O advogado de defesa do general Walter Braga Netto, José Luís de Oliveira Lima, declarou, nesta sexta-feira (27), que pedirá uma acareação entre o militar e o tenente-coronel Mauro Cid, ex-ajudante de ordens do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL). A solicitação será apresentada no âmbito das investigações sobre a suposta trama golpista para impedir a posse do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT). A informação é do G1.

No procedimento, Cid e Braga Netto serão colocados frente a frente, onde as versões de cada um serão confrontadas, com o objetivo de identificar a veracidade das informações e esclarecer as contradições.

O general foi preso no dia 7 de dezembro, por sua suposta ligação com a trama golpista que planejava não só impedir a posse de Lula, mas também planejava a morte do então presidente eleito, de seu vice, Geraldo Alckmin (PSB), e do ministro do Supremo Tribunal Federal (STF), Alexandre de Moraes. Além de Braga Netto, também foi indiciado o ex-presidente Bolsonaro e mais 38 pessoas.

Declarações da defesa de Braga Netto

A defesa do general negou categoricamente qualquer envolvimento no planejamento de um golpe de estado. “Eu vou pedir uma acareação. Eu vou pedir uma acareação entre o Braga Netto e o Cid. Eu quero os dois ali um na frente do outro”, disse o advogado.

José Luís de Oliveira criticou ainda a falta de credibilidade do ex-ajudante de ordens de Jair Bolsonaro, que prestou novos depoimentos ao STF. Cid teria apontado Braga Netto como envolvido na tentativa de golpe.

“A delação é um meio de defesa e tem que ser usada com critério, com apresentação de provas e por quem praticou um crime. No caso do general Braga Netto, ele não tem como utilizar deste meio de defesa da delação por um simples motivo: ele não praticou crime algum”, afirmou Oliveira Lima.

Advogado chama Cid de mentiroso

O advogado de defesa chamou Cid de “mentiroso contumaz”. “Como é que pode dar credibilidade a uma fala de um sujeito que mentiu o tempo inteiro e estava desesperado”, criticou Oliveira Lima, que lembrou que Mauro Cid esteve preso por 129 dias e que colaborou com a Justiça após o período de detenção.

“A colaboração premiada do Mauro Cid é uma peça fundamental que faz uma relação a todo relatório da polícia, portanto eu não tenho como entrar num detalhe de uma mensagem que pode estar completamente fora de contexto e aqui fazer uma linha de defesa técnica de uma prova e de um documento que eu não tive nenhum acesso”, falou o defensor.

A Polícia Federal utilizou mensagens trocadas por Braga Netto no WhatsApp para identificar sua suposta participação na trama golpista. Em uma conversa, quatro dias antes do fim do governo Bolsonaro, o general teria prometido um cargo a um indicado “se a gente continuar”.

“O que eu posso dizer a você é que, nos diálogos que tive com Braga Netto, em momento algum ele disse que teve qualquer participação em golpe de estado. […] Nós estamos falando de um general quatro estrelas, homem com 42 anos de serviços prestados ao Exército brasileiro. Portanto, eu não posso acreditar que esse homem não seria sincero e franco comigo”, defendeu o advogado.

Oliveira Lima concluiu afirmando que a prisão de Braga Netto é desprovida de apoio de provas sólidas, e assegurou que o general não cometeu nenhum crime.