Lula compara destruição em Gaza à situação do Brasil após governo Bolsonaro
Presidente faz balanço da gestão, fala sobre escândalo do INSS, eleições de 2026 e divergências internas sobre agenda internacional

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) comparou o cenário de devastação deixado pelo governo de Jair Bolsonaro (PL) à destruição provocada pela guerra na Faixa de Gaza. A fala ocorreu durante entrevista ao podcast Mano a Mano, comandado pelo rapper Mano Brown, ao relembrar o estado da máquina pública no início de seu terceiro mandato.
“Quando chegamos aqui, pegamos um país semidestruído. Eu, de vez em quando, olho para a destruição na Faixa de Gaza e fico imaginando o Brasil que nós encontramos. Aqui a gente não tinha mais Ministério do Trabalho, da Igualdade Racial, dos Direitos Humanos, da Cultura. Tinha sido uma destruição proposital”, declarou Lula.
A analogia foi feita em meio à crise humanitária em Gaza, provocada pelos bombardeios israelenses que já causaram a morte de milhares de pessoas e a destruição de escolas, hospitais e moradias. A comparação gerou reações nas redes sociais e no meio político, dividindo opiniões sobre o uso de um conflito internacional como referência para a crítica ao governo anterior.
Desempenho econômico e custo de vida em alta
Ao longo da entrevista, Lula fez um balanço de sua gestão. Destacou a queda no desemprego e a retomada de indicadores econômicos positivos, mas reconheceu as dificuldades enfrentadas pela população com a alta no custo de vida. “As coisas realmente ainda não chegaram ao ponto que eu quero que chegue”, disse. “O custo de vida baixou muito em 2023, depois aumentou em 2024.”
Entre os exemplos citados pelo presidente estão o encarecimento de itens básicos como o café e os ovos, que afetaram especialmente os consumidores de baixa renda. O tema da inflação tem sido uma das principais fontes de desgaste para o governo, mesmo diante da melhora em outros indicadores econômicos.
Relação com o Congresso e articulação política
Lula também abordou as dificuldades de articulação com o Congresso Nacional, destacando a baixa representatividade do PT na atual legislatura. “Eu tenho 70 deputados de 513. E 9 senadores de 81. Então, você percebe que a dificuldade é imensa”, disse. O presidente reforçou que, para governar, foi necessário firmar alianças com partidos do centro e da direita.
Na mesma semana, o Congresso impôs derrotas ao Planalto, como a derrubada de vetos presidenciais em projetos ligados à regulamentação da energia eólica em alto-mar. Lula reconheceu que negociações são parte essencial do processo democrático, mas apontou as limitações de sua base legislativa.
Escândalo no INSS e eleições de 2026
Outro tema abordado foi o escândalo dos descontos indevidos em aposentadorias e pensões do INSS, que resultou na Operação Sem Desconto, deflagrada pela Polícia Federal. Lula admitiu que o episódio é prejudicial para a imagem do governo, mas defendeu a atuação do Executivo na investigação. “Foi o nosso governo que investigou e deu transparência ao caso”, argumentou.
Sobre a eleição presidencial de 2026, o presidente não confirmou se disputará a reeleição, mas afirmou que, caso entre na corrida, será com o objetivo de vencer. Lula mencionou os possíveis candidatos da oposição que surgem com a inelegibilidade de Jair Bolsonaro, como os governadores Romeu Zema (Novo), Ronaldo Caiado (União Brasil), Ratinho Júnior (PSD) e Tarcísio de Freitas (Republicanos). “Podem procurar o candidato que quiserem. Se eu for candidato, é para ganhar”, declarou.
Divergências internas sobre viagens internacionais
Nos bastidores do governo, a agenda internacional do presidente tem sido alvo de divergências entre assessores do Palácio do Planalto e lideranças do Partido dos Trabalhadores. Enquanto o ministro da Secretaria de Comunicação Social (Secom), Sidônio Palmeira, defende que Lula concentre sua presença no Brasil para reconquistar apoio popular, dirigentes do PT acreditam que as viagens ao exterior são estratégicas para a política externa.
Para a Secom, o distanciamento do presidente das pautas cotidianas e de temas locais dificulta a percepção popular das entregas do governo. Já para os defensores da agenda global, Lula precisa reposicionar o Brasil no cenário internacional e reforçar alianças estratégicas.
Apesar dos diferentes pontos de vista, ambos os grupos reconhecem que o governo enfrenta uma fase de desgaste político e dificuldades na comunicação com a população. As definições sobre os rumos da presidência para o segundo semestre devem ser influenciadas por esse embate interno e pela pressão por resultados concretos.
Rejeição chega a 56%
Levantamento do instituto PoderData, feito entre 31 de maio e 2 de junho de 2025, mostrou que 56% dos entrevistados desaprovam a gestão do presidente Lula. O resultado reflete os impactos negativos das denúncias sobre cortes irregulares em benefícios de aposentados e pensionistas.
Diante do cenário, o governo tenta reagir, elaborando ações para recuperar a imagem do presidente e fortalecer sua participação em eventos com apelo popular no Brasil, mesmo com compromissos no exterior.
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