestação no Vale do Anhangabaú em 2023, meses após os ataques de 8 de Janeiro. Naquele discurso, afirmou que os golpistas seriam responsabilizados.

No ano passado, o evento foi transferido para o estacionamento do estádio do Corinthians, em Itaquera. Na ocasião, Lula enfrentou duas situações adversas: fez pedido de voto antecipado para Guilherme Boulos (PSOL), o que fere a legislação eleitoral, e discursou diante de um público reduzido.

Mobilização sindical enfraquecida e críticas internas

Naquele ato de 2024, Lula repreendeu publicamente Márcio Macêdo, ministro responsável pela articulação com os movimentos sociais. Estimativas da USP apontaram que apenas 1.635 pessoas estiveram presentes na manifestação.

Críticas sobre a baixa adesão foram reforçadas em março por Edinho Silva, ex-prefeito de Araraquara e aliado de Lula. Em reunião com dirigentes do PT, afirmou que o partido precisava “suar sangue” para mobilizar 10 mil pessoas.

A cobrança interna aumentou após a manifestação bolsonarista de 16 de março, que reuniu 18,3 mil pessoas em Copacabana, no Rio, em defesa da anistia aos presos do 8 de Janeiro. O contraste entre os dois públicos gerou embaraço entre militantes petistas.

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