O governador da Bahia, Jerônimo Rodrigues (PT), respondeu nesta quarta-feira (4) às críticas feitas pelo ex-prefeito de Salvador, ACM Neto (União Brasil), após a polêmica envolvendo o uso de um chapéu de couro nordestino em evento no interior do estado. Em tom de ironia, o petista havia se referido a Neto como “vaqueiro de playground”, o que gerou reação imediata do opositor, que disse que o governador estava “sem ter o que fazer”.

Durante coletiva no Centro Administrativo da Bahia (CAB), após assinatura de convênios com 57 organizações da sociedade civil por meio do Fundo de Promoção do Trabalho Decente (Funtrad), Jerônimo minimizou a repercussão e voltou a comentar o episódio, desta vez alfinetando o figurino utilizado por ACM Neto, que incluía cinto e sapatos sociais.

“Quando alguém bota um chapéu de couro, um gibão, ajuda a gente a divulgar, nós que gostamos de vaquejada, de corrida de animais. Mas pegou nele, ele achou que pegou nele… Não há problema. Ele usou para fazer uma imagem, uma cena. Eu vi depois nas redes sociais o sapato que ele estava usando e o cinto que ele estava usando. Não tem nada a ver com vaqueiro, mas não incomoda, não. Eu quero trabalhar”, afirmou o governador.

A declaração de Jerônimo foi uma resposta direta à publicação feita por ACM Neto nas redes sociais. O ex-prefeito havia dito que “o governador está sem ter o que fazer” e que, em vez de governar, prefere “fazer piada com os outros”. A troca de farpas revela o acirramento das tensões políticas entre governo e oposição no estado, em meio a articulações para as eleições municipais de 2026.

Jerônimo diz confiar na recuperação de Lula após rejeição recorde

Ainda durante o evento no CAB, Jerônimo foi questionado sobre a nova pesquisa Genial/Quaest, divulgada nesta quarta-feira (4), que aponta uma rejeição de 57% ao governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) — o pior índice desde o início do mandato, em janeiro de 2023.

Apesar do cenário desfavorável, o governador baiano disse confiar na recuperação da imagem do presidente junto à população e indicou que a crise no INSS, com suspeitas de fraudes na concessão de benefícios, pode ter contribuído para a queda nos índices.

“Eu respeito as pesquisas, não me debrucei sobre ela ainda, mas tenho muita confiança de que o Lula vai melhorar bastante. Houve uma queda, talvez — e aqui é uma avaliação minha — por conta da situação da Previdência”, avaliou Jerônimo.

‘Minha obrigação é trabalhar pela Bahia’, diz Jerônimo

Durante a coletiva, Jerônimo também reforçou que seu governo atua de forma republicana, sem distinção partidária. Ele citou uma agenda recente no município de Barreiras como exemplo de diálogo com gestores que não o apoiaram na eleição.

“Ontem estive com um prefeito que não votou em mim e nem fiz campanha para ele. Minha obrigação é trabalhar por Barreiras, pelo Oeste e por toda a Bahia, independente de quem esteja na gestão municipal”, destacou.

A fala foi mais uma tentativa do governador de reforçar seu discurso de união e trabalho acima das disputas políticas, enquanto a oposição o acusa de perseguição e aparelhamento.

Expectativa com nova fase da Secom

Jerônimo também destacou que a comunicação do governo federal pode melhorar com a recente nomeação do publicitário baiano Sidônio Palmeira como novo ministro da Secretaria de Comunicação (Secom). Segundo o governador, a atuação de Sidônio será estratégica para ampliar o alcance das ações do governo, sobretudo no interior do país.

“No nosso estado, tenho percorrido muitos municípios e vejo, na prática, uma avaliação muito boa. Espero que essa percepção que tenho na prática, ontem mesmo vi em Barreiras, também apareça refletida nas pesquisas. Vamos trabalhar para reverter aquilo que, de fato, for reflexo da realidade na pesquisa e, ao mesmo tempo, levar às pessoas aquilo que, porventura, a pesquisa não conseguiu captar”, concluiu.