Crise política: Gleisi Hoffmann ataca oposição após quitação de dívidas estaduais

Ministra de Relações Institucionais reage a governadores de MG, RJ, GO e RS ao cobrar reconhecimento pela ajuda financeira


Redação
Estadão Conteúdo e Redação 19/03/2025 15:28 • Política
Crise política: Gleisi Hoffmann ataca oposição após quitação de dívidas estaduais - Antonio Cruz/Agência Brasil

A ministra Gleisi Hoffmann (PT), responsável pela articulação política do governo na Secretaria de Relações Institucionais da Presidência da República (SRI), utilizou as redes sociais, nesta última terça-feira (18), para criticar governadores oposicionistas. Sem citar nomes, ela destacou que o governo federal quitou uma dívida bilionária de estados governados por adversários políticos do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) e cobrou reconhecimento pela ajuda financeira.

Os estados beneficiados pela ação federal são Minas Gerais, Rio de Janeiro, Goiás e Rio Grande do Sul, cujos governadores são Romeu Zema (Novo), Cláudio Castro (PL), Ronaldo Caiado (União) e Eduardo Leite (PSDB), respectivamente. Apesar do apoio financeiro da União, a ministra apontou que os gestores desses estados não se manifestaram publicamente sobre a dívida quitada.

Críticas e cobranças de reconhecimento

Por meio de sua conta no X (antigo Twitter), Gleisi Hoffmann lamentou a falta de reconhecimento por parte dos governadores e reforçou que a ação federal deveria ser valorizada.

“Ninguém ouviu, da parte dos governadores desses quatro grandes estados, uma palavra de agradecimento ao presidente Lula nem de esclarecimento à população”, escreveu. “Ao contrário, eles estão entre os que mais atacam o presidente, fazendo oposição sistemática a quem os socorre na hora mais difícil”.

O Ministério da Fazenda anunciou que o governo federal pagou R$ 1,33 bilhão em dívidas de estados. O montante incluiu R$ 854 milhões para Minas Gerais, R$ 320 milhões para o Rio de Janeiro, R$ 76 milhões para Goiás e R$ 73 milhões para o Rio Grande do Sul. Outros estados e municípios também receberam assistência, como o Rio Grande do Norte (R$ 2,8 milhões) e Santanópolis, na Bahia (R$ 74 mil).

Governadores e futuras eleições

Entre os citados, Cláudio Castro é o único sem perspectiva de candidatura presidencial para 2026, podendo disputar uma vaga no Senado. Já Zema, Caiado e Leite são cotados para a corrida presidencial, e Caiado inclusive já tem um evento agendado para o dia 4 de abril, onde deve oficializar sua pré-candidatura.

A quitação das dívidas estaduais acontece quando a União, como garantidora de operações de crédito, é informada pelo Tesouro Nacional de que estados ou municípios não cumpriram com suas obrigações financeiras dentro do prazo. Assim, o governo federal cobre os valores devidos junto aos credores.

Desaprovação no mercado financeiro

Além das tensões com governadores oposicionistas, Gleisi Hoffmann também enfrenta resistência no mercado financeiro. Segundo pesquisa Genial/Quaest, divulgada nesta quarta-feira (19), 90% dos investidores e especialistas do setor consideram um erro a nomeação da ministra para a pasta da articulação política.

O levantamento ouviu 106 gestores, economistas e analistas em São Paulo e no Rio de Janeiro entre os dias 12 e 17 de março. Além da desaprovação da nomeação, 98% dos entrevistados afirmam que a reforma ministerial não resolverá os problemas de governabilidade, e 89% enxergam a iniciativa como uma estratégia para proteger a base do governo, e não para ampliá-la.

Rejeição também entre eleitores

A insatisfação com a ministra não se limita ao mercado financeiro. Pesquisa do Instituto Real Time Big Data, divulgada no último dia 11, revela que 71% dos brasileiros não acreditam que Gleisi Hoffmann contribuirá para melhorar a popularidade do presidente Lula em uma eventual candidatura à reeleição em 2026.

Postura da nova ministra

Diante do cenário político acirrado, a postura da ministra segue gerando reações tanto no meio político quanto no setor econômico e entre eleitores. Com as eleições de 2026 se aproximando, o impacto dessas críticas pode influenciar alianças e estratégias do governo federal para consolidar sua base de apoio.

Gleisi deixou a presidência nacional do PT para assumir, no último dia 10 de março, o Ministério das Relações Institucionais. Desde sua nomeação, havia o receio de que priorizasse a militância em detrimento das atribuições institucionais do cargo. Ao criticar os governadores, ela reforçou essa preocupação, agindo mais como dirigente partidária do que como ministra de Estado.

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