O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) lamentou o desabamento do teto da Igreja e Convento de São Francisco de Assis, no Pelourinho, Centro Histórico de Salvador, que deixou a cidade em choque na tarde desta quarta-feira (5). O acidente resultou na morte da jovem Giulia Panchoni Righetto, de 26 anos, natural de Ribeirão Preto (SP), e feriu outras cinco pessoas. Lula afirmou que o governo federal está à disposição para auxiliar as autoridades locais e apoiar a reconstrução do templo.

“Com tristeza e pesar, soube do desabamento do teto da Igreja e Convento de São Francisco de Assis, em Salvador, que resultou em uma vítima fatal e deixou outras seis pessoas feridas. O governo federal está à disposição das autoridades locais para auxiliar neste momento tão difícil, bem como na reconstrução desse lugar sagrado para milhares de brasileiros. Expresso minha solidariedade aos familiares e amigos de Giulia Panchoni Righetto, jovem que perdeu a vida na tragédia, e a todas as vítimas que ficaram feridas”, afirmou o petista em nota divulgada na noite de quarta-feira.

Governador e prefeito também lamentam tragédia

O governador da Bahia, Jerônimo Rodrigues (PT), e o prefeito de Salvador, Bruno Reis (União Brasil), também lamentaram a tragédia. Jerônimo destacou a rápida mobilização das equipes do Corpo de Bombeiros, do Samu, da Defesa Civil e da Polícia Técnica para prestar socorro e garantir a segurança no local. “Lamento profundamente o desabamento na Igreja de São Francisco de Assis. Minha solidariedade às vítimas e seus familiares”, disse o governador.

O prefeito Bruno Reis ressaltou a importância histórica e cultural da igreja, um dos principais pontos turísticos de Salvador. “É com profunda tristeza que recebemos a notícia do desabamento de parte do forro da Igreja de São Francisco. Quero expressar minha total solidariedade às vítimas, seus familiares e a toda a comunidade que frequenta esse importante templo religioso”, afirmou.

Circunstâncias do acidente

De acordo com a Defesa Civil de Salvador, o teto cedeu enquanto a igreja estava aberta à visitação pública. O coordenador da Defesa Civil, Sosthenes Macedo, informou que a parte central do templo desabou quase na totalidade, mas que as áreas laterais também estão sendo avaliadas devido ao risco de novos desmoronamentos.

A Polícia Civil, através do Departamento de Homicídios e Proteção à Pessoa (DHPP), instaurou inquérito para investigar as causas do acidente, especialmente a morte de Giulia, que estava na igreja como turista. A Polícia Federal também foi acionada para apoiar as investigações e enviou peritos ao local na manhã desta quinta-feira (6) para realizar os exames iniciais.

Alerta prévio e responsabilidades

O frade Pedro Júnior Freitas da Silva, guardião da igreja, revelou que havia alertado o Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan) sobre uma dilatação no forro do teto 2 dias antes do desabamento. Em carta enviada ao órgão, ele solicitou uma visita técnica para avaliar o problema e orientar sobre as medidas de conservação necessárias.

No entanto, o superintendente do Iphan na Bahia, Hermano Queiroz, afirmou que a responsabilidade pela manutenção da igreja é da Ordem Franciscana, proprietária do imóvel. Ele explicou que vistorias em bens tombados não são realizadas periodicamente pelo poder público, mas sim mediante solicitação ou identificação de riscos evidentes. Assim como ele, o presidente do Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan), Leandro Grass, que está em Salvador, disse, nesta manhã, que o documento enviado pelo frade não indicava que havia “risco eminente”, por isso órgão no Estado faria a vistoria apenas nesta quinta.

Investimentos recentes e medidas futuras

Em outubro de 2024, o Iphan havia anunciado um investimento de R$ 1,2 milhão para a elaboração de projetos de restauração da Igreja e Convento de São Francisco de Assis. A ordem de serviço foi assinada em reunião realizada na própria igreja, com a presença de representantes do Iphan, da Secretaria de Cultura da Bahia e da Prefeitura de Salvador. O objetivo era preservar o patrimônio barroco e fortalecer o conjunto arquitetônico como atrativo turístico.

Com o desabamento, novas medidas serão necessárias para garantir a segurança do local e a preservação do patrimônio histórico. A Defesa Civil de Salvador interditou a área e continua monitorando o estado da estrutura restante. A expectativa é que os resultados das investigações e das análises técnicas possam esclarecer as causas do acidente e orientar as próximas etapas da recuperação.

O desabamento na “igreja de ouro”, como é conhecida, deixa uma marca dolorosa na história de Salvador e levanta questões sobre a manutenção e preservação de patrimônios históricos no Brasil. Segundo o presidente do Iphan, a ministra da Cultura, a cantora baiana Margareth Menezes, está a caminho da capital baiana para acompanhar o caso.