Carla Zambelli condiciona acareação com hacker à autorização do STF para ser realizada por videoconferência
Deputada licenciada é alvo de processo por quebra de decoro na CCJ, enquanto permanece fora do Brasil e sob risco de perder mandato

A defesa da deputada federal licenciada Carla Zambelli (PL-SP) afirmou que a parlamentar só participará da acareação com o hacker Walter Delgatti Neto caso a Comissão de Constituição e Justiça (CCJ), da Câmara dos Deputados, autorize a realização da audiência por videoconferência. Condenada pelo Supremo Tribunal Federal (STF) a 10 anos de prisão, a deputada está na Itália, país que possui cidadania, foragida da justiça.
Segundo o advogado da deputada, Fábio Phelipe Garcia Pagnozzi, a participação presencial está descartada. “Ela não tem como vir para o Brasil agora. Ainda temos um recurso no STF, mas dependemos da decisão da Câmara. Se isso não acontecer, não tem como ela vir. Se vier, será presa”, declarou ao Estadão.
Processo por cassação avança na CCJ da Câmara
Zambelli é alvo de um processo por quebra de decoro parlamentar, cuja análise está sob responsabilidade da CCJ. A comissão deve emitir um parecer sobre a eventual perda de mandato da parlamentar, que será votado em plenário. Para a cassação ser efetivada, são necessários os votos de pelo menos 257 deputados.
O relator do caso, deputado Diego Garcia (Republicanos-PR), afirmou que deve se reunir com o presidente da Câmara, Hugo Motta (Republicanos-PB), e com o presidente da CCJ, Paulo Azi (União-BA), além de líderes partidários, para definir o plano de trabalho e estimar a data de apresentação do parecer. A defesa de Zambelli, por sua vez, já apresentou contestação ao processo e solicitou a acareação entre a deputada e Delgatti como forma de “dirimir eventuais contradições e confrontar as versões apresentadas”.
No mesmo pedido, os advogados questionam a credibilidade do hacker. “Este indivíduo, que já foi qualificado como ‘mitomaníaco’ e ‘mentiroso compulsivo’ pela própria Polícia Federal, demonstrou incapacidade de manter uma narrativa coesa”, afirmou Pagnozzi. Além de Delgatti, a defesa quer ouvir outros nomes, como o ex-ministro da Defesa general Paulo Sérgio Nogueira de Oliveira, o delegado da Polícia Federal Flávio Reis, o assistente técnico da defesa Michel Spiero e Felipe Monteiro, apontado como responsável por embasar as acusações contra a parlamentar.
Imóvel funcional ocupado indevidamente pode gerar cobrança
Além do processo criminal e político, Zambelli também poderá ser cobrada pela ocupação irregular do apartamento funcional que ainda mantém em Brasília. O prazo para devolução do imóvel terminou nesta sexta-feira (5), segundo a Câmara dos Deputados. Caso não haja a entrega, a deputada poderá ter que indenizar a instituição, conforme previsto nas normas da Casa.
De acordo com a assessoria da Câmara, “na hipótese de uso indevido do imóvel, o ocupante deverá indenizar a Câmara. O valor será calculado com base no auxílio-moradia e cobrado proporcionalmente aos dias de ocupação”. A parlamentar oficializou sua licença no dia 5 de junho, com sete dias por motivos de saúde e outros 120 dias por interesse particular — sem direito à remuneração.
Prisão ainda não foi cumprida, e Zambelli segue na Itália
Zambelli deixou o Brasil dias após o ministro Alexandre de Moraes, do STF, determinar sua prisão preventiva. A decisão judicial apontou risco de fuga e foi tomada após a parlamentar ter sido condenada por participação na tentativa de invasão dos sistemas do CNJ, supostamente articulada com o auxílio do hacker Walter Delgatti Neto. Apesar de condenada e procurada pela Interpol, a ordem de prisão ainda não foi cumprida, já que a deputada está em solo italiano, sob proteção de sua cidadania dupla.
Enquanto a tramitação na CCJ avança, a expectativa sobre a possibilidade de uma acareação entre Zambelli e Delgatti permanece em aberto. A decisão sobre o formato da audiência pode ter peso na estratégia da defesa, que tenta ganhar tempo e questionar as provas utilizadas na condenação. Pagnozzi avalia que a sessão poderia ser marcante no Congresso, mas reconhece que dificilmente mudaria o curso do processo: “Acho que daria uma boa mídia, uma boa visibilidade, mas não seria decisivo para se ganhar ou perder alguma coisa lá”, concluiu.
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