Inelegível e ainda uma figura polarizadora, Jair Bolsonaro (PL) surge como um entrave para os planos de uma frente ampla de centro-direita competitiva em 2026, diz a colunista Andréia Sadi, do G1. Os resultados eleitorais deste domingo (27) reforçam a estratégia de articulação da direita em torno de uma base mais pragmática, enquanto Bolsonaro, embora influente em algumas regiões, tem sido visto por aliados como um custo elevado para a nova disputa presidencial.

Bolsonaro atuou como cabo eleitoral em várias disputas, mas perdeu relevância em São Paulo, onde o prefeito Ricardo Nunes (MDB) foi reeleito com grande apoio do governador Tarcísio de Freitas (Republicanos). Embora Tarcísio, ex-ministro de Bolsonaro, mantenha a postura de exaltar o ex-presidente como potencial candidato em 2026, é sabido que Bolsonaro está inelegível e que até aliados preferem que ele se mantenha fora da disputa, embora não admitam isso publicamente.

Dentro dos bastidores, a direita é vista como um campo diverso, onde a chamada “direita pragmática” emergiu como força dominante nas eleições de 2024, sinalizando que a tendência é reservar os cargos do Congresso para a direita mais radical e lançar uma frente moderada na eleição presidencial. A estratégia inclui atrair partidos que hoje integram a base de Lula, como MDB, PSD e União Brasil, para fortalecer o bloco de centro-direita.

Contudo, a influência de Bolsonaro é percebida como um desafio para essa convergência. Embora ainda relevante em algumas regiões, o custo político da rejeição associada ao ex-presidente é considerado alto demais para o projeto de 2026.

Tarcísio, mesmo em evidência e com postura pragmática, continua reverenciando Bolsonaro, ciente de que a benção do ex-presidente pode ser crucial para qualquer ambição presidencial. Na vitória de Ricardo Nunes, o recado foi de moderação, com o prefeito reeleito afirmando que a direita moderada saiu vitoriosa, apontando o caminho da centro-direita longe do extremismo.

Em meio às articulações, a direita planeja replicar a estratégia de frente ampla usada para eleger Lula, mirando atrair partidos do centrão que ocupam ministérios no governo atual, mas que podem desembarcar em uma perspectiva de poder na centro-direita.