A Assembleia Legislativa da Bahia (AL-BA) retoma suas atividades em dois turnos a partir desta segunda-feira (3), encerrando o regime especial de turno único adotado durante janeiro. A medida, estabelecida pelo Ato 5.204/2024 do presidente Adolfo Menezes (PSD), permitiu uma economia de aproximadamente R$ 1 milhão, além de viabilizar reformas e manutenções na estrutura do Legislativo.

Assim como a Câmara Municipal de Salvador (CMS), ainda nesta segunda, às 14h30, será realizada a eleição da nova mesa-diretora para o biênio 2025-2027. Com articulações políticas em andamento, Adolfo Menezes é o favorito à reeleição na presidência, enquanto Ivana Bastos (PSD) é o nome de consenso para ocupar a 1ª vice-presidência. A votação será secreta e presencial, utilizando cédulas de papel depositadas em urna, conforme o regimento interno.

Disputa interna e consolidação da chapa

Inicialmente, a disputa pela 1ª vice-presidência envolvia o deputado Rosemberg Pinto (PT), líder do governo na AL-BA. No entanto, para evitar um racha na base governista e preservar a estabilidade política do governador Jerônimo Rodrigues (PT), o petista retirou sua candidatura. Com isso, Ivana Bastos consolidou apoio quase unânime entre os 63 parlamentares, garantindo a continuidade do PSD no comando da Casa Legislativa em caso de eventual impedimento de Menezes.

Nos bastidores, a movimentação também foi influenciada pela recente decisão do PSD de recuar na disputa pela União dos Municípios da Bahia (UPB). Esse acordo fortaleceu a unidade dentro da base aliada e garantiu um cenário mais previsível para a formação da nova mesa-diretora.

Partidos buscam espaço na mesa-diretora

Apesar da aparente harmonia, o PT ainda negocia uma cadeira na composição da mesa-diretora. A sigla busca ocupar a 2ª vice-presidência, atualmente sob comando do deputado Marquinho Viana (PV), mas enfrenta resistências dentro da Federação Brasil da Esperança, composta por PT, PV e PCdoB. Caso não haja acordo, a legenda pode ficar de fora da direção do Legislativo.

Atualmente, além da presidência e 1ª vice-presidência, as demais cadeiras da mesa-diretora incluem a 3ª vice-presidência, que deve ser ocupada pelo deputado Hassan (PP), e a 4ª vice-presidência, que deve permanecer com o Podemos. O cargo de 1º secretário, um dos mais relevantes por sua função administrativa, deve continuar com a oposição, com a indicação do deputado Samuel Júnior (Republicanos). As demais secretarias serão ocupadas por representantes do União Brasil, PL e PCdoB.

Sessão solene e mensagem do governador

Com a eleição concluída, o presidente da AL-BA convocará uma sessão solene para a reabertura dos trabalhos legislativos na quarta-feira (5), às 10 horas. A cerimônia contará com a presença do governador Jerônimo Rodrigues (PT), que fará a leitura da tradicional mensagem ao Parlamento, destacando as realizações do governo no último ano e as metas para 2025.

A solenidade seguirá o protocolo tradicional, com formação de Guarda de Honra pela Polícia Militar da Bahia e recepção oficial ao governador, que será acompanhado pelo presidente da AL-BA e demais lideranças políticas. No plenário, Jerônimo Rodrigues discursará sobre os avanços na gestão e os desafios a serem enfrentados pelo Estado nos próximos meses.

PSD mantém presidência, mas resta saber quem levará a melhor: Adolfo ou Ivana

A eleição da mesa-diretora da Assembleia Legislativa da Bahia reflete um cenário político dinâmico, onde alianças e estratégias partidárias desempenham papel crucial na definição dos rumos do Legislativo baiano. Com a previsível reeleição de Adolfo Menezes e a consolidação de Ivana Bastos na vice-presidência, o PSD mantém protagonismo na Casa, enquanto o PT busca garantir espaço nas instâncias de decisão. 

No entanto, resta saber quem levará a melhor: Adolfo ou Ivana. O atual presidente da Casa pode ser reeleito, mas impedido de assumir o comando, já que seria seu terceiro mandato. Isso contraria a decisão do Supremo Tribunal Federal (STF) que proíbe uma segunda reeleição na presidência de todas as casas legislativas do país. O desfecho dessas articulações políticas terá impacto direto na relação entre Legislativo e Executivo nos próximos 2 anos e, claro, nas eleições em 2026, quando serão escolhidos governador, deputados estaduais e federais, senadores, além do presidente da República.