O prefeito de Salvador, Bruno Reis (União Brasil), voltou a defender, na manhã desta terça-feira (30), que a oposição una forças em torno de uma candidatura única para a Presidência da República nas eleições de 2026. Segundo ele, a estratégia é essencial para evitar disputas internas e fortalecer o bloco contra a possível candidatura à reeleição do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT).

Em conversa com o Portal M!, Bruno destacou que há pelo menos cinco governadores com disposição de disputar o Palácio do Planalto, mas reforçou que a prioridade deve ser construir uma candidatura de consenso, capaz de pacificar o país e gerar estabilidade política e econômica.

“O país precisa de alguém que distensione, pacifique e traga avanços reais para a vida das pessoas”, afirmou durante a entrega da primeira etapa das obras de requalificação da Avenida Dorival Caymmi, no bairro Itapuã.

Tarcísio é citado, mas descarta candidatura

Questionado sobre governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas (Republicanos) entre os nomes que surgem como potenciais candidatos da oposição, Bruno Reis classificou como “um grande nome” da política nacional. A menção reforça a percepção de que o paulista ainda é visto como uma das principais lideranças da oposição, especialmente após a condenação do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) pelo Supremo Tribunal Federal (STF).

No entanto, o próprio Tarcísio tratou de esfriar as especulações. Em declaração feita na segunda-feira (29), após visita a Bolsonaro em Brasília, ele reafirmou que não pretende disputar a presidência em 2026.

“Sou candidato à reeleição em São Paulo, como eu tenho dito. Isso já está claro. Vim aqui fazer uma visita de cortesia, visitar um amigo que foi muito importante na minha história e por quem tenho consideração”, disse.

A fala evidencia uma mudança de postura do governador, que passou a evitar movimentações nacionais e a adotar um discurso de foco exclusivo na gestão estadual.

Mudança de estratégia e bastidores da direita

A decisão de Tarcísio é interpretada como parte de uma estratégia para reduzir sua exposição em meio às críticas internas no campo bolsonarista. Recentemente, o deputado federal licenciado Eduardo Bolsonaro (PL), que está nos Estados Unidos, fez críticas veladas à postura do governador, cobrando alinhamento maior com a direita mais radical.

Nos bastidores, Tarcísio tem sinalizado sua preferência por outro nome. Interlocutores afirmam que ele enxerga no governador do Paraná, Ratinho Júnior (PSD), um perfil capaz de agregar forças dentro da oposição e conquistar o eleitorado moderado. Essa avaliação reforça a percepção de que o governador paulista busca se manter como figura relevante no cenário nacional, mas sem assumir, neste momento, o protagonismo da disputa.

Bruno cobra união contra polarização

Bruno Reis, por sua vez, reforçou que a oposição não pode se dividir em 2026, sob risco de repetir erros de eleições passadas. Para ele, é fundamental apresentar ao eleitor uma alternativa que seja viável desde o primeiro turno, sem dispersar votos em diferentes candidaturas.

“O que depender da gente, do nosso grupo, da União Progressista, é trabalhar para uma candidatura única, com alguém que mude o país para melhor”, disse ao Portal M!.

Sem citar o nome do presidente Lula, o prefeito também criticou o atual governo federal, responsabilizando pelo clima de polarização política e pelas incertezas econômicas. Bruno Reis alertou para o risco de recessão, afirmando que a instabilidade gerada pelas disputas constantes prejudica a confiança do setor produtivo e atrapalha a recuperação do país.

Expectativas para o fim do ano

Apesar do debate antecipado, a avaliação de lideranças da oposição é que a definição sobre a candidatura presidencial só deve ocorrer no final do ano, entre novembro e dezembro, quando o cenário político estiver mais consolidado. Até lá, os governadores e partidos devem intensificar conversas de bastidores e medir forças em torno de nomes capazes de aglutinar a direita e o centro-direita.