O presidente do Progressistas (PP) e senador, Ciro Nogueira (PI), confirmou, nesta terça-feira (14), que conversou por telefone com o deputado Eduardo Bolsonaro (PL-SP) na última segunda-feira (13), e assegurou que o desentendimento entre os dois está resolvido. A disputa havia se intensificado após trocas de críticas públicas nas redes sociais, envolvendo estratégias eleitorais e movimentações políticas nos Estados Unidos.

“Está tudo resolvido e superado. Ficou bem claro que nossos caminhos são diferentes, mas o nosso objetivo é o mesmo, que é ganhar a eleição”, disse Ciro Nogueira ao jornal O Globo.

Embate público e críticas mútuas

O conflito começou no domingo (12), quando Ciro Nogueira afirmou ao programa Canal Livre, da TV Band, que a postura de Eduardo nos Estados Unidos provocou um “prejuízo gigantesco” para o projeto político da direita. O senador citou a atuação do deputado junto a sanções do governo americano contra autoridades brasileiras e ministros do STF, avaliando que isso favoreceu o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT).

Em resposta, Eduardo Bolsonaro usou as redes sociais para dizer que o prejuízo foi “para o seu plano pessoal”. “Não se pode confundir o seu interesse com o do Brasil”, declarou. O deputado também ressaltou estar disposto a sacrificar interesses pessoais pelo país.

Ciro, por sua vez, disse que Eduardo criou uma narrativa equivocada sobre as sanções e que nunca buscou vantagens pessoais. Ele afirmou que se tratou de um “grande prejuízo” político, mas não pessoal.

Ciro pede definição de Bolsonaro e unidade da direita

Ainda no domingo, Ciro Nogueira havia afirmado que solicitou ao ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) que definisse até o fim do ano qual candidato da direita teria seu apoio em 2026. Segundo o senador, Bolsonaro garantiu que fará a escolha “no momento correto”, mas Nogueira reforçou a necessidade de definição ainda neste ano para evitar divisões.

O senador destacou que o campo da direita precisa se unir em torno de um único nome para enfrentar Lula, atualmente favorito à reeleição. “Ninguém vai roubar os eleitores de Lula. A falta de unidade prejudicou a direita em eleições recentes”, afirmou, lembrando disputas como a Prefeitura de São Paulo.

Durante a entrevista, Ciro mencionou o governador Tarcísio de Freitas (Republicanos) como possível candidato bolsonarista. Ele afirmou que Tarcísio será leal a Bolsonaro, mas não subordinado a ele, garantindo equilíbrio interno na campanha.

Debate sobre anistia e votação no Congresso

Ciro Nogueira também defendeu que a proposta de anistia aos envolvidos nos atos de 8 de janeiro seja debatida e votada pelo Congresso Nacional, citando apoio de 40% da população à aplicação da dosimetria em vez da anistia total. Ele destacou que o projeto deve ser construído de forma a evitar questionamentos no STF e que a indefinição sobre o tema prejudica o país.

O relator da representação contra Eduardo Bolsonaro, deputado Delegado Marcelo Freitas (União Brasil-MG), votou pelo arquivamento do pedido de cassação, afirmando que não há comprovação de responsabilidade do parlamentar pelas sanções aplicadas pelos Estados Unidos.