O deputado federal Eduardo Bolsonaro (PL-SP) formalizou, nesta última quinta-feira (20), um pedido de licença da Câmara dos Deputados por um período de 122 dias. O ofício apresentado pelo parlamentar especifica que dois dias do afastamento serão destinados ao tratamento de saúde, enquanto os 120 dias restantes serão utilizados para tratar de “interesses particulares”. O líder do PL na Câmara, deputado Sóstenes Cavalcante (RJ), confirmou o pedido.

Afastamento e plano de permanência nos Estados Unidos

Atualmente nos Estados Unidos, Eduardo Bolsonaro declarou que sua intenção é atuar contra supostas ameaças à liberdade de expressão no Brasil. Durante uma transmissão ao vivo realizada no aniversário de 70 anos de seu pai, o ex-presidente Jair Bolsonaro, ocorrido na quinta-feira, o deputado afirmou que pretende mobilizar autoridades norte-americanas para agir contra o ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF). O magistrado é relator do processo em que o ex-presidente é denunciado por tentativa de golpe de Estado.

Eduardo anunciou, na última terça-feira (18), que também pretende solicitar asilo político aos Estados Unidos, alegando ser alvo de perseguição judicial no Brasil. O asilo é um mecanismo de proteção concedido a estrangeiros que comprovam estar sob risco iminente em seu país de origem. Em entrevista à CNN, o deputado reforçou que se sente ameaçado por Alexandre de Moraes e pelo Supremo Tribunal Federal.

Implicações do afastamento na Câmara

Com a licença, Eduardo Bolsonaro não receberá o salário de R$ 46 mil correspondente ao período de afastamento. Além disso, de acordo com o regimento da Câmara, a duração superior a 120 dias exige que um suplente assuma temporariamente a cadeira do deputado. O missionário José Olímpio (PL-SP) será convocado para ocupar a vaga.

Críticas ao STF e à Polícia Federal

Eduardo Bolsonaro tem utilizado suas redes sociais para criticar abertamente o Supremo Tribunal Federal e a Polícia Federal, chegando a comparar esta última à Gestapo, a polícia secreta da Alemanha nazista. O parlamentar afirma que o Brasil vive um “período de exceção” e alerta que seu pai corre risco de ser preso e até mesmo de sofrer danos à vida caso seja detido.

“A gente está vendo uma maneira de pressionar Alexandre de Moraes a parar esse pacote de maldades dele. Eu acho que todo mundo já entendeu que no Brasil não existe possibilidade de defesa justa. Pode colocar o Ruy Barbosa para defender o pessoal do 8 de janeiro ou Jair Bolsonaro, que eles já estão condenados”, afirmou o deputado.

O parlamentar também ressaltou que sua estratégia inclui expor as decisões do ministro Moraes internacionalmente, buscando apoio político nos Estados Unidos para pressioná-lo. “Vai ser preciso fazer uma exposição pública do que ele está fazendo, das atrocidades que está cometendo, para causar um constrangimento e, quem sabe até, sanções contra ele. Porque você tem que ir onde está o conforto da pessoa”, declarou.

Jair Bolsonaro chora

Ao comentar o anúncio feito por seu filho, Eduardo, Jair Bolsonaro chorou na terça-feira (18). “Sei que, no momento, ele (Donald Trump) continuará abraçando meu filho como demonstrou na ocasião do CPAC (Conservative Political Action Conference). Quando se dirigiu a ele numa multidão de milhares de pessoas e falou a nosso respeito”, declarou o ex-presidente, ao agradecer Trump por apoiar o filho.

Segundo Bolsonaro, Eduardo está lutando “para combater algo parecido com o nazifascismo que cada vez mais avança em nosso país”.