O deputado federal Capitão Alden (PL) criticou, na manhã desta segunda-feira (09), a falta de articulação no governo Lula, apontou rombos em estatais como os Correios e atribuiu o aumento da violência na Bahia à “fragilidade” da gestão Jerônimo Rodrigues (PT). Em entrevista à Rádio Mix FM Salvador, ele acusou o presidente de manter um discurso polarizador e comparou Salvador ao Rio de Janeiro em termos de domínio de facções.

Críticas ao governo Lula: ‘Tragédia anunciada”

Durante a entrevista, Capitão Alden classificou o governo Lula como uma “tragédia anunciada” e afirmou que o atual cenário era previsível desde a campanha presidencial. Segundo ele, o ex-presidente Jair Bolsonaro já havia alertado sobre os riscos de uma nova gestão petista no Planalto.

“Inflação nas alturas, 27 aumentos sucessivos de carga tributária. Só se fala em aumento de impostos e arrecadação. Estatais como os Correios estão praticamente falidas, e o déficit acumulado já chega a R$ 2,69 bilhões apenas no primeiro quadrimestre”, critica.

O parlamentar também destacou que, mesmo diante de crises globais como a pandemia de Covid-19 e o aumento do petróleo, o governo Bolsonaro manteve a economia em crescimento. “Mesmo em meio à pandemia, o governo Bolsonaro deu lucro com as estatais e enviou recursos para municípios e estados. Agora, estamos assistindo à derrocada das empresas públicas.”

‘Lula não saiu do palanque’

Para Alden, a falha central do governo Lula está na postura política do presidente, que, segundo ele, ainda atua como se estivesse em campanha. O deputado apontou que Lula se comunica como sindicalista e continua promovendo discursos de polarização, sem apresentar resultados práticos para o país. “Ele fala tanto em união, mas cada discurso reforça a polarização. Coloca patrão contra empregado, ricos contra pobres, negros contra brancos. Um discurso ultrapassado que não constrói nada”, avalia.

Segundo o parlamentar, a comunicação do governo federal é ineficiente porque não há entregas concretas. Ele reforçou que a gestão tem sido marcada por escândalos e desorganização administrativa. “Cada ministro faz o que quer. O próprio Lula já admitiu que fica sabendo de decisões pelos jornais. É uma torre de Babel”, diz.

Rui Costa e Gleisi Hoffmann

A articulação política do governo federal também foi alvo de críticas. Capitão Alden apontou os nomes de Rui Costa, ministro da Casa Civil, e Gleisi Hoffmann, presidente nacional do PT e ministra das Relações Institucionais, como figuras que dificultam o diálogo entre o Planalto e o Congresso Nacional.

“O ministro Rui Costa tem histórico de não dialogar. Quando era governador da Bahia, nunca me recebeu como deputado estadual. Tornava tudo pessoal. E agora, como ministro, nem os colegas de governo conseguem conversar com ele. Isso mostra o tamanho da desorganização”, afirma.

Sobre Gleisi Hoffmann, o parlamentar classificou sua atuação como limitada por discursos voltados apenas para a militância. “Ela continua com uma retórica sindical, sem visão de país. Está presa a discursos da era Karl Marx.”

Rombo no INSS e articulação da oposição

Outro ponto abordado na entrevista foi o escândalo recente envolvendo fraudes no INSS. Capitão Alden disse que o governo tenta transferir a responsabilidade para Bolsonaro, mas ressaltou que as investigações apontam que os problemas vêm desde 2006. “O delegado da Polícia Federal responsável pelas investigações confirmou que os rombos começaram há quase 20 anos. Bolsonaro, ao assumir, adotou medidas para conter as fraudes, como a exigência de autorização expressa dos beneficiários e cruzamento de dados”, explica.

Alden também destacou que a oposição está organizada e se reúne semanalmente com a presença do ex-presidente Bolsonaro para discutir estratégias. “Não precisamos de marqueteiro nem publicidade. Apenas analisamos os fatos e mostramos a verdade ao povo”, afirma.

Críticas ao governo Jerônimo Rodrigues

Além do governo federal, o deputado também direcionou críticas ao governador da Bahia, Jerônimo Rodrigues. Capitão Alden citou o aumento da violência e a fragilidade das forças de segurança pública no estado. “Salvador está virando o novo Rio de Janeiro. Facções dominam bairros inteiros como Valéria, São Caetano, Lobato, Tancredo Neves. O crime se organiza mais rápido que o Estado. E o governo parece não ter resposta”, pontua.

Ele ainda lembrou que há mais de 10 anos já alertava sobre a simbologia usada por criminosos para se identificar e afirmou que hoje há novos sinais, como gestos com as mãos, sendo utilizados de forma aberta nas comunidades.