O presidente Luiz Inácio Lula da Silva se reuniu com a equipe econômica nesta segunda-feira (4) para discutir medidas de corte de gastos que devem impactar diversos ministérios. A convocação de ministros de pastas que serão diretamente afetadas gerou um clima tenso, com discussões e cobranças sobre as decisões de contenção de despesas e o objetivo de zerar o déficit público em 2024.

A reunião, iniciada às 15h30 e com duração de três horas, foi marcada pela presença de ministros da Fazenda, Casa Civil, Planejamento e Gestão, além de outros integrantes do governo. O encontro também contou com a presença de ministros de pastas que devem sofrer cortes, como Nísia Trindade (Saúde), Camilo Santana (Educação) e Luiz Marinho (Trabalho), convocados durante o evento após a secretária-executiva da Casa Civil, Miriam Belchior, questionar a ausência de titulares das áreas afetadas.

“Haddad fez uma explicação das medidas em análise”, afirmaram auxiliares dos ministros, segundo informações do Blog da Julia Duailibi. As medidas, que buscam adequar as despesas ao arcabouço fiscal, estão sendo tratadas com cautela, e o conteúdo específico das propostas segue sob sigilo.

Segundo o blog, houve insatisfação por parte dos ministros afetados, que criticaram tanto a meta rígida de zerar o déficit público no próximo ano quanto a falta de comunicação direta da equipe econômica com os ministérios envolvidos. Ministros estariam, inclusive, chateados por tomar conhecimento das medidas pela imprensa, e não pela equipe econômica.

O presidente Lula, durante a reunião, limitou-se a ouvir os argumentos apresentados pelos titulares das pastas e não emitiu qualquer decisão sobre as propostas. A expectativa de um anúncio logo após o encontro foi frustrada, e novos encontros foram agendados para esta terça-feira (5) com representantes de outros ministérios afetados, como Desenvolvimento Social, de Wellington Dias, e Previdência Social, de Carlos Lupi.

Um dos pontos em discussão é o estabelecimento de um teto global de crescimento para despesas obrigatórias, que seria limitado a 2,5% acima da inflação, conforme o arcabouço fiscal. A medida visa limitar o crescimento das despesas obrigatórias e promover equilíbrio nas contas públicas, com a possibilidade de tratamento como PEC (Proposta de Emenda Constitucional).

Haddad já destacou que a intenção das medidas é alinhar a evolução das despesas ao arcabouço fiscal, considerando o objetivo de sustentabilidade fiscal.