A divisão das comissões temáticas da Câmara dos Deputados está prestes a ser definida até o final desta semana. O presidente da Casa, Hugo Motta (Republicanos-PB), se reunirá com os líderes partidários nesta quinta-feira (13), para ajustar a composição dos colegiados, conforme o tamanho das bancadas. Entre as comissões mais disputadas estão a Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) e a Comissão de Relações Exteriores e Defesa Nacional (Creden).

Em postagem no X (antigo Twitter) na segunda-feira (10), Motta afirmou que passaria a semana “em diálogo com os partidos” para compor e instalar as comissões permanentes.

“Vamos também seguir a pauta da semana mantendo respeito e organização, pois é assim que a Câmara produz mais em favor do povo brasileiro“, disse o presidente.

A definição das comissões é importante para garantir que os partidos controlem áreas estratégicas e possam influenciar nas decisões da Casa. A expectativa é que o acordo seja fechado ainda esta semana, resolvendo as disputas internas entre as siglas.

Disputa pela Presidência da CCJ e outras comissões

A Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) está no centro das disputas. Originalmente, um acordo feito pelo ex-presidente da Câmara, Arthur Lira (PP-AL), estipulou que a presidência da comissão, em 2025, ficaria com o União Brasil ou o MDB.

No entanto, o MDB abriu mão dessa posição para focar na relatoria do Orçamento de 2026, uma função estratégica no Congresso. A disputa pela presidência da CCJ agora envolve o PL e o PP. O PL, com a maior bancada, busca manter o controle da comissão, enquanto o PP tenta garantir seu espaço após a saída de Lira da presidência.

O PL também tem interesse em outras comissões, como a Comissão de Saúde, que atualmente é presidida por Dr. Francisco (PT-PI). O partido busca as emendas parlamentares, enquanto o PT, que tem forte presença na comissão, também briga pelo controle. Caso perca a Comissão de Saúde, o PT deve priorizar a Comissão de Educação ou a Comissão de Fiscalização e Controle (CFFC).

Resistência a Eduardo Bolsonaro

O PL está em disputa também pela Comissão de Relações Exteriores e Defesa Nacional. A sigla deseja indicar Eduardo Bolsonaro (SP), filho do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), para a presidência da comissão. Sóstenes Cavalcante (RJ), líder do PL, anunciou a intenção de indicar o parlamentar para o cargo. No entanto, o PT, por meio de Lindbergh Farias (RJ), já declarou que “vai resistir de todas as formas” à indicação de Eduardo Bolsonaro.

A oposição do PT se baseia nas viagens de Eduardo aos Estados Unidos, onde ele se reuniu com aliados de Donald Trump e fez declarações contra o STF, além de levantar questões sobre a possível fraude nas eleições de 2022.

“É inaceitável que ele (Eduardo Bolsonaro) utilize o parlamento brasileiro para continuar com sua campanha atentatória contra a Justiça brasileira e os interesses nacionais. Nós vamos resistir de todas as formas contra a sua indicação. O que ele tem feito é crime de lesa-pátria, é traição“, afirmou Lindbergh Farias.

Caso a indicação de Eduardo Bolsonaro não seja viável, o PL já tem uma alternativa, considerando a nomeação do deputado Luiz Phillipe de Órleans e Bragança (SP), tetraneto de Dom Pedro II.

Outras disputas

O União Brasil e o Republicanos também estão em disputa por comissões importantes. O Republicanos, partido de Hugo Motta, deseja manter o controle das comissões de Comunicação e Viação e Transportes.

Já o União Brasil busca o comando de Minas e Energia, uma disputa acirrada com o PSD, que é liderado por Antônio Brito (BA), e indicou Diego Andrade (PSD-MG) para a presidência de Minas e Energia e também busca o comando da Comissão de Turismo, apresentando Laura Carneiro (RJ).

O PDT também está se preparando para indicar um nome para presidir uma comissão, mas ainda não definiu qual. A definição do partido será divulgada nos próximos dias.

PSOL e suas prioridades

O PSOL, liderado por Talíria Petrone (RJ), já anunciou que busca presidir as comissões de Legislação Participativa e da Amazônia e dos Povos Originários e Tradicionais. A definição sobre essas comissões será parte das negociações nos próximos dias, à medida que os partidos tentam garantir os postos mais estratégicos.

O PSOL está focado em aumentar sua influência, especialmente nas áreas relacionadas à legislação e aos povos originários. As negociações para essas comissões seguem atentas às movimentações de outros partidos.