O governador Jerônimo Rodrigues (PT) afirmou, nesta terça-feira (4), que a Operação Freedom, deflagrada pela Polícia Civil da Bahia nesta manhã, teve como objetivo asfixiar o núcleo financeiro do Comando Vermelho (CV) e desarticular a atuação da facção no Estado. Até o momento, 37 pessoas foram presas. A declaração foi dada durante evento realizado no Centro de Operações e Inteligência (COI), no Centro Administrativo da Bahia (CAB), no mesmo dia em que o petista anunciou um amplo pacote de investimentos em segurança pública.

“Em algum lugar está a fonte financeira, em algum lugar, assim como nós vimos a Faria Lima, aqui em Salvador também tem os bairros nobres que devem guardar essas fontes, mas que ninguém toca. Quem paga a conta é a comunidade de povo, e quem vai embora são os nossos filhos negros”, disse Jerônimo.

Críticas ao enquadramento do crime organizado como terrorismo

Durante o discurso, Jerônimo também criticou a tentativa de equiparar crime organizado e terrorismo, discussão levantada a partir de projeto enviado pelo governo federal ao Congresso Nacional, que está em tramitação. Para ele, o tema exige cautela e conhecimento técnico.

“Estamos falando de duas coisas diferentes, muito embora não sejam boas para nós. Mas quando se coloca o tema do terror ou do terrorismo, é novamente quando enxergam a nossa soberania. Cuidado com o que a gente fala, porque, na medida que a gente escreve lá, são agendas ligadas ao terrorismo, e a gente novamente chama os Estados Unidos para ocupar o território brasileiro”, afirmou o governador, reforçando que o combate às facções deve ocorrer “com polícia, justiça e oportunidades”.

Presença do Estado e políticas sociais como complemento

Além das ações repressivas, o governador aposta em programas de prevenção à violência e promoção da cidadania, como o Bahia Pela Paz, que transforma 149 escolas públicas em espaços de esporte e cultura nos fins de semana, e o Corra pro Abraço, que será ampliado para Ilhéus, Itabuna e Alagoinhas. Também estão previstas a construção de três Casas da Mulher Brasileira e três Centros Comunitários pela Vida (Convive) até 2026.

Jerônimo Rodrigues reforçou que segurança pública exige integração entre as forças policiais e investimento social. “Nós abrimos as escolas durante as férias, 20 dias, 30 dias. É preciso enfrentar o crime organizado com polícia, mas também com oportunidades”, disse.

De acordo com o governador, desde 2023, o Estado já incorporou 7,3 mil novos agentes entre concursos e convocações, entregou 6.300 viaturas, 20 mil coletes balísticos, 3.787 armas de grosso calibre e um helicóptero para o Corpo de Bombeiros. O sistema de reconhecimento facial, presente em 81 municípios, contribuiu para mais de 3.700 prisões apenas no primeiro semestre de 2025.

Pacote inclui concursos, novas viaturas e expansão do sistema prisional

Em paralelo à megaoperação que acontece desde cedo em Salvador, o governador anunciou um conjunto de medidas que somam mais de R$ 1 bilhão em investimentos desde 2023, voltadas à reestruturação das forças de segurança e ao fortalecimento da inteligência policial. Entre as ações estão concursos com 750 vagas para a Polícia Civil, convocação de 85 oficiais da Polícia Militar, 41 do Corpo de Bombeiros e 153 policiais penais, além da entrada em serviço de 2 mil novos policiais militares até o fim deste ano e o chamamento de 600 reservistas da PM.

O plano prevê também a entrega de 500 novas viaturas até o próximo ano, a construção de 66 unidades operacionais das forças policiais e a ampliação em 1.756 vagas do sistema prisional baiano. Segundo Jerônimo, as ações buscam garantir melhores condições de trabalho e ampliar a presença do Estado em regiões vulneráveis.

“Nós não abriremos mão de continuar tentando fazer o Estado ser o que foi em outros momentos: um Estado forte”, afirmou.

Inteligência e tecnologia como pilares do enfrentamento

O pacote inclui a implantação do Programa de Policiamento Orientado pela Inteligência, que integra bases de dados e análises criminais para definir estratégias de ação em tempo real. Além disso, serão construídos o novo Centro de Formação e Aperfeiçoamento de Praças da Polícia Militar e a nova sede do Departamento de Polícia Técnica (DPT).

Entre os investimentos tecnológicos, estão a aquisição de drones para monitoramento de grandes eventos, equipamentos periciais de alta precisão e sistemas de análise de combustíveis e bebidas adulteradas, que fortalecem o trabalho investigativo. Para o secretário estadual de Segurança Pública, Marcelo Werner, o momento marca uma virada estrutural na política de segurança baiana.

“A Bahia está consolidando um novo patamar de estrutura e eficiência na segurança pública, investindo na ampliação do efetivo, na formação de novos profissionais e em tecnologia para respostas mais rápidas e qualificadas”, destacou.