O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) deve enviar a diplomata Glivânia Maria de Oliveira, embaixadora do Brasil em Caracas, para representar o país na cerimônia de posse de Nicolás Maduro em seu terceiro mandato como presidente da Venezuela. A informação foi confirmada por fontes do governo federal nesta quinta-feira (2) à GloboNews.

O evento está marcado para o próximo dia 10 de janeiro. No poder desde 2013, Maduro, sucessor de Hugo Chávez, enfrenta acusações de fraude eleitoral por parte da oposição venezuelana, além de críticas de países e organismos internacionais.

Crise política e questionamentos sobre eleições na Venezuela

Desde o início do mandato de Nicolás Maduro, a Venezuela atravessa crises políticas, sociais e econômicas. Embora o Brasil condene as sanções econômicas impostas ao país, o governo brasileiro também tem cobrado maior transparência no processo eleitoral venezuelano.

As relações diplomáticas entre os dois países esfriaram após Lula, seguindo o exemplo de outros líderes internacionais, exigir a divulgação das chamadas atas eleitorais. De acordo com a oposição venezuelana, esses documentos comprovariam a vitória de Edmundo Gonzáles sobre Maduro.

O Conselho Nacional Eleitoral (CNE) da Venezuela declarou Maduro como vencedor, enquanto o Tribunal Supremo de Justiça (TSJ), alinhado ao regime, proibiu a divulgação das atas.

Brasil mantém representação diplomática em Caracas

Apesar de não reconhecer oficialmente a vitória de Nicolás Maduro nem da oposição, o Brasil optou por manter sua embaixada aberta em Caracas e não convocar de volta a embaixadora Glivânia Maria de Oliveira. Esse gesto reforça a intenção de preservar os canais diplomáticos entre os dois países.

Relação entre Lula e Maduro enfrenta desgaste

Aliados históricos, Lula e Maduro enfrentam atualmente um distanciamento nas relações políticas e diplomáticas. Em maio de 2023, durante uma visita oficial de Maduro ao Palácio do Planalto, Lula chegou a afirmar que era um “prazer” recebê-lo e que considerava um “absurdo” que sua legitimidade como presidente fosse questionada.

Na ocasião, Maduro reforçou a parceria entre os dois países, afirmando que “Brasil e Venezuela têm que estar unidos, daqui para frente e para sempre”.

No entanto, as relações começaram a se deteriorar em março deste ano, quando o Itamaraty, com aval de Lula, expressou “preocupação” com o desenrolar das eleições na Venezuela. O processo foi marcado por episódios de inabilitação de candidatos opositores e dificuldades para o registro de candidaturas.

Ruptura de confiança e convocação do embaixador venezuelano

O assessor especial da Presidência para assuntos internacionais, Celso Amorim, declarou que houve uma “quebra de confiança” entre os dois países, após o descumprimento de acordos que previam eleições livres na Venezuela.

Em resposta às declarações de Amorim, o governo venezuelano convocou seu embaixador em Brasília para retornar ao país, alegando interferência por parte do Brasil.

A convocação de um embaixador é um sinal claro, na linguagem diplomática, de descontentamento entre os dois países.