Lula exonera ministros para garantir apoio nas eleições do Congresso

A poucos dias da eleição para as presidências da Câmara dos Deputados e do Senado, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) exonerou temporariamente dez ministros que possuem mandato parlamentar. A medida visa garantir o apoio dos congressistas aliados aos candidatos apoiados pelo governo nas votações deste sábadoeste sábado (1º).

Os deputados e senadores elegerão os novos presidentes da Câmara dos Deputados e do Senado Federal, que comandarão os trabalhos legislativos entre 2025 e 2027. As votações serão secretas, seguindo as regras da Constituição e dos regimentos internos de cada Casa. No Senado, a sessão está marcada para as 10h, e Davi Alcolumbre (União Brasil-AP) deve assumir o posto hoje ocupado por Rodrigo Pacheco (PSD-MG). Já na Câmara, a eleição ocorrerá às 16h e o favorito para suceder Arthur Lira (PP-AL) é o deputado federal Hugo Motta (Republicanos-PB). Os dois contam com amplos apoios políticos.

Ministros exonerados para votação

As exonerações foram publicadas no Diário Oficial da União desta sexta-feira (31) e ocorreram “a pedido”, ou seja, mediante solicitação dos próprios ministros. No entanto, duas ministras não foram incluídas na estratégia: Marina Silva (Meio Ambiente e Mudança Climática) e Sônia Guajajara (Povos Indígenas).

Senadores:

• Camilo Santana (PT-CE) – Educação
• Carlos Fávaro (PSD-MT) – Agricultura
• Wellington Dias (PT-PI) – Desenvolvimento Social

Deputados federais:

• Alexandre Padilha (PT-SP) – Relações Institucionais
• André Fufuca (PP-MA) – Esportes
• Celso Sabino (União-PA) – Turismo
• Juscelino Filho (União-MA) – Comunicações
• Luiz Marinho (PT-SP) – Trabalho
• Paulo Teixeira (PT-SP) – Desenvolvimento Agrário
• Silvio Costa Filho (Republicanos-PE) – Portos e Aeroportos

A decisão de não exonerar Marina Silva e Sônia Guajajara está relacionada a questões partidárias. Guajajara pertence ao PSOL, que tem candidatura própria na disputa pela presidência da Câmara, enquanto Marina é fundadora da Rede Sustentabilidade, partido federado ao PSOL, o que poderia gerar desconforto político caso apoiasse um nome alinhado ao governo. O ministro dos Transportes, Renan Filho (MDB-AL), também deve ser exonerado para participar da eleição, mas a oficialização ainda não foi publicada no Diário Oficial.

Haddad destaca relação com líderes do Congresso

Com os ministros exonerados temporariamente, o governo Lula intensifica a articulação para consolidar apoio no Congresso e garantir que as eleições na Câmara e no Senado favoreçam seus interesses políticos e econômicos. O ministro da Fazenda, Fernando Haddad (PT-SP), inclusive, já afirmou ter uma relação “excelente” com os dois principais candidatos à presidência do Congresso: o deputado Hugo Motta (Republicanos-PB) e o senador Davi Alcolumbre (União-AP). Segundo o petista, Motta tem demonstrado interesse na agenda econômica do governo, e os dois mantêm um diálogo constante.

O ministro também destacou a importância de uma agenda econômica forte no Senado, mencionando seu recente encontro com Alcolumbre. Entre as prioridades do governo, Haddad citou a ampliação da faixa de isenção do Imposto de Renda para salários de até R$ 5 mil, uma das metas da equipe econômica para os próximos anos.