A deputada licenciada Carla Zambelli (PL-SP) pode ser presa a qualquer momento em território italiano, segundo informou, nesta quinta-feira (12), o embaixador do Brasil em Roma, Renato Mosca. Nesta semana, o Supremo Tribunal Federal (STF) enviou o pedido de extradição da parlamentar, que está na lista vermelha da Interpol.

“Há uma mobilização para deter a deputada, porque ela está na lista vermelha de difusão da Interpol. As autoridades judiciais italianas acataram o pedido e, hoje, ela poderá ser presa a qualquer momento”, afirmou Mosca em entrevista à Globonews.

Prisão não pode ocorrer em domicílio

O diplomata explicou que, conforme as leis italianas, Zambelli não pode ser detida em locais considerados invioláveis, como residências e quartos de hotel. Entretanto, o mandado pode ser cumprido em outros espaços públicos.

“Há um mandado de prisão provisória para fins extradicionais que é o mandado a partir do pedido da Interpol solicitado pelo governo brasileiro, que foi referendado pelas autoridades judiciais italianas”, acrescentou o embaixador.

Até o momento, não há uma operação em curso para efetuar a prisão, tampouco um mandado de busca. A decisão do STF ocorre após a deputada ser condenada a dez anos de prisão e à perda de mandato na Câmara dos Deputados. A pena foi imposta devido à invasão dos sistemas do Conselho Nacional de Justiça (CNJ), em caso julgado pela Corte.

Pedido de extradição foi aceito por autoridades italianas

O pedido de extradição foi encaminhado pelo Supremo ao Ministério da Justiça e Segurança Pública na terça-feira (11), e posteriormente enviado ao Itamaraty, que repassou o documento à Embaixada do Brasil na Itália. As autoridades judiciais italianas aceitaram o pedido de prisão provisória com base na difusão vermelha da Interpol.

Zambelli, que possui cidadania italiana, deixou o Brasil após a condenação. Inicialmente, viajou para os Estados Unidos e, depois, seguiu para a Itália. A presença da parlamentar em solo europeu motivou reações políticas e diplomáticas.

O deputado italiano Angelo Bonelli, do Partido Europa Verde, intensificou a pressão sobre o governo local para que a parlamentar brasileira seja extraditada. Ele já havia se manifestado anteriormente em favor do retorno de Zambelli ao Brasil.

Em ofício, encaminhado aos ministros italianos dos Negócios Estrangeiros e da Cooperação Internacional, do Interior e da Justiça, Bonelli invocou a legislação do país que prevê a revogação da cidadania para condenados por crimes como tentativa de golpe, incitação à subversão e violação da ordem política e jurídica do Estado. O deputado afirmou que Zambelli se encaixa nesses critérios após sua condenação pelo STF.

“A Itália arrisca se tornar um paraíso para gente condenada. Esperamos uma resposta clara do governo, no sentido de extraditar Carla Zambelli para o Brasil”, escreveu o parlamentar em publicação no X (antigo Twitter).

Presidente da Câmara bloqueia salário da deputada

Também nesta quinta-feira (12), o presidente da Câmara dos Deputados, Hugo Motta (Republicanos-PB), determinou o bloqueio dos salários da deputada licenciada. A medida atendeu a solicitação do ministro Alexandre de Moraes, que também decretou a prisão preventiva da parlamentar após sua saída do Brasil.

A atuação das autoridades brasileiras e italianas segue em curso, com base no acordo de extradição vigente entre os dois países. O caso continua sob responsabilidade do Supremo Tribunal Federal, que aguarda a execução das medidas pelas instâncias italianas.