O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) afirmou neste domingo (2), durante visita à Aldeia Vista Alegre, em Santarém (PA), que a comunidade indígena Capixauã terá acesso à energia elétrica. A promessa foi feita durante uma roda de conversa com caciques do povo Kumaruara, acompanhada pelas ministras Sonia Guajajara e Marina Silva, e pela presidente da Funai, Joenia Wapichana.

Durante o encontro, Lula destacou que estranhou a ausência de energia na aldeia e afirmou que a instalação será prioridade do governo. Ele disse que o fornecimento pode ser garantido com o uso de energia solar, preservando o meio ambiente e melhorando a qualidade de vida dos moradores.

“Hoje a energia é a coisa mais fácil para a gente fazer, porque a gente pode fazer placa solar, preservar o ambiente e trazer energia para vocês. Eu prometo que vocês vão ter energia aqui na comunidade”, disse o presidente.

Lula anuncia criação de universidade indígena

Ainda durante a agenda, Lula afirmou que anunciará até 17 de novembro a criação da primeira universidade indígena do Brasil. A instituição terá sede em Brasília, com polos de extensão em todos os estados. O objetivo, segundo ele, é permitir que os jovens indígenas estudem perto de onde moram, sem precisar se deslocar para a capital federal.

“Vamos anunciar uma universidade indígena porque já temos uma ministra indígena, a Funai indígena e o chefe da saúde indígena. Falta uma universidade indígena”, afirmou. O presidente reforçou que o novo projeto de ensino superior é um passo para ampliar o acesso à educação indígena e fortalecer políticas públicas voltadas aos povos originários.

Durante o evento, Lula também se comprometeu a atender às demandas da comunidade nas áreas de saúde, habitação, demarcação territorial, água e energia. Ele disse que o ministro de Minas e Energia deve visitar o local em breve para discutir a ampliação da rede elétrica.

Funai reforça demarcação e anuncia novos servidores

A presidente da Fundação Nacional dos Povos Indígenas (Funai), Joenia Wapichana, reforçou o compromisso do governo com a demarcação de terras e informou que a instituição recebeu 502 novos servidores. Segundo ela, o processo de demarcação da terra indígena Munduruku, declarada em 2016, está previsto para ser concluído no primeiro semestre de 2026.

Joenia agradeceu o presidente pela retomada da estrutura da Funai e destacou que os avanços só serão possíveis com recursos contínuos. “Nós estamos com a demarcação programada e reforçada. É um cronograma que já está em andamento”, explicou.

Marina Silva defende preservação e demarcação de terras

A ministra do Meio Ambiente, Marina Silva (Rede), ressaltou que a atual gestão reduziu o desmatamento nas unidades de conservação e destacou a importância de consolidar as demarcações de terras indígenas. Ela lembrou que o governo nomeou as primeiras mulheres indígenas para cargos de destaque, como a ministra dos Povos Indígenas e a presidente da Funai.

Marina afirmou que o compromisso ambiental do governo está diretamente ligado à proteção dos territórios tradicionais e que o fortalecimento das políticas públicas ambientais depende da presença do Estado nas comunidades.

Lula critica invisibilidade dos povos indígenas

Lula também afirmou que muitas autoridades da capital federal ainda não enxergam as comunidades indígenas. Segundo ele, durante décadas, os povos originários foram esquecidos pelas políticas públicas e tratados como inexistentes. “A verdade é que, lá de Brasília, as pessoas não enxergam vocês. Eu vim aqui para dizer que vocês existem, têm dignidade, caráter e as mesmas necessidades que qualquer brasileiro”, declarou.

O presidente disse que, apesar dos avanços, ainda há muito a ser feito. “Não tem ninguém que tenha demarcado mais terras indígenas do que nós, mas tudo o que fizemos ainda é pouco diante de tantos anos de esquecimento. Temos que correr cada vez mais”, completou.

Durante a agenda, Lula brincou com as ministras que o acompanhavam e afirmou que elas têm quatro meses para atender às demandas da aldeia antes de se afastarem para disputar as eleições do próximo ano.