Presente em Salvador para o desfile cívico do 2 de julho, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) comentou, na manhã desta quarta-feira (2), sobre o envio do projeto de Lei que reconhece a data como o Dia Nacional da Consolidação da Independência do Brasil, mas confirmou que a proposta não transforma a data em feriado nacional. A posição marca um recuo em relação ao que foi prometido por ele no ano passado, durante a mesma celebração, quando declarou que faria do 2 de julho um feriado em todo o país como já acontece na Bahia.

Em entrevista à TV Bahia, o presidente celebrou o início das operações da fábrica da montadora chinesa BYD, instalada em Camaçari, na Região Metropolitana de Salvador (RMS). Apesar de já estar na capital baiana, o presidente ainda não se juntou ao desfile cívico, previsto para acontecer por volta das 9h30. Antes de desfilar na ala do governador Jerônimo Rodrigues (PT), o petista resolveu visitar o Convento da Soledade.

Lula recua de promessa e diz que Brasil já tem feriados demais

Embora o projeto de Lei enviado ao Congresso Nacional reforce o reconhecimento histórico do 2 de Julho, Lula afirmou que não pretende ampliar o número de feriados no Brasil. A declaração contraria a promessa feita durante o desfile de 2024, quando garantiu que tornaria a data um feriado nacional. Segundo ele, o objetivo é destacar a importância simbólica do episódio ocorrido em 1823, e não necessariamente suspender o expediente no país inteiro.

“O reconhecimento já é feriado na Bahia. O reconhecimento é uma coisa muito mais importante do que um feriado”, afirmou Lula.

Ele também declarou que o Brasil já tem “um dia para tudo” e a criação de novos feriados não é prioridade. Para o presidente, o essencial é garantir que a história do 2 de Julho entre nos livros escolares e seja conhecida pelas novas gerações.

2 de Julho é a verdadeira data da consolidação da independência, diz Lula

Ao comentar o conteúdo do projeto de Lei, Lula reforçou que a data representa um marco decisivo na independência do Brasil. Embora o 7 de Setembro seja amplamente celebrado, o presidente afirmou que a consolidação só ocorreu com a expulsão definitiva das tropas portuguesas da Bahia, em 1823.

“O 2 de Julho, para mim, é um dia muito, mas muito importante, porque foi um dia definitivo que o baiano disse: ‘o Dom Pedro já decretou a independência, agora vocês pirem daqui porque nós queremos ser donos do Brasil’”, disse o presidente, destacando o protagonismo da população baiana no processo.

Assim como no ano passado, quando participou pela terceira vez consecutiva do desfile cívico, Lula afirmou ainda que grande parte do país desconhece a importância da data porque ela não é abordada com profundidade nos livros didáticos. Segundo ele, o 2 de Julho é um exemplo de como a história oficial costuma ser contada apenas do ponto de vista dos vencedores, ignorando a luta dos que realmente garantiram a liberdade.

Presidente quer filmes sobre a história brasileira e critica apagamento

Ainda na entrevista, Lula defendeu o incentivo à produção de filmes históricos como forma de corrigir distorções narrativas no ensino da história nacional. Ele revelou conversas com a ministra da Cultura, Margareth Menezes, e com cineastas para viabilizar a produção de ao menos dez obras audiovisuais sobre lutas populares fundamentais.

Segundo Lula, o reconhecimento oficial do 2 de Julho pode servir como ponto de partida para uma revisão mais ampla sobre a história do Brasil e seu ensino nas escolas. O petista enfatizou que muitas das conquistas do povo brasileiro não ganharam destaque nos registros oficiais e precisam ser resgatadas.

Lula celebra chegada da BYD em Camaçari e retomada da indústria na Bahia

Além de abordar a importância histórica do 2 de Julho, Lula comemorou o início da fase de testes da fábrica da BYD, instalada no antigo complexo da Ford em Camaçari. O presidente ressaltou que a montadora chinesa marca a retomada da indústria automobilística na Bahia e a geração de milhares de empregos para a população.

“A BYD vai começar fazendo montagem de carro, depois vai começar a produzir peças aqui e, depois, o carro vai ser feito inteiramente aqui”, afirmou Lula ao lamentar por não ter participado da inauguração que ocorreu nesta última terça-feira (1º), mas voltará possivelmente em agosto, em Camaçari, para a inauguração do pleno funcionamento da fábrica chinesa, com produção de peças e veículos em solo baiano e não somente a montagem dos veículos como neste primeiro momento.

A unidade da BYD terá capacidade inicial para produzir até 150 mil veículos por ano, podendo dobrar essa marca em 2026. Os modelos Dolphin Mini e Song Pro serão os primeiros carros elétricos montados no Brasil, em um investimento que promete transformar o Estado em referência no setor de mobilidade elétrica.

Lula lembrou ainda que a saída da Ford, em 2021, representou um duro golpe para a economia baiana e que a chegada da BYD representa “vida nova” para o desenvolvimento industrial da região. Ele reforçou que o governo federal trabalha para garantir poder de compra à população, gerando demanda para os produtos fabricados no país.