O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) afirmou, neste último domingo (2), que o mundo não pode apenas exigir do Brasil a preservação da Floresta Amazônica, mas deve contribuir com investimentos que garantam condições de vida dignas para as populações que vivem na região. A declaração foi dada durante sua visita à Comunidade Jamaraquá, na Floresta Nacional do Tapajós, no Pará.

“A gente está obrigando o mundo a olhar a Amazônia com os olhos que deve olhar a Amazônia. Não é só pedir para a gente manter a floresta em pé. É preciso pedir para a gente manter a floresta em pé e, para ela ficar em pé, nós temos que dar sustentação econômica, educacional, de saúde para as pessoas que tomam conta dessa floresta”, declarou o presidente.

Lula defende responsabilidade compartilhada pela preservação

O discurso foi feito às vésperas da Conferência das Nações Unidas sobre Mudanças Climáticas (COP30), que será realizada, a partir da próxima segunda-feira (10), em Belém (PA) em 2025. Lula destacou que o evento é uma oportunidade de mostrar ao mundo a realidade amazônica e o protagonismo das comunidades locais.

“É obrigação dar as condições para as pessoas que moram na região tomarem conta da floresta. A COP é esse momento extraordinário em que o mundo vai conhecer não apenas a Amazônia, mas o povo da Amazônia, para ver que povo maravilhoso, que povo extraordinário”, completou.

Marina Silva destaca avanços e metas ambientais

Ao lado do presidente, a ministra do Meio Ambiente e Mudança do Clima, Marina Silva (Rede), reforçou que o país tem conseguido reduzir significativamente o desmatamento. Segundo ela, a bioeconomia, o extrativismo e o artesanato são caminhos viáveis para o desenvolvimento sustentável na região.

“A gente já reduziu em dois anos em 50% o desmatamento na Amazônia, 32% no país inteiro. Os incêndios até agora tiveram uma redução de 50% no País inteiro, mais de 80% na Amazônia, 90% no Pantanal e 48% no Cerrado”, destacou Marina.

A ministra lembrou que o governo mantém o compromisso de zerar o desmatamento até 2030, meta que, segundo ela, depende do apoio internacional e de políticas que conciliem preservação ambiental e inclusão econômica.

Bioeconomia e transição energética no centro das políticas

Marina também agradeceu a Lula por tê-la reconduzido ao cargo pela terceira vez e fez referência ao legado ambiental do presidente. “Eu comecei, nós dois juntos, eu com 45 anos, agora eu tenho 67 anos. E eu tenho a alegria de ver que todas as sementes que o senhor plantou, que o senhor se comprometeu com o Chico Mendes quando ele ainda era vivo, o senhor agora está colhendo e plantando mais sementes”, disse.

Segundo Marina, o país deve seguir investindo em transição energética e redução da dependência de combustíveis fósseis. “Eu gosto quando o presidente diz que é preciso sair da dependência do uso de combustível fóssil. Não é fácil, mas se Deus quiser, nós haveremos de traçar o mapa do caminho.”

Brasil quer protagonismo ambiental na COP30

A COP30, que será sediada em Belém (PA) entre 10 e 21 deste mês de novembro, deve reunir delegações de quase 200 países, além de cientistas, ambientalistas e representantes de povos tradicionais. O evento é visto pelo governo como uma oportunidade para o Brasil reafirmar seu papel de liderança global na agenda climática, especialmente após os resultados recentes de redução do desmatamento e retomada de políticas ambientais suspensas em gestões anteriores.

Desde o retorno de Lula ao Planalto, o país voltou a integrar fóruns internacionais sobre clima e biodiversidade e relançou programas como o Fundo Amazônia, voltado a financiar projetos de conservação e desenvolvimento sustentável. A estratégia, segundo interlocutores do Ministério do Meio Ambiente, é posicionar o Brasil como ponte entre países desenvolvidos e nações em desenvolvimento, defendendo que o financiamento climático seja mais justo e alcance comunidades locais que vivem diretamente da floresta.