Jaques Wagner critica Banco Central e diz que governo pode negociar com supermercadistas para conter alta nos preços dos alimentos
Senador também rebateu a tese de que a liberação de crédito agrava a inflação

O senador Jaques Wagner (PT) criticou, nesta sexta-feira (14), a visão do Banco Central sobre a relação entre crédito e aumento inflacionário. Segundo ele, fatores externos, como problemas climáticos e de produção em outros países, contribuíram para a elevação dos preços de produtos como café, ovos e cacau.
“Minimizar esse problema para a população, principalmente a de menor poder aquisitivo, é fundamental. Agora, é bom lembrar que ninguém quer fazer tabelamento, porque isso não funciona. Mas podemos ampliar importações, negociar com supermercadistas e buscar alternativas para reduzir os preços”, afirmou em entrevista ao Informe Baiano.
Wagner rebateu a tese de que a liberação de crédito agrava a inflação. “Se for para escolher entre o juro subir ou o povo passar fome, eu vou preferir que o povo não passe fome. O governo não vai abraçar essa lógica de que a inflação só se mantém se as pessoas não puderem comer”, declarou.
Ele citou a iniciativa do governo federal de liberar crédito consignado para trabalhadores CLT e pequenos empreendedores como medida para reduzir os juros e incentivar a economia. “Tem gente que só olha a economia sob um aspecto. O presidente está ampliando crédito para quem precisa, e isso faz diferença na vida das pessoas”, disse.
Alternativas para conter preços
O senador ressaltou que o governo federal busca medidas para conter o impacto da inflação, incluindo negociações com supermercadistas e estímulo ao crédito para consumidores. Ele reforçou que a liberação de crédito não deve ser vista como ameaça à economia.
“O presidente está tentando soluções como ampliar a importação e reduzir margens de lucro. Agora, ninguém aqui está a fim de fazer tabelamento, porque isso não funciona”, pontuou. “Nós não podemos aceitar essa ideia de que ou o povo passa fome ou os juros sobem. Se for isso, eu prefiro que o povo não passe fome”, disse.
Medidas e oposição
Wagner descartou a possibilidade de intervenção direta nos preços e enfatizou que a solução passa por estratégias que ampliem a oferta e garantam preços mais acessíveis.
“O que o presidente está fazendo é verificar se é possível ampliar a importação, chamar os supermercadistas para um acordo de redução de preço ou redução da margem de lucro“, justificou.
Ele também destacou que a liberação de crédito consignado é uma estratégia voltada para trabalhadores formais e pequenos empresários, visando aliviar o impacto da alta dos preços. Segundo Wagner, essa medida contraria a visão do Banco Central sobre os efeitos do crédito na inflação.
“Agora, não é uma coisa que está vinculada à gestão da economia. Isso para mim é papo furado da oposição. Uma das opções do presidente é liberar mais crédito para a população. Ele anunciou que vai liberar agora o crédito consignado para pessoas de CLT. Só que aí vai contra o que o Banco Central fala, que se liberar mais crédito a inflação aumenta”, afirmou.
Haddad prevê alívio nos preços dos alimentos com queda do dólar
Na última semana, o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, afirmou que a recente queda do dólar e a expectativa de safra recorde em 2025 pode contribuir com a diminuição da pressão sobre os preços dos alimentos nos próximos meses.
“Isso já ajuda muito”, afirmou ao ser questionado sobre a ata mais recente do Comitê de Política Monetária (Copom), que previu um “cenário adverso” para a inflação dos alimentos no médio prazo.
Haddad também se mostrou confiante quanto à produção agrícola, destacando a expectativa de uma safra recorde em 2025. “Estou muito confiante de que a safra deste ano, por todos os relatos que eu tenho tido do pessoal do agro, vai ser uma safra muito forte. Isso também vai ajudar”, completou, referindo-se ao impacto positivo que a produção agrícola pode ter sobre os preços.
Cenário econômico e seus efeitos no mercado alimentar
A ata do Copom apontou que o aumento nos preços dos alimentos foi influenciado por uma série de fatores, incluindo a estiagem observada ao longo do ano passado e a elevação nos preços das carnes, que também foi impactada pelo ciclo do boi. Essas variáveis contribuíram para uma inflação considerável nos itens alimentícios, gerando uma preocupação no curto prazo.
O ministro ressaltou que o cenário econômico, com a redução do dólar e uma previsão de safra forte, ajudará na estabilização da inflação. Ele também lembrou que o governo, em conjunto com o Congresso, está promovendo um esforço fiscal, com a contenção de R$ 30 bilhões no Orçamento, com o intuito de aliviar a pressão fiscal sobre a política monetária.
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