O ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) declarou, nesta quinta-feira (10), que não está interessado na redução de pena para os envolvidos nos atos de 8 de Janeiro, mas sim na anistia ampla, geral e irrestrita. A fala durante participação em evento organizado por um grupo de advogados de direita, críticos da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB) e do Judiciário.

Fala de Fux é vista como abertura no STF

Bolsonaro se referiu ao voto do ministro do Supremo Tribunal Federal (STF), Luiz Fux, no julgamento que o tornou réu por tentativa de golpe de Estado, como um marco na articulação política. Segundo o ex-presidente, o discurso de sua esposa, Michelle Bolsonaro, durante manifestação na Avenida Paulista, em São Paulo, teve impacto sobre o magistrado.

Ao comentar o episódio, Bolsonaro afirmou que a fala de Michelle foi importante para o momento político.

“Agora, tivemos um ponto de inflexão. Enchendo a bola da minha esposa aqui, que falou muito bem na Paulista, dirigindo-se ao ministro Fux. Ali, no meu entender, foi uma fissura que apareceu. Um outro lado que parecia impossível. A modulação não nos interessa. Redução de penas não nos interessa. O que nos interessa, sim, é anistia ampla, geral e irrestrita”, disse Bolsonaro aos convidados.

Anistia volta ao centro das articulações políticas

Durante o almoço, Bolsonaro também afirmou que a bancada do PL está próxima de conseguir o número mínimo de assinaturas para protocolar o requerimento de urgência que permite a votação do projeto de anistia em plenário.

“A bancada do PL está muito próxima, talvez já tenhamos até alcançado”, afirmou.

O deputado Sóstenes Cavalcante (PL-RJ), líder do partido, não divulgou os nomes dos parlamentares que assinaram o requerimento. De acordo com o Placar da Anistia do jornal O Estado de S. Paulo, 200 deputados já se posicionaram favoravelmente à proposta.

Bolsonaro se reúne com presidente da Câmara

Mais cedo, o ex-presidente se reuniu com o deputado Hugo Motta (Republicanos-PB), presidente da Câmara dos Deputados, para tratar da tramitação do projeto. A movimentação visa acelerar o processo legislativo e gerar pressão política para que a pauta entre na agenda do Congresso Nacional.

Críticas ao STF e referência às eleições de 2026

Durante seu discurso, Bolsonaro voltou a criticar o Supremo Tribunal Federal (STF) e alegou que, caso não tivesse deixado o país em 30 de dezembro de 2022, teria sido preso ou morto pela Polícia Federal.

Ao comentar sobre o equilíbrio entre os Poderes, o ex-presidente afirmou que, quando fala mudar o destino do Brasil com 50% da Câmara e 50% do Senado, significa um ambiente sem perseguição.

“Para que, caso necessário, ele possa fazer com que alguém ou outro Poder se rebaixe e se coloque em situação de igualdade com os demais. Somente com esse equilíbrio podemos ter certeza que atingiremos nossos objetivos”, declarou.

Evento reuniu apoiadores e aliados políticos

Além de Bolsonaro, participaram do almoço a deputada federal Bia Kicis (PL-DF), o senador Magno Malta (PL-ES), o ex-ministro do Turismo Gilson Machado (PL-PE) e o desembargador Sebastião Coelho, advogado do ex-assessor Filipe Martins no STF. Durante o encontro, os participantes criticaram o papel da OAB, condenaram decisões do Judiciário e defenderam ações de “resistência” em relação ao Supremo.